Os fabricantes reclamam por um programa para o setor automobilístico que seja perene, para que haja uma certa previsibilidade, o que é fundamental para o planejamento e o investimento dos negócios, uma garantia de que as regras não serão alteradas no meio do processo.
Mas quando se sentem ameaçados, apelam para o governo, para a taxação dos concorrentes. O argumento é a necessidade de manutenção dos empregos no Brasil, contra os importados.
JAC J3, "símbolo" da primeira invasão chinesa que não se concretizou
Em 2011, preocupados com o investimento da JAC no Brasil, os fabricantes criaram a chamada “Invasão Chinesa” e com isso conseguiram do governo a taxação de 30 pontos percentuais para os importados, o que inviabilizou os negócios da JAC e das demais marcas chinesas que atuavam no Brasil, embora a invasão chinesa tenha sido uma falácia, já que todas as suas vendas no Brasil eram irrisórias.
Lifan 530 foi uma das vítimas do Super IPI
Agora a história se repete: a Anfavea quer a taxação dos elétricos, de olho nos chineses, que chegam ao Brasil com alta tecnologia e preços competitivos, fazendo com que os concorrentes importados pelas marcas com fábricas no Brasil tenham que reduzir os preços para enfrentar os chineses.
Veículos importados da GWM viabilizam investimento em fábrica no Brasil
Ou seja, os fabricantes passam por cima da tal previsibilidade que tanto reclamam: as duas marcas que mais vendem elétricos no Brasil, BYD e GWM, investiram sob a legislação de taxa zero, mas se a demanda da Anfavea for atendida pelo governo (e será!) os chineses sofrerão com a falta da previsibilidade. Lembrando que ambas as marcas estão investindo na produção local.
BYD também terá fábrica no Brasil, mas antes importados
Márcio Lima Leite, no entanto, diz que a demanda dos fabricantes, hoje é da “recomposição de tarifa”, o que é bem diferente, segundo o presidente da Anfavea, do que aconteceu em 2011, com o programa Inovar Auto.
“No Inovar Auto houve uma tarifa adicional; o queremos hoje é que haja a recomposição de tarifa, que foi reduzida a zero. Agora queremos a sua recomposição”, disse Márcio Lima Leite durante a coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira (6/10/23).
“O importante é que haja produção local – argumenta o dirigente – por isso, na mesma forma que o carro a combustão é tributado, o elétrico também deve ser. Se deixarmos a tarifa aberta, não vamos conseguir trazer essa tecnologia ao Brasil”.
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