O medo é reduzir a margem de lucro, já que a chegada dos chineses fez as montadoras (que também não pagam II) baixar os preços. Uma parte dos fabricantes de veículos estão se posicionando contra a isenção de imposto importação para carro elétrico, benefício dado pelo governo para veículos de poluição zero, com o objetivo de reduzir as emissões de poluentes e do aquecimento do Planeta.
Como se vê, a luta contra os impostos, um mantra da indústria desde sempre, só serve para benefício próprio. Para os inimigos, a (pior) lei! O argumento da indústria é que, com a isenção, os carros elétricos estariam tendo um subsídio de 35%, que é a alíquota de importação a carros de passeio. E que esse incentivo desestimularia o investimento na produção de carro elétrico no Brasil.
Ora, se não fosse esse incentivo o brasileiro jamais teria contato com a tecnologia que já domina os mercados da Europa e do Oriente e que avança a passos largos nos Estados Unidos e até em países menos importantes do ponto de vista do setor automobilístico.
Ou uma participação de 0,4% do carro elétrico no mercado brasileiro pode ameaçar os negócios das montadoras presentes no território nacional?
Pouco provável, pois foram vendidas apenas 8,4 mil unidades de carros elétricos no ano passado, quando o mercado total quase bateu nos dois milhões de carros. Outro argumento é que as vendas residuais são insignificantes para representar um impacto importante no combate aas emissões.
Se é uma frota insignificante para argumentar a redução das emissões e contribuir com a sustentabilidade climática, não deveria ser também tão irrelevante que não haveria necessidade de as montadoras reclamarem aumento e imposição de impostos para esses veículos?
Além disso, os fabricantes também se beneficiam dessa isenção. Pelo menos oito montadoras vendem no Brasil modelos 100% elétricos trazidos de suas matrizes, numa grande oportunidade de mostrar aos seus clientes a tecnologia elétrica que dominam em seus países de origem e que poderá ser trazida para o Brasil.
A isenção não vai durar pra sempre. O fabricante que desejar produzir aqui carros elétricos, ou seja, quando decidir produzir aqui carros com a mesma tecnologia que produz em suas matrizes, aí sim, deverá ter o apoio do governo. Por enquanto, que venham os importados.
A preocupação das montadoras é com a redução da margem de lucro, necessária para disputar o mercado com os chineses. Com o lançamento dos carros de entrada da BYD e da GWM, os elétricos vendidos pelos fabricantes instalados no Brasil (que também são isentos da taxa de importação), ficaram até R$ 40 mil mais baratos, revelando a margem do Lucro Brasil praticado.
Publicamos recentemente a queda de preços de alguns modelos elétricos em consequência da chegada dos chineses e você conferir aqui.
Joel Leite é jornalista e diretor da Agência AutoInforme
RECOMENDADO PARA VOCÊ
VW superou Fiat nas vendas de Abril; Caoa Chery aparece na 10ª posição
Reino Unido: Kia Sportage cada vez mais próximo da liderança anual
Fabricantes fazem "guerra preventiva" contra chinesas
Fiat Mobi alcança 600 mil unidades produzidas em quase 9 anos de mercado
Carro elétrico ficou mais barato, mas quem comprou, perdeu
VW revela novo Tiguan 2025 nos EUA e adianta SUV que pode vir ao Brasil
Quer apostar? Híbridos vão depreciar mais que elétricos daqui a 10 anos