O ano de 2021 segue bastante difícil para a indústria automobilística. Isso porque a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) divulgou o balanço do setor no mês de julho, que registrou queda pelo segundo mês consecutivo na produção de veículos no Brasil. E o grande vilão deste mau momento da indústria se dá por culpa da falta de semicondutores, problema de fornecimento aliás que deve se arrastar até meados de 2022.

De acordo com órgão, em julho no Brasil foram produzidos o total de 163,6 mil veículos, o que significa 2% a menos comparado ao mês anterior de junho. Quando comparamos essa produção com julho de 2020, a queda foi maior e chegou a 4,2%. Segundo a Anfavea, foi a pior produção para um mês de julho desde 2003, o que mostra que a falta dos chips eletrônicos na indústria realmente está afetando toda a cadeia nacional de produção de automóveis.

O segmento de caminhões, em contrapartida, acabou sofrendo de forma um pouco mais amena esses impactos negativos. Mas isso não quer dizer que não teve seus percalços, pois poderia ter tido um desempenho ainda melhor. Em julho a produção foi de 14,8 mil unidades, alta de 1,1% sobre junho.

E quando a produção não está a todo vapor por conta da falta de insumos, à exemplo dos semicondutores, que prejudicou principalmente a produção da GM na fábrica de Gravataí (parada desde março, mas que vai retomar sua operação de forma parcial), isso logicamente reflete tanto nos números de vendas Brasil afora quanto no volume de exportações. Em julho houve somente 8 mil licenciamentos de automóveis por dia, pior média em 12 meses, enquanto que o total de 175,5 mil unidades vendidas no país no mês não foi nada melhor, pois a queda foi de 3,8% comparado a junho.

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Já quando falamos de caminhões, a situação é diferente. Em julho foram vendidos quase 12 mil caminhões, representando 5,3% de aumento em relação a junho, sendo ainda o melhor resultado desde dezembro de 2014. O resultado tem como motivo o bom momento vivido pelo agronegócio, mineração e comercio eletrônico. No acumulado do ano entre janeiro e julho, foram emplacadas 70,7 mil unidades, quase 50% a mais que o mesmo período de 2020.

Quando vamos falar das exportações em julho, a situação é mais crítica, pois houve recuo de 29,1% em comparação ao mês anterior. No total, foram enviados para o exterior 23,8 mil veículos, contra 33,5 mil unidades exportadas em junho. Porém, vale dizer que no acumulado de janeiro a julho deste ano, 223,9 mil unidades foram enviadas a outros países em 2021, enquanto que no acumulado dos primeiros 7 meses do ano passado, pior período da pandemia, esse número foi de 148,6 mil unidades.

“Há demanda interna e externa por um volume maior de veículos, mas infelizmente a falta de semicondutores e outros insumos tem impedido a indústria de produzir tudo o que vem sendo demandado, apesar dos esforços logísticos empenhados pelas empresas”, afirmou o Presidente da ANFAVEA, Luiz Carlos Moraes. “Os estoques de 85 mil unidades nas fábricas e nas concessionárias são os menores das últimas duas décadas, o que comprova a gravidade da situação”, complementou o dirigente.

Por fim, a Anfavea apresentou dados que apontaram o aumento de preços de automóveis e comerciais leves, que subiram em média 8,3% nos últimos 12 meses de acordo com o acompanhamento da KBB Brasil. Os aumentos poderiam até ser maiores por conta da baixa oferta combinada a alta demanda, pois a inflação registrada no período foi superior a 35%, segundo o IGPM.

O aumento médio de 8,3% dos veículos no Brasil (hatches compactos estão no patamar de R$ 70 mil iniciais) ainda é menor também que a valorização dos veículos seminovos em 12 meses (cerca de 17% pelo índice KBB) e dos insumos que impactam o custo de produção, como resinas e elastômeros (109%), siderurgia (84%) e plásticos (43%), entre outros aferidos pelo IBGE.

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