O Brasil é um dos poucos países onde a Porsche atua em que o 911 vende mais do que outros, como Panamera e Cayenne. Nosso mercado aceitou bem a geração 992 do tradicional esportivo que, inclusive, é o mais vendido da sua categoria até o momento - até setembro, foram emplacados 440 unidades do 911, enquanto o Ford Mustang o vê de longe, com 273 unidades. Dentro de casa, só não vende mais que o Macan, um SUV mais barato com 831 unidades.
E o 911 GTS é uma versão interessante. Dentro da família Carrera, é o topo de linha, pegando um pouco dos Turbo para si, mas é a opção aos que querem mais que os Carrera e Carrera S, mas não querem (ou podem) pagar os certa de R$ 400 mil a mais por um 911 Turbo. E mesmo assim, já são 480 cv para te divertir.
A base do 911 Carrera GTS é...o 911 Carrera. A geração 922 já nos deu um 911 afiado desde as versões mais "básicas", então não temos nada o que reclamar se o GTS usa o Carrera como sua base ao mesmo tempo em que recebe itens da prateleira para melhorar ainda mais sua dinâmica para um cliente que irá usá-lo tanto nas ruas quanto nas pistas - ou ir para um autódromo e voltar dirigindo, normalmente.
O 911 GTS usa o motor 3.0, boxer de 6-cilindros, biturbo. Com uma reprogramação do controle do turbo e alimentação, tem 480 cv e 58,1 kgfm de torque, 30 cv e 4,1 kgfm a mais que um Carrera S, que usa o mesmo motor. O câmbio é o sempre elogiável PDK, de dupla embreagem, de 8 marchas, aqui com tração traseira - há a opção de tração integral.
Rodas e freios são "doados" pelo 911 Turbo S, provavelmente a melhor parte do GTS!
Com mais potência, o GTS recebe freios vindos do 911 Turbo, que tem 580 cv, que em conjunto também pega as rodas de 20/21" com cubo rápido do Turbo S. A suspensão também pega componentes do Turbo com alguns ajustes pro GTS, além do Porsche Active Suspension Management (PASM), que reduz a altura em 10 mm. Na traseira, molas auxiliares tem a função de ajudar a segurar a carroceria em altas velocidades.
Este belo 911 GTS das fotos não é como você normalmente o verá pelas ruas. O GTS recebe itens visual exclusivos, do kit Sport Design e itens como faróis e lanternas escurecidos e detalhes em preto brilhante em diversos pontos. Porém este carro está com o (belo, muito belo) Aerokit, um pacote opcional que dá a ele parachoques exclusivos e uma nada discreta asa traseira que casam tão bem com ele que deveria ser um item de série - custa R$ 35.547 quando em preto, uma pechincha. Como sempre, um Porsche é altamente customizável. Na carroceria, o belo tom Giz, outro opcional de R$ 20.781.
Por baixo dessa sujeira, muita diversão...
Tive a oportunidade de conhecer o 911 GTS durante uma viagem para a Itália, onde dirigi o espetacular GTS Targa 4 com câmbio manual nas ruas e o 4 GTS PDK no Autódromo de Vallelunga, uma experiência incrível. E essa chance de ter o Carrera GTS no Brasil nas ruas só complementou o que eu já achava: é a versão mais legal do 911 992.
Tudo bem, o GTS não é o mais potente, já que um Turbo S chega aos 650 cv, ou 170 cv extras. Mas este aqui parece ser mais preparado para um dia na pista, pois a própria Porsche tirou (isso mesmo, tirou) material de isolamento acústico para te dar mais ronco dentro do carro, aquele convite para acelerar mais e mais e ouvir o característico som do boxer biturbo. O sistema de escape ativo também está nesse jogo.
É mais potente que o Carrera e Carrera S, o que por si só já joga a seu favor. Esta geração de motores turbo do 911 992 é elástica, com torque em baixas mas sem dever em altas rotações, com o PDK fazendo as trocas calmas e suaves quando em uso comum, algumas vezes ignorando que o 911 é um esportivo. O GTS é mais firme, menos "diário" que os Carrera ou até mesmo os Turbo, mas nada impossível de sobreviver, como o GT3, este sim um racecar emplacado.
E justamente por não ser o mais potente que o 911 GTS é um dos mais legais. O conjunto dos 480 cv com uma suspensão e freios para versões bem mais fortes deu ao GTS um equilíbrio que permite explorar mais o que essa base oferece. É como se sobrasse carro para a força, que não é pouca, com limites ainda mais além do que temos em um Carrera ou Carrera S, que já são muito além da capacidade e coragem de muitos motoristas por aí.
O motor mais presente em posição traseira-central rosna bonito no controle de largada. Mesmo com tração apenas traseira, o GTS arranca sem brigar com pneus e crava um 0 a 100 km/h em 3,3 segundos em nosso teste - o declarado é 3,4 segundos. As retomadas na faixa dos 2 segundos mostram a velocidade do PDK e o quanto esse motor respira em altas rotações e parece até pedir mais.
O 911 GTS tem detalhes no interior em RaceTex, como volante e bancos, que ainda podem ser em concha como opcionais. Para quem procura conforto, sistema multimídia com espelhamento e som assinado pela Burmester. Mas algo que o 911 992 tem é o como ele veste qualquer tipo de motorista, seja para uso na pista ou nas ruas. Difícil, ao menos até hoje, um esportivo como esta geração do clássico Porsche.
E o GTS, é o melhor 911? Por preço e equilíbrio de conjunto, é uma boa opção. Obviamente, se quiser mais força, os Turbo e Turbo S são um show de aceleração, mas vão te cobrar por isso. Tem R$ 989 mil (mais opcionais)? Entre na fila que vale a pena.
Porsche 911 GTS
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