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BMW, Mercedes e VW dizem que falta de chips continuará até 2023

Executivos acreditam até que pode levar anos para que as fornecedoras consigam atender a demanda

Volkswagen T-Cross - Fábrica São José dos Pinhais

Estamos quase no último trimestre de 2021 e a perspectiva não é muito boa para as fabricantes, que tiveram que parar diversas vezes ao longo do ano pela falta de semicondutores. E muitas já começam a perder a esperança de uma melhora em 2022, apontando que levará um tempo para os fornecedores atingirem um nível aceitável de produção para atender a indústria automotiva. BMW, Mercedes-Benz e Volkswagen já dizem que a escassez seguirá até 2023.

Executivos das três empresas falaram com o site Automotive News durante o Salão de Munique (Alemanha) no último fim de semana, mostrando preocupação de que a falta será resolvida antes de 2023. Ola Kallenius, CEO da Daimler, prevê que a falta de será menos severa no ano passado, mas que continuará até o ano seguinte. “Diversas fornecedoras de chips tem falado de problemas estruturais com a demanda. Isso pode influenciar 2022 e [a situação] pode relaxar em 2023”, explica o executivo.

VW São José dos Pinhais (PR)

Oliver Zipse, CEO da BMW, é um pouco mais pessimista e acredita que a falta continuará severa ao longo de 2022. “Eu espero que a escassez geral das cadeias de suprimentos continuará nos próximos 6 a 12 meses”, afirma Zipse. Por outro lado, o comandante da BMW não acredita em uma piora a longo prazo, lembrando que a indústria automotiva é um cliente bem importante para as fabricantes de semicondutores.

Já o CEO do Grupo Volkswagen, Herbert Diess, vê a falta de semicondutores seguir não só por meses, mas por alguns anos por conta da alta demanda até fora da indústria automotiva. “A internet das coisas está crescendo e o aumento na capacidade de produção levará tempo. Provavelmente continuará com um gargalo nos próximos meses e anos”, afirma Diess. Murat Aksel, chefe de aquisições da VW, ainda explica que a oferta de semicondutores ainda está muito volátil e afirma que a produção global de chips teria que aumentar 10% para atender a indústria automotiva de forma adequada.

Até mesmo as fornecedores admitem que não acreditam que a situação irá melhorar tão cedo. A Rohm, fabricante japonesa que atende Honda e Toyota, revelou recentemente que suas fábricas estão operando em capacidade máxima, mas que não consegue atender toda a demanda. A Toshiba também entra no coro, acreditando que não terá semicondutores o suficiente até, no mínimo, setembro de 2022 e que alguns clientes não receberão todos os pedidos até 2023.

Em ambos os casos, o problema vai além da demanda maior do que a oferta. Alguns países estão enfrentando um aumento nos casos de Covid-19, como a Malásia, o que levou à interrupção da produção de empresas como a Infineon, uma das 10 maiores fabricantes de chips do mundo. Além disso, falta matéria-prima para atender a demanda.

Atender a indústria automotiva é somente uma parte do problema, já que os semicondutores estão em falta para outros produtos, desde smartphones até videogames – tanto a Sony quanto a Microsoft tiveram que cortar a produção dos recém-lançados PlayStation 5 e Xbox Series X/S pela falta do componente.

No Brasil, a escassez tem atingido diversas marcas. Fiat, Hyundai, Honda, Volkswagen e Toyota reduziram a quantidade de turnos nas fábricas diversas vezes, em outros até dando férias e paralisando completamente a produção por algumas semanas. Quem mais sofreu com a falta de chips foi a Chevrolet, que interrompeu a montagem de Onix e Onix Plus entre março e agosto, o que fez a marca despencar no ranking de emplacamentos.

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