A chegada dos carros chineses à Europa é uma realidade. Com ou sem impostos, esses veículos chegarão às estradas europeias por vários motivos. Eles são competitivos, atraentes e têm o objetivo claro de seduzir motoristas fora da China. Além disso, o forte apoio do governo chinês permite que eles ofereçam produtos novos com mais frequência. Mas nem tudo é perfeito para essas marcas.
A imagem da China e de seus produtos ainda é um problema na Europa e, especialmente, nos EUA. Depois de produzir cópias de baixa qualidade de produtos ocidentais por muitos anos, as fabricantes chineses agora estão tentando conquistar uma fatia dos mercados ocidentais com produtos de alta qualidade. Entretanto, muitos consumidores ainda estão relutantes porque associam a China à baixa qualidade.
Há tantas marcas da China que é impossível fazer uma avaliação geral. No entanto, há participantes com intenções claras no exterior. A questão é como eles procederão com seus planos de expansão global. Enquanto alguns confiam em seu próprio know-how para exportar seus carros (a BYD é um deles), outros escondem sua verdadeira identidade criando novas marcas exclusivamente para os mercados ocidentais.
Uma delas é a DR Automobiles e suas submarcas EVO, Tiger, ICH-X e Sportequipe. Seus produtos não são diferentes dos modelos da Chery, BAIC e JAC. Entretanto, para a maioria do público, esses são carros italianos ou não-chineses. A operação de rebadge permite que essas marcas chinesas evitem problemas de percepção negativa e ganhem terreno mais facilmente em mercados como a Itália e a Espanha. Em 2023, as marcas da DR Automobiles registraram mais de 34.000 unidades, principalmente na Itália e na Espanha. A Caoa Chery fez algo próximo disso, colocando o nome do grupo brasileiro junto com o da fabricante.
Em 2023, a DR Automobiles era a segunda maior fabricante chinesa na Europa, atrás apenas da MG. Essa última é outro exemplo da China se escondendo atrás de uma marca ocidental. Embora tenha começado como uma marca britânica há 100 anos, a MG foi adquirida pela SAIC da China em 2007 e, desde então, tem veículos totalmente projetados, planejados e fabricados na China.
No entanto, a MG usa seu passado britânico para atrair clientes em todo o mundo. No ano passado, essa marca vendeu 840.000 veículos novos em todo o mundo, dos quais 248.000 unidades foram registradas na Europa. É, de longe, a marca chinesa mais vendida na região e responde por cerca de 70% de todos os carros chineses vendidos na Europa. Teria sido tão bem-sucedida se tivesse um nome chinês? Na verdade, a MG é extremamente impopular na China, basicamente porque é considerada uma marca estrangeira.
Recentemente, a Cirelli Motor Company começou a vender carros na Itália com os nomes Dongfeng, BAIC, Seres e FAW. No primeiro trimestre deste ano, 25 unidades foram registradas na Itália.
A EMC, que significa Eurasia Motor Company, oferece dois SUVs da Geely e da Chery e um hatchback da Yudo. Em seguida, há a Elaris, que rebatiza os produtos da Hycan, AION e Skywell.
Por fim, fabricantes de automóveis como a Chery acabaram de criar suas próprias marcas para mercados estrangeiros. A Jaecoo e a Omoda são duas delas, e seu único objetivo é vender produtos da Chery no exterior sem serem reconhecidas como marcas chinesas. A Omoda, por exemplo, registrou 330 unidades de seu primeiro SUV na Europa até março. As duas marcas chegarão ao Brasil a partir de agosto. A Lynk & Co é outra marca com um nome em inglês que tem como objetivo conquistar uma fatia do mercado. Será que essa estratégia funcionará?
Europa 1º trimestre de 2024 | |
MG | 58.524 |
BYD | 7.602 |
DR Automóveis | 5.922 |
Lynk & Co | 1.711 |
GWM | 1.121 |
Xpeng | 1.036 |
Zeekr | 466 |
Nio | 401 |
Maxus | 338 |
Omoda | 330 |
EMC | 313 |
Sportequipe | 301 |
DFSK | 282 |
Ayways | 192 |
Pequim | 165 |
Leapmotor | 152 |
Hongqi |
112 |
Geely |
93 |
Jac |
88 |
Forthing |
66 |
O autor do artigo, Felipe Munoz, é especialista no setor automotivo da JATO Dynamics.
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