No mundo das motos grandes, há as esportivas, as aventureiras, as estradeiras, entre tantas outras. Mas são poucas que se propõem somente à diversão. Esse papel costuma recair mais sobre as esportivas sem carenagens, que até podem ter motores de alto desempenho, mas largam as bolhas aerodinâmicas de lado em favor de deixar o vento bater na cara. Afinal, se for pra andar de moto sem essa sensação, melhor sair de casa com o carro não é mesmo?
A Honda tem dois nomes nessa categoria, popularmente chamada de "naked", que, além da diversão, ainda trazem uma proposta de visual retrô. Ou seja, são motos com cara de moto. Elas são as CB 650R e CB 1000R, a dupla da marca que é oferecida dentro da filosofia Neo Sports Cafe. As duas mostram a inspiração nas Cafe Racers pelo visual minimalista evidenciado nos faróis redondos, motor exposto e ausência de qualquer coisa que não precise estar ali.
No caso do modelo maior, a CB 1000R, a Honda apresentou algumas alterações para a moto com a chegada da linha 2022 revelada em fevereiro. A ideia nunca foi revolucionar a moto, mas sim refinar a sua fórmula de visual clássico com condução divertida. A moto, inclusive, recebeu uma inédita segunda versão, batizada de Black Edition, voltada para quem quer um visual ainda mais discreto.
De acordo com a Honda, a nova CB 1000R 2022 custava R$ 69.000, enquanto a Black Edition demandava R$ 76.750. Este era o valor de lançamento e alguns compradores durante o período de pré-venda conseguiram pagar tais valores. Agora, enquanto as motos estão de fato chegando às lojas, os valores já aumentaram para R$ 71.900 e R$ 79.970, respectivamente. E Motor1.com já andou nas novidades para ver como as mudanças afetaram a moto.
Começando pelo visual, os detalhes da CB 1000R foram repaginados. No farol, a luz diurna que era totalmente redonda, agora tem um formato de ferradura. As rodas permanecem de liga leve com 17 polegadas em ambas as pontas, mas contam com novo desenho com mais raios menores, ficando mais leves. O subchassi traseiro agora vem pintado em cor de alumínio.
A proposta da CB 1000R Black Edition, por sua vez, é oferecer um visual mais escurecido. Nela, até mesmo os tubos internos das bengalas são pretos. Além disso, a versão ainda se diferencia pelo assento do tipo monoposto (o banco do garupa vem junto com a moto) e um pequeno visor preto acima do farol.
A moto recebeu um painel de instrumentos colorido com tela de TFT de 5 polegadas. Nele, é possível monitorar os 4 modos de pilotagem disponíveis. O pisca com desligamento automático também é novidade, enquanto a iluminação permanece feita por lâmpadas de LED e há uma tomada USB-C sob o assento do garupa.
A Honda aplicou um remapeamento à central eletrônica e revisou o sistema de escape com o intuito de reduzir as emissões, além de alterar os parâmetros de injeção e ignição. Permaneceu o 4 cilindros em linha de 998,4 cm³. Mas agora ele é capaz de entregar 142,8 cv de potência a 10.500 rpm (+1,4 cv) e 10,2 kgfm de torque a 8.250 rpm. O câmbio permanece de seis velocidades. No caso da Black Edition, é acrescentado o quickshifter bidirecional. Com ele, é possível passar as marchas sem usar a embreagem nem aliviar o acelerador, basta apenas dar um toque na alavanca de câmbio.
Na ciclística, a moto não mudou. Permanece na dianteira o garfo invertido com 109 mm de curso e balança traseira monoamortecida com 131 mm de curso, ambos são ajustáveis. Os freios contam com dois discos de 310 mm de diâmetro na dianteira e um único na traseira com 256 mm. Os pneus, respectivamente, têm medidas 120/70 e 190/55.
Nas medidas, a Honda CB 1000R 2022 tem 2,12 m de comprimento, 0,79 m de largura, 1,09 m de altura, 1,45 m de entre-eixos e o assento está a 833 mm do solo. O vão livre em relação ao chão é de 132 mm. Com esse conjunto, a moto tem 200 kg de peso a seco declarado e 16,1 litros de capacidade no tanque de combustível.
A maior adição na linha 2022 da Honda CB 1000R talvez seja o sistema Honda RoadSync de série. Trata-se de conectividade via Bluetooth que permite ao proprietário parear o smartphone com a moto. Ele é capaz de mostrar avisos de mensagens, ligações, músicas via Spotify e GPS por meio de um aplicativo. Uma vez pareado, o condutor pode controlar o smartphone por meio de um conjunto de botões no punho esquerdo.
Quem aprecia um bom ronco de moto, sabe que é difícil bater os quatro-em-linha nesse sentido. E isso a nova CB 1000R entrega aos montes. Desde a partida a frio a moto emite um ruído contínuo e grave. Até atingir a temperatura normal, a marcha lenta fica acelerada, quase que instigando a acelerar. Em rotações baixas, o propulsor dá leves osciladas, indicando que prefere o giro alto mesmo.
Antes de falar como a moto anda de fato, precisamos falar do visual da Honda CB 1000R. Como disse acima, nada está lá a não ser o estritamente necessário. As aletas nas laterais do radiador, uma das mudanças visuais da linha 2022, ficaram um pouco menores e têm as pontas curvadas. Não é só para a estética, pois as peças tratam de "alisar" o vento que vai em direção ao condutor ao mesmo tempo em que desviam o ar quente do radiador para baixo, longe das pernas. E a missão é cumprida: mesmo parada com o motor ligado, é muito difícil perceber o sopro de ar quente vindo do motor até quando as ventoinhas são acionadas.
O grande farol agora com formato de ferradura, assim como a pequena lanterna traseira, revelam que o visual minimalista é proposital. A CB 1000R tem cara de moto, simples e fluída, sem tentar passar uma mensagem de algo que ela não entrega. É uma moto que você compra para curtir, não necessariamente para se gabar com os amigos.
O banco da CB 1000R é relativamente baixo e com os meus 1,72 m de altura sempre consegui deixar ao menos um pé bem apoiado no chão sem dificuldades. A embreagem tem um acionamento suave e progressivo. O acelerador no modo Standard também não é arisco e torna a ação de domar os mais de 140 cv de potência bem mais simples. Aliás, vale lembrar que os modos de condução, que incluem ainda Sport, Rain e um customizável, não alteram a potência total, apenas a intensidade com que ela é entregue. Eles também alteram o nível de atuação dos controles eletrônicos, como o de tração, freio motor e ABS.
O trajeto que nos foi proposto tinha Mogi-Mirim (SP) como ponto de partida e chegada, mas a volta ia até Ouro Fino (MG) e retornava por Socorro (SP) até o destino inicial. É um trecho com um pouco de rodovia e muito de estradinhas vicinais o interior. Assim como a moto, era um trecho para curtir, não necessariamente brincar de velocidade final.
E isso caiu muito bem com a nova Honda CB 1000R. Claro que se você quiser bater 200 km/h em um local em que isso seja permitido, a moto fará isso com facilidade. O único indicativo é o capacete querendo sair da cabeça caso você não tenha um projetado para altas velocidades, como aconteceu comigo. De resto, a moto está a vontade andando rápido, estável e sempre na mão. Para manter 120 km/h, marca somente 5.000 rpm, faixa em que o quatro cilindros roda bem tranquilo.
Nos trechos de serra e andando com um pouco mais de entusiasmo, fica evidente o quão curtas são as relações de marcha da Honda CB 1000R. Aqui, isso não serve só para extrair performance de um motor fraco. Serve para divertir e acelerar. Nas arrancadas, é uma troca constante e engajada de marchas com você esticando as marchas ou não. Mesmo em regimes baixos, trocando de marcha em 6.000 rpm, o motor entrega de forma lisa e sem engasgos. Mas se quiser levar até as 10.000 rpm, não vai sentir o propulsor reclamando.
As curvas no interior entre São Paulo e Minas Gerais são fechadas e o asfalto é péssimo. E aqui se sobressai a ciclística da moto: obediente e bem calibrada. Nos buracos, você percebe que estão lá, mas não de maneira incômoda. A CB 1000R deita fácil e deixa você brincar tanto nas curvas quanto nas acelerações entre elas, sem passar nenhuma sensação de insegurança. Os freios também são mais que suficientes para acompanhar o fôlego do motor - e o entusiasmo de quem vai ao guidão.
Já a Black Edition, oferece estes mesmos elementos de diversão, mas acrescenta mais uma camada com o quickshifter. Basicamente, você passa a usar a embreagem somente para arrancar e parar. As trocas ficam mais rápidas e, quando você acelera com mais gosto, vem aquele ronco de moto de corrida trocando marchas, com pausas curtíssimas entre cada uma delas.
O sistema Honda RoadSync também trouxe uma proposta interessante. Ao invés de ficar brigando com fones de ouvido (que são proibidos) ou com comunicadores Bluetooth em que você tem que operar as funções no celular, o RoadSync permite comandos de voz e a exibição de notificações no painel. O sistema fala as mensagens e permite responder por voz.
A grande sacada do sistema vai de encontro com a proposta da moto. Você está lá curtindo uma estradinha bacana com a sua playlist favorita - o melhor do power metal canadense no meu caso - e, chega uma mensagem que para a música ou vem uma música que você não gosta tanto. Ao invés de ter que parar para mexer no aparelho, você apenas opera os menus por meio dos botões do punho esquerdo e segue seu caminho sem interrupções, nem tira as mãos do guidão.
A primeira impressão que fica dessa nova Honda CB 1000R 2022 é a de que a marca sabia que já tinha uma moto divertida nas mãos e com desempenho de sobra. Agora, apenas refinou alguns aspectos para deixá-la ainda mais gostosa de dirigir e, com a conectividade, mostrou estar atenta ao uso que os proprietários fazem da moto. Se você quer uma motocicleta estilosa, divertida e com desempenho de sobra, sem deixar de lado o fato de que estamos cada vez mais conectados, essa é a moto.
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