Após a rodada de testes de colisão no início deste mês, quando a dupla Fiat Cronos/Argo zerou e o Volkswagen Taos tirou nota máxima, o Latin NCAP divulgou mais uma rodada de testes e provavelmente a última de 2021. Dessa vez o modelo avaliado foi o Kia Sportage que, assim como os últimos modelos da Fiat, acabou indo mal no teste de impacto e tirou nota zero.
De acordo com o Latin NCAP, o Kia Sportage testado pelo órgão é importado da Coreia do Sul, assim como o modelo vendido no Brasil, mas uma diferença da versão testada é que o SUV trazia somente dois airbags frontais, enquanto a versão comercializada no país tem 6 bolsas infláveis (frontais, laterais e de cortina) nas versões P.264 e P.265. Porém a versão de entrada P.252 do Sportage vendido no Brasil tem apenas os 2 airbags frontais. Vale lembrar que outra diferença é que o Sportage avaliado não contava com os controles eletrônicos de tração e estabilidade. Dito isso, vamos ver como o SUV da marca sul-coreana se saiu.
Segundo o Latin NCAP, entidade que avalia os carros vendidas na América do Sul e Caribe, o Kia Sportage que zerou no teste de colisão atingiu 48,15% na proteção dos ocupantes adultos, 14,87% na proteção de crianças no banco traseiro e 57,64% na proteção de pedestres e usuários vulneráveis das estradas. A porcentagem para a presença de itens de assistência à segurança foi de apenas 6,98%. No crash test em si, o Sportage teve um bom desempenho no impacto frontal e lateral na proteção para adultos, mas o órgão ressaltou que a ausência de airbag lateral (importante para proteger a cabeça) limitou a pontuação do veículo.
Além disso, a estrutura da cabine foi considerada estável, podendo aguentar cargas maiores, com a área inferior para os pés sendo avaliada como instável. No impacto frontal a 64 km/h, a proteção para a cabeça e pescoço do motorista e do passageiro foi considerada boa, enquanto a proteção para o tórax do motorista foi adequada e para o passageiro classificada como boa.
O que ficou aquém foi a proteção dos joelhos do motorista, tida como “marginal”, já que podem se chocar contra as estruturas atrás do painel. Porém, a proteção para os joelhos do passageiro é boa. As tíbias do motorista e do passageiro apresentaram “proteção boa e adequada”. Já a proteção para crianças foi considerada pobre, pois a entidade argumenta que a Kia se recusou a recomendar os sistemas de retenção infantil para os testes.
O Kia Sportage também foi submetido a teste de impacto lateral a 50 km/h, onde o abdômen, cabeça e a pelve tiveram boa proteção, enquanto o tórax teve proteção apenas adequada segundo o Latin NCAP. Por não oferecer airbags laterais, o Sportage não passou pelo teste de impacto lateral de poste. Já no teste de efeito chicote, o órgão afirma que o banco mostrou proteção boa para o pescoço. Pulando para a proteção de pedestres, o Sportage teve proteção de marginal a boa na parte superior e inferior da perna, enquanto a proteção para a cabeça do pedestres variou de boa a marginal.
O veículo também não oferece sistemas de assistência ao motorista como frenagem autônoma de emergência, útil para mitigar ou eventualmente prevenir o atropelamento de pedestres. Por fim, entre os sistemas de segurança, o SUV conseguiu alguma pontuação por contar com o alerta do uso do cinto de segurança, pois o Sportage vendido em alguns países da América Latina não tem controles de estabilidade e tração – o que no caso do Brasil acontece somente na versão de entrada do Sportage chamada de P.252.
“É muito decepcionante que um grupo de fabricantes de veículos tão importantes como Hyundai-Kia ofereça um desempenho de segurança tão baixo para equipamentos de segurança padrão para consumidores latino-americanos. Os consumidores dos mercados de economias maduras obtêm deste mesmo fabricante segurança de ponta nos mesmos modelos e, muitas vezes, a preços mais baixos do que na América Latina. A partir de testes recentes de modelos Hyundai-Kia como o Picanto, HB20, Accent, Tucson e Sportage, parece que independente da faixa de preço, há certa visão do grupo para os consumidores latino-americanos.
A vida de um latino-americano não parece ser tão valiosa e importante quanto a de um coreano, americano, japonês, europeu ou australiano. Nós merecemos os mesmos níveis básicos de segurança sem ter que pagar mais por eles. Apoiamos esta ação e pedimos ações urgentes para nivelar o padrão básico de segurança na América Latina para coincidir com as melhores práticas globais”, disse Alejandro Furas, Secretário Geral do Latin NCAP.
Por fim, o Latin NCAP afirma que sugeriu que a Kia se oferecesse para avaliar versões mais bem equipadas para mostrar aos consumidores os benefícios de mais equipamentos de segurança, mas a fabricante recusou. No mais, houve ainda testes do Hyundai Accent e da picape Great Wall Wingle 5 – ambos também com nota zero no teste de colisão.
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