No meu primeiro contato com o Porsche Cayenne Coupe, eu disse que aquele SUV com jeito de fastback era um equivalente moderno aos luxuosos cupês dos anos 1970 e 1980. A Porsche até entrou neste segmento com o 928 V8, um grand tourer de 4 lugares que fazia curvas tão bem quanto andava em uma Autobahn. Sua versão final foi o 928 GTS, que era mais rápido e mais agressivo (sem perder o conforto) que seus irmãos.
Podemos falar exatamente o mesmo sobre o Cayenne Turbo GT 2022. É a versão do Cayenne Coupé que, para se tornar o Turbo GT, recebeu o mais potente V8 que a Porsche já fez, o transformando no mais rápido SUV da marca. E este Cayenne topo de linha recentemente quebrou o recorde de volta mais rápida em Nurburgring entre os SUVs esportivos, percorrendo o desafiador circuito em 7 minutos e 38,9 segundos. Precisa de mais? Foi mais rápido que o 911 GT3 2007 - em um SUV de mais de 2.200 kg com confortáveis 4 lugares, mais de 1.400 litros de capacidade no porta-malas e uma relativa suavidade ao rodar nas estradas.
Garantindo toda essa velocidade, há uma longa lista de equipamentos de performance, começando pelo V8 4.0 turbo. Comparado ao motor do Cayenne Turbo, este recebe componentes internos reforçados para aguentar os turbos maiores com 1,6 bar de pressão. Injetores maiores aproveitam a maior pressão na admissão e o sistema de escape é exclusivo do Turbo GT, em titânio e que soa maravilhosamente.
A soma desses esforços são 640 cv e 86,5 kgfm, 90 cv e 8,2 kgfm a mais que o Turbo, acompanhado de um câmbio automático de 8 marchas com trocas mais rápidas recalibrado para o GT. A Porsche diz que acelera de 0 a 100 km/h em 3,3 segundos, com 402 metros feitos em 11,6 segundos e velocidade máxima de 300 km/h. São números superlativos até entre os SUVs da marca.
O Porsche Active Suspension Management tem amortecedores adaptativos e molas a ar de fábrica (um pouco mais firmes no Turbo GT), assim como o Dynamic Chassis Control com barras anti-rolalagem ativas. As rodas dianteiras tem cambagem negativa com 0,45º a mais, mantendo os Pirelli P Zero Corsa plantados no chão em todas as situações - essa melhor resposta da direção é boa na pista, mas admito que um pouco cansativa na cidade. Para segurar tudo isso, há um conjunto de freios de composto cerâmico, que diminuem o peso e tem maior resistência a fadiga na comparação com os sistemas de aço comum (e as pinças amarelas são belas demais).
As mudanças visuais são relativamente pequenas. O parachoque dianteiro tem entradas de ar maiores, um spoiler dianteiro mais agressivo, rodas leves de 22", tudo de série no Turbo GT. Também recebe um spoiler de teto em carbono e um difusor traseiro que são opcionais no opcionais no Cayenne Coupé comum. Mesmo assim, a asa traseira em carbono é exclusiva do Turbo GT, assim como a peça que vai além do spoiler. Nosso carros tem o opcional kit em dourado (a Porsche diz Neodyme) nas portas com um jeito retrô, que lembra exatamente o antigo 928.
Por dentro, Alcantara nos bancos, portas, volante e painel. O Turbo GT é identificado nos encostos de cabeça e na costuma em Neodyme, assim como a listra no topo do volante conversando com tudo no exterior - nos Estados Unidos, custa US$ 182.150 iniciais, e R$ 1.159.000 no Brasil. É possível deixar um Cayenne GTS parecido com o Turbo GT, mas há alguns itens exclusivos, como os detalhes em dourado e o escape em titânio com a ponteira azulada.
Qualquer um que não esteja impressionado com as mudanças de estilo do Cayenne Turbo GT com certeza mudará de opinião no momento em que ouvir o motor. O SUV entrega todo seu torque de 2.300 a 4.500 rpm e o pico de potência aparece a 6.000 rpm, o que significa que há uma reserva sem fim de potência no pé direito do motorista. O câmbio Tiptronic S é um exemplo de respostas, rapidamente reduzindo as marchas nas frenagens e segurando marcha até o corte nas curvas. No Sport Plus, as mudanças bruscas de marchas são reconfortantes, dada a missão do Turbo GT (mas talvez um certo exagero nas estradas comuns).
Os excessos do Sport Plus servem para a suspensão. Os amortecedores adaptativos e as bolsas de ar jogam o Cayenne pra baixo, maximizando a estabilidade e grudando no asfalto, porém mostrando tudo e qualquer coisa que passe pelo asfalto. Coloque no modo Sport e o Cayenne Turbo GT é um fantástico devorador de estradas. Não apenas as trocas de marchas ficam mais suaves, mas os amortecedores adaptativos filtram mais sem perder muita a compostura. O Sport e Sport Plus trabalham no escape, que leva a uma sinfonia fantástica nas acelerações e reduções, melhorando a experiência.
As pequenas-mas-eficazes mudanças que a Porsche fez no Turbo GT ficam bem evidentes em uma estrada cheia de curvas. O motor parece ser mais energético que seus números sugerem, com um comportamento acelerado combinando com as trocas de marchas rápidas. A direção é bem comunicativa, não deixando dúvidas sobre o quanto de grip estavam passando pelos pneus (mesmo excedendo um poucos os limites, mas algo impossível em vias públicas). Tem um balanço quase perfeito, fácil de saber como usar os freios ou acelerador, e os amortecedores adaptativos e barras ativas mantém tudo no lugar.
E ao frear, por favor, tenha certeza que o cinto de segurança está atado. Os freios cerâmicos trabalham melhor do que são bonitos quando estão aquecidos - materiais cerâmicos tendem a ser menos efetivos quando frios, mas em temperatura certa, são muito bons. As pinças amarelas são barulhentas em baixas velocidades e operar com suavidade é bem difícil, mas depois, é quase impossível achar falhas nos melhores freios já feitos pela Porsche - a não ser na hora de pagar pela reposição, algo que deve acontecer acima dos 100.000 km...
Um monstro solto nas curvas, o Cayenne Turbo GT se torna um dócil animal de estimação na cidade. Mesmo no modo Normal, os amortecedores ainda são firmes, mas as molas a ar aumentam a altura de rodagem e adicionam curso de suspensão para enfrentar os buracos. Com esta configuração, o Cayenne topo de linha nunca parece áspero, filtrando a maioria das imperfeições enquanto mantém um controle decente da carroceria. Um modo Individual permite configurar como quiser - por exemplo, uma suspensão macia e um acelerador mais dócil com o ronco de escape mais animal e direção mais pesada.
De série, os bancos esportivos com 8 regulagens já dão um bom suporte ao corpo, mas pra quem procura mais conforto pode optar pela versão com 18 vias, sem custo extra, com ventilação e aquecimento. Porém, estes não estão disponíveis com o acabamento em Alcantara exclusivo do Turbo GT e vem com um couro tradicional. É uma questão de gosto, mas aos nossos olhos, não gostaríamos de perder o visual único do Alcantara com as costuras em Neodyme que nos remetem ao exuberante interior do 928.
Sentimentos a parte, os bancos de série já tem um bom conforto e suporte, ao menos para mim. Isso serve também aos bancos individuais traseiros, com bom espaço para as pernas e bom para a cabeça de um adulto de 1,80 m, assim como um surpreendente suporte lateral. Ah, não está disponível para o Turbo GT o banco traseiro tradicional, com 3 lugares, então famílias precisarão se adaptar. A capacidade do porta-malas não muda: 550 litros com os bancos nos lugares.
O mais rápido Cayenne também apresenta o novo sistema multimídia da Porsche. O PCM 6.0, como já se sabe, tem um mapa completo e excelente resposta ao toque, Android Auto e Apple CarPlay sem fios, assim como a integração com Apple Music e Podcasts. O PCM 6.0 mostra sua agenda e conferência com a comunicação com o smartphone, o Porsche Connect.
Ao colocar quase todos os recursos de desempenho do Cayenne como item de série do Turbo GT, a Porsche eliminou muitas das opções de customização de pedidos. Nosso carro chegou aos US$ 198.670 (nos Estados Unidos) - a cor exclusiva do Turbo GT, Arctic Grey, é o mais caro opcional, de US$ 3.150, mas fica fantástico em conjunto com o escrito PORSCHE nas laterais de US$ 560. Alguns opcionais não tão necessário são o Head-Up Display (US$ 1.720), as portas com soft-close (US$ 780) e o carregador sem fio de US$ 690 - a personalização também está disponível no Brasil.
Equipado mais justamente (mas mantendo a bela combinação cinza e dourada na carroceria), O Cayenne Turbo GT ultrapassa facilmente os US$ 190.000. Por um lado, é bastante pensando em um carro que suas versões mais baratas custam praticamente a metade. Ao mais, o Cayenne mais nervoso é mais rápido tanto em linha reta quanto nas pistas que o Lamborghini Urus que, nos EUA, inicia em US$ 222.000. Aos nossos olhos, o Turbo GT também é mais bonito por dentro e por fora, o que pode ser atraente aos que preferem passar mais discretos.
E o preço (e consumo de combustível...) é o único "problema" deste capaz e prazeroso SUV. Como o 928 GTS, a Porsche transformou um carro familiar como o Cayenne em um carro de pista para quatro pessoas, com velocidade, potência e estabilidade que esperamos de um carro que seja da marca. A produção do Turbo GT não será limitada, então vários sortudos o terão (e esperarão até o ano que vem para isso) e serão muito felizes com esse carro em suas garagens.
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