Carros sempre foram algo importante para os italianos, visto o histórico do país com diversas fabricantes, principalmente com a Ferrari. A marca é um símbolo do país e motivo de muito orgulho. Isto é ainda mais forte com o esportivo que foi desenvolvido e construído para ser o melhor que a empresa já fez, celebrando os 40 anos da companhia: a Ferrari F40.
Quase no final de agosto, uma notícia mexeu com o país. Faleceu Nicola Materazzi, considerado o pai não só da Ferrari F40 como de outros esportivos importantes de outras marcas. Materazzi tinha 83 anos.
Nascido em Salermo, mais precisamente no pequeno vilarejo de Caselle in Pittari, Materazzi logo começou a desenvolver e construir seus próprios karts quando tinha 19 anos. Pouco depois, mudou-se para Nápoles, onde estudou Engenharia Mecânica na Universidade Federico II.
Seu primeiro trabalho foi em 1964, quando virou estagiário na Mobil, lidando com química de combustíveis pela primeira vez. Em 1968, foi para Turim para preencher a vaga de especialista em cálculos de chassi, suspensão e direção. Durante estes anos, trabalhou no projeto do lendário Lancia Stratos de rally.
Durante a década de 1970, tornou-se supervisor e chefe de design de diversos motores, primeiro pela Lancia, depois pela Abarth e, enfim, pela Ferrari. Foi o responsável pelos motores dos carros mais famosos das três marcas, todos com algo em comum: todos sobrealimentados por meio de uma turbina.
Entrou na fabricante de Maranello em 1979, atendendo uma chamada direta de Enzo Ferrari, que o conhecia por nome por causa do trabalho que fez anos antes no Stratos. O fato de receber um convite do próprio "Il Commendatore" da Ferrari mostra como era um profissional ímpar.
Durante estes anos, o engenheiro focou em um objetivo em particular: fazer motores com supercharged, que na época ainda eram novidade e não muito confáveis. A aplicação de uma turbina em um motor de produção era, na verdade, bem complicada e, em alguns casos, Materazzi precisou redesenhar o bloco do zero. Este foi o caso, por exemplo, do motor usado pela Ferrari 288 GTO, que foi revelada no Salão de Genebra (Suíça) em 1984.
Pouco depois começa o projeto de um dos carros italianos mais famosos de todos os tempos, a Ferrari F40, que teve uma série de dificuldades. Neste mesmo período, a Alfa Romeo estava trabalhando no futuro 164 e o Grupo Fiat pediu que as apresentações tivessem um bom intervalo de tempo. A Ferrari então pediu que Materazzi reduzisse o tempo de desenvolvimento, o que forçou o italiano a trabalhar sem parar nos fins de semana e feriados. Após muito esforço, a F40 foi apresentada em julho de 1987 e o resto é história.
No final de 1987, Materazzi decide deixar a Ferrari e, consequentemente, o Grupo Fiat, por culpa de divergências com seus chefes. Foi parar na Cagiva, fabricante de motos, depois de um convite feito pelo CEO Claudio Castiglioni, tornando-se o diretor técnico e de esporte do departamento de corridas. Ficou na empresa até 1991.
No mesmo ano, foi a vez de Romano Artioli, chefe da Bugatti Automobili (que acabava de ser recriada), chamar Materazzi para cuidar de um projeto inovador que já havia sido iniciado pelo engenheiro Stanzani. Tratava-se de um hipercarro, talvez o primeiro da históira moderna, com um poderoso motor turbo e uma aerodinâmica única. Seria construído em uma fábrica ecológica, quase toda iluminada com luz natural. Foi a origem do EB110.
Antes de mais nada, Materazzi resolveu todos os problemas de confiabilidade do motor do projeto original, depois criando uma segunda versão especial, mais potente e que chegava a 340 km/h, o EB110 SS.
Nos anos seguintes, o engenheiro cuidou de outros projetos interessantes para o automobilismo, como o B Engineering Edonis, um modelo criado à partir do EB110 e que teria somente 21 unidades produzidas. Foi seu último trabalho antes de aposentar em 2005.
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