Primeiras impressões BMW F 900 R: algo diferente entre as esportivas

Em meados de novembro, a BMW Motorrad do Brasil confirmou que nacionalizaria a F 900 R, moto apresentada na Europa em 2019 e que ainda não estava por aqui. Montada em Manaus (AM), a novidade começou a sair da linha de montagem no final daquele mês, sendo que as primeiras motos devem chegar às lojas da marca em janeiro do ano que vem.

A BMW finalmente revelou os preços para as duas configurações que oferecerá no mercado brasileiro. O modelo base será a F 900 R Sport 2023 e está custando R$ 64.900, enquanto a F 900 R Sport+ será a o topo de linha com mais equipamentos de série e sairá por R$ 73.500. A versão de entrada está mais cara que uma Yamaha MT-09 e na mesma faixa de preços de uma Kawasaki Z900. E nós do Motor1.com já tivemos a oportunidade de ver como a BMW F 900 R 2023 nacional anda.

O que a BMW F 900 R 2023 oferece de série

A BMW F 900R 2023 conta com um motor de bicilíndrico de 895 cm3 de capacidade, arrefecimento a líquido e 8 válvulas. Ele entrega 85 cv de potência a 8.500 rpm e 8,8 kgfm de torque a 6.750 rpm. A esportiva sem carenagens ainda traz entre os itens de série ajustes de pré-carga e de retorno do amortecedor traseiro, além de ajustes dos manetes de freio e embreagem. O câmbio tem 6 velocidades e transmissão final por corrente.

A suspensão dianteira tem garfo invertido e amortecedor único na traseira. O curso, respectivamente, é de 135 mm e de 142 mm. Os freios trazem disco duplo com pinças Brembo na dianteira e disco simples na traseira. A BMW não informou os dados das rodas e pneus, mas fica o destaque para as válvulas de ar, instaladas nos raios das rodas para facilitar a calibragem.

Nas medidas, a moto tem 2.140 mm de comprimento, 1.820 mm de entre-eixos, 815 mm de largura, 1.130 mm de altura e o assento está a 815 mm o solo. O peso declarado em ordem de marcha para a BMW F 900 R 2023 é de 211 kg, sendo que o tanque acomoda até 13 litros de combustível (3,5 litros de reserva).

Em termos de tecnologia, as duas versões da F 900 R do modelo dispõem de computador de bordo, conector USB e um painel digital com tela TFT colorida de 6,5 polegadas e personalizável (a mesma da S 1000 RR). A conexão com o smartphone via Bluetooth para navegação é possível com uso do aplicativo BMW Motorrad Connected. Ligações e reprodução de música também podem acontecer caso se use um capacete com sistema de comunicação BMW Motorrad. A F 900 R, ainda conta com iluminação completa por lâmpadas de LED e dois modos de pilotagem: rain (chuva) e road (estrada).

Já versão Sport+ da F 900 R acrescenta ainda controle de tração, controle dinâmico de freio motor, chave presencial, assistente de troca de marchas e mais dois modos de pilotagem: dynamic e dynamic pro. Ainda são de série preparação para GPS, ABS pro, monitoramento de pressão dos pneus, controle de velocidade de cruzeiro e aerofólio inferior. Na parte estética, a Sport+ também traz rodas pretas e acabamento dourado para o garfo dianteiro.

Custo Brasil é de 20 cv

Quando falamos que as regras de emissões de poluentes e ruídos no Brasil chegam a ser mais restritivas que as da Europa, não estamos brincando. E a BMW F 900 R foi a mais recente vítima disso. Na Europa, a moto entrega um pouco mais de torque (9,4 kgfm) e 105 cv de potência. No entanto, os números nacionais para o mesmo propulsor são bem menores para a potência.

Então, o que aconteceu? Segundo a BMW, a F 900 R europeia não passa nas regras de emissões de ruídos por aqui. Ao invés de retrabalharem itens como caixa de ar e escapamento, a empresa optou por recalibrar a central eletrônica de controle do motor, resultando na perda de potência.

O que BMW não falou é que o acerto utilizado aqui também existe na Europa. Ele é oferecido para quem tem habilitação A2 em Portugal, que tem limitação de potência de acordo com o nível da carta. Tal acerto lá entrega 95 cv e exatamente o mesmo torque de 8,8 kgfm com o mesmo pico de entrega.

Só que a perda de potência acabou gerando a necessidade de se fazer mais alterações para compensar os 20 cv e 1,2 kgfm de torque a menos que o modelo original europeu. Para isso, a moto utiliza uma coroa traseira com 2 dentes a mais. Esse artifício é antigo, mas eficiente, pois efetivamente encurta a relação final de câmbio.

Se virando bem

O contanto com a nova BMW F 900 R 2023 nacional foi curto e limitado a uma das pistas do Circuito Panamericano, no interior paulista. Para complicar a situação, a região estava sendo castigada por chuvas fortes há alguns dias. Então não foi a oportunidade certa para tentar tirar o máximo do conjunto da moto.

O que dá para dizer é algo que a própria BMW comentou diversas vezes. A entrega de torque ocorre muito cedo na comparação com esportivas de mesma cilindrada. Já a partir de 4.000 rpm, a F 900 R já responde rápido. Ainda que usando a moto com o modo Rain (chuva), que ameniza a resposta do acelerador, você sente o "soco" do propulsor nas trocas de marchas para cima. 

Apesar da aparência larga na dianteira, a F 900 R acomoda o condutor bem, com um encaixe que projeta o corpo para a frente e dá uma sensação melhor de controle maior, com mudanças de direção ágeis. Também fica o destaque para os freios. Firmes no acionamento e com respostas rápidas, era possível frear a 180 km/h no final da reta na marca de 100 metros para a curva com muita tranquilidade.

Falando francamente, o contato com a nova BMW F 900 R 2023 foi muito curto para tirar qualquer conclusão a respeito da moto. O que deu pra ver é que a moto apostará no preço competitivo e uma entrega de torque que facilita o uso diário para compensar a perda de potência que ocorreu por conta do mercado brasileiro.

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