O XC90 inaugurou uma nova era para a Volvo nesta segunda e atual geração, nascida em 2015. Foi o primeiro modelo a ser apresentado depois da compra pela Geely em 2010, que já deu ao mercado uma nova plataforma dedicada, a SPA, de Scalable Product Architecture, e que está até hoje sobre os maiores modelos tanto da Volvo quanto de outras marcas do grupo, como a Polestar.
Por isso que a Volvo não poderia errar com o EX90. Como o XC90 fez há alguns anos, o EX90 apresenta ao mundo o que a Volvo fará em seus carros nos próximos anos – e importante componente da estratégia da empresa de vender apenas carros elétricos a partir de 2030, com lançamentos anuais até lá. Uma nova plataforma, uma nova linguagem de design, novas tecnologias de condução e segurança e de conectividade. Só pessoalmente para ver cada detalhe o EX90, e foi isso que fizemos na Suécia.
Plataforma SPA2
A indústria automotiva está bastante dedicada ao desenvolvimento dos carros elétricos. A engenharia não é mais apenas mecânica, mas passa por engenheiros de software e hardware e chegamos a uma turma que é bastante cobrada, que cuida da parte de motores elétricos e baterias. E estão cada vez mais avançados.
O Volvo EX90 estreia a plataforma SPA2, a evolução da SPA totalmente desenvolvida para ser 100% elétrica. Não existe qualquer previsão de se colocar um motor a combustão aqui, já que essa parte ainda é de responsabilidade do XC90 por alguns anos. Nesta apresentação, o EX90 foi mostrado no que será sua configuração topo de linha, com dois motores elétricos que, juntos, produzem 517 cv e 92,8 kgfm de torque, mas Björn Annwall, CCO da Volvo Cars global, disse em entrevista ao Motor1.com que terão outras configurações de motores e de baterias.
Conjunto de baterias do Volvo EX90
Falando em baterias, o Volvo EX90 se coloca entre os poucos modelos que carregam um conjunto com mais de 100 kWh no mundo. No assoalho, a bateria fornecida pela chinesa CATL tem 111 kWh, mas ainda não foram divulgados dados como a capacidade bruta ou útil, peso ou quantidade de células, algo que será feito no futuro com mais detalhes. A marca fará suas próprias baterias a partir de 2025.
O EX90 ainda está em processo de homologação, mas a Volvo já fala em uma autonomia de até 600 km nesta versão com dois motores e baterias de 111 kWh, com recarga de 10 a 80% em 30 minutos, dependendo do carregador – a potência máxima de recarga do Volvo também ainda não foi divulgada. Outro ponto interessante é que o EX90 está preparado para o carregamento bidirecional, ou seja, ele pode fornecer energia para outro Volvo e até mesmo para uma casa que esteja preparada para isso. Um powerbank gigante e bem caro.
Uma questão que muito se levanta na produção de um carro, principalmente elétrico, é a sua produção. Afinal, ele chega como uma opção mais limpa para o meio-ambiente, porém sua produção ainda utiliza muito recurso. Já vimos isso no BMW iX e o EX90 vai quase no mesmo caminho. O SUV usa 15% de aço reciclado, 25% de alumínio reaproveitado e 48 kg de plásticos e materiais de origem natural, ou 15% do plástico do carro todo.
Sobre essa plataforma, um dos carros mais bonitos que a Volvo já fez. Ainda sabemos que é um SUV da linha 90 pelo formato geral do EX90, mas a equipe de design se dedicou a dar um toque futurista sem exageros que vemos nos últimos tempos em diversas outras montadoras premium. A sobriedade sueca cruzou com linhas suaves e detalhes interessantes espalhados no exterior e interior do Volvo.
A dianteira nem se deu ao trabalho de pensar em uma grade. Apenas a abertura inferior, que abre e fecha dependendo da necessidade, é capaz de resfriar baterias e sistema de ar-condicionado, por exemplo. O restante é limpo, com o logo da Volvo destacado ao centro. Acompanha belos faróis que se abrem para os projetores de farol baixo e alto aparecerem e trabalharem. É uma evolução do "Martelo de Tor" que a Volvo usa hoje.
A lateral é limpa, com um vinco inferior nas portas e maçanetas retráteis que se apresentam ao se aproximar do carro com a chave - ou um smartphone que pode ser utilizado como chave, outra novidade do EX90 dentro da Volvo. Os retrovisores tem espelhos de borda infinita, um charme. As portas tem fechamento por sucção, sem a necessidade daquela batida forte ao sair ou entrar no carro.
A traseira tem as lanternas em formato "C" com duas faixas em LEDs subindo pela coluna, que pessoalmente é bem mais bonito que pelas fotos. A placa traseira foi para o parachoque, deixando uma tampa limpa, com um rebaixo para o escrito Volvo. No teto, o teto-solar panorâmico e um detalhes que já te conto a função.
Você pode não gostar, mas pessoalmente o design do EX90 é espetacular. Até mesmo aquele "calombo" no teto, que passa quase despercebido no conjunto. E sua função é, literalmente, vital. É um conjunto de lidar, ou um radar a laser, bem mais preciso que um radar comum. Ele trabalha em conjunto com câmeras e radares para ler até pequenos objetos a 250 metros adiante do EX90, prevendo o que acontecer com uma velocidade única. Um sistema alimentado pelas plataformas NVIDIA DRIVE Xavier e Orin, plataformas Snapdragon® Cockpit da Qualcomm Technologies e software desenvolvido pela Volvo tornam o EX90 um dos carros mais seguros do mundo.
Esse software será atualizado conforme aprende com os humanos com o tempo, tudo over-the-air, como os XC40 e C40 fazem no Brasil. Trabalhará também na parte de conforto e gerenciamento de baterias, não apenas em segurança. O EX90 está pronto para ser completamente autônomo, mas a Volvo ainda não prevê uma data para ele realmente estar sozinho pelas ruas. Isso ainda demorará mais uns 3 a 4 anos.
Mas, particularmente, o que mais gostei no Volvo EX90 foi o interior. Sem o exagero de telas que tanto vemos nos últimos tempos, segue a linguagem exterior e tem a sobriedade e cuidado suecos. A tela de 14,3" central tem o novo software desenvolvido pelo Google para a Volvo. Aplicativos são baixados pelo 5G, mas também há Apple CarPlay e Android Auto sem fios, com um carregador por indução disponível.
O painel de instrumentos é uma pequena tela de alta definição que mostra apenas as informações necessárias, seja de assistente de condução, velocidade e consumo/nível de baterias. O novo volante tem funções conforme a necessidade do motorista. O seletor de marchas foi para a coluna de direção, abrindo espaço para o console central que tem apenas o controle de volume do sistema de som. Ar-condicionado e funções do carro estão na multimídia do Volvo. Nas portas, maçaneta embutida e, nos bancos, parte do sistema de som Bang&Olufsen.
A Volvo já confirmou a chegada do EX90 no Brasil no primeiro trimestre de 2024. A produção será nos Estados Unidos, mas a fábrica na China também abastecerá alguns mercados, principalmente na Europa. Acima do XC90, de mais de R$ 500 mil, podemos esperar um EX90 na faixa dos R$ 700 mil, se nada mudar até seu lançamento. É um belo carro e nos dita o que veremos nos próximos anos na Volvo, a começar por um novo SUV abaixo do XC40 e a versão 100% elétrica do XC60.
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