O Parlamento Europeu finalmente votou sobre a proposta de proibir a venda de carros a gasolina, diesel e movidos a combustível até 2035. O texto foi adotado após dias de negociação, com 339 votos a favor, 249 contra e 24 abstenções. Um pedido para reduzir a meta de redução de CO2 de 100% para 90%, com a qual algumas motocicletas têm que conviver, também foi rejeitado.
O único ponto que ainda protege os motores a combustão é a proposta de reduzir a demanda para fabricantes pequenos ou de menor volume. Em vez de reduzir as emissões em 100%, eles agora terão como objetivo reduzir as emissões de CO2 em 15 até 2025 e 55 até 2030.
Este é apenas o primeiro passo de todo este processo. Agora que o Parlamento Europeu deu sua aprovação, caberá ao Conselho Europeu realizar sua análise, que será então debatida com a Comissão Européia e o Parlamento Europeu, no chamado "diálogo". O trílogo será o momento da decisão definitiva sobre este assunto bem polêmico.
O fim dos carros a combustão faz parte do "Fit for 55", um pacote de reformas climáticas apresentado pela União Europeia em julho passado. A meta é reduzir o total de emissões de CO2 em 55% até 2030, em comparação com 1990. E, até 2050, a Europa deverá chegar na neutralidade climática total.
Mas este foi apenas o primeiro passo no longo processo que levou à decisão de hoje. Uma votação que dividiu não apenas a política européia, mas também governos locais, entre os que são a favor da redução gradual dos veículos não-elétricos e os que são mais céticos.
Os membros do Partido Democrata pertencem ao primeiro campo, e mesmo antes da votação eles já haviam expressado seu apoio à proibição através da boca do Secretário Enrico Letta: "Hoje em Estrasburgo estamos votando a favor do pacote climático do Fit for 55", foi um de seus tweets.
Portanto, não faltou controvérsia, principalmente na Itália, um dos países com uma tradição na indústria automotiva: "Por que o Partido Democrata não vota no Parlamento Europeu sobre a emenda do Partido Popular Europeu, que propõe reduzir a proibição dos carros não-elétricos de 100% para 90%?Isto salvaria milhares de empregos", respondeu Antonio Tajani do partido Forza Italia, referindo-se à emenda apresentada pelo deputado Massimiliano Salini no Comitê de Transportes.
É uma emenda que, como mencionado, não teria previsto uma proibição total da venda de carros com motores a combustão. Assim, os fabricantes ainda teriam sido capazes de vender uma cota de veículos, reduzida a 10%. Era algo muito defendido pela Itália, usando marcas de esportivos como Ferrari e Lamborghini, que vendem poucas unidades por ano.
Da mesma posição foi a Liga, que denunciou que, "sem mudanças importantes no pacote, a crise de competitividade do sistema produtivo italiano e europeu poderia piorar", como dito pelos deputados Marco Campomenosi e Marco Zanni. Raffaele Fitto, do Fratelli d'Italia, também concorda, afirmando que o pacote Fit for 55 deve não somente "proteger o meio ambiente", mas também "as empresas, que produzem e criam postos de trabalho tanto na Europa como na Itália".
Não parar, mas encontrar alternativas à proibição, era o mantra do Movimento 5 Stelle. Como explicou ao Quotidiano Energia, o deputado Fabio Massimo Castaldo disse que um dos "pontos fundamentais" é "um fundo específico para a transição no setor automotivo, a fim de enfrentar qualquer impacto negativo sobre os empregos, bem como regras específicas para evitar qualquer relocação".
A posição do governo italiano sempre foi bem clara: que se opõe ao fim dos carros a gasolina e diesel e que deveria haver espaço para os biocombustíveis. E mesmo que esteja discutindo internamente a proibição das vendas dos carros a combustão partir de 2025.
Após a reunião de hoje no Parlamento Europeu, o próximo encontro a ser marcado é do Conselho de Meio Ambiente da UE, que acontecerá em 28 de junho. Esta etapa definirá a posição dos membros da União Europeia nas negociações com as outras duas instituições européias do bloco.
Tudo isto pode chegar ao fim até outubro. Então, neste momento, o destino do carro a combustão na Europa ainda não está decidido, mas já deu um passo importante que pode afetar a industria automotiva mundial.
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