A crise mundial de semicondutores parece que não vai ter um fim tão cedo. Isso porque a Toyota anunciou que reduzirá sua produção de veículos em todo o mundo em aproximadamente 40% em setembro por conta da falta de chips, de acordo com informações do Automotive News Europe. Além da falta dos semicondutores, a montadora atribui as paralisações ao surto da variante Delta do coronavírus no sudeste asiático.
Segundo o site, a suspensão decretada pela marca japonesa vai atingir sua linha de montagem em diversas fábricas ao redor do mundo como Japão, Estados Unidos, Europa, China e Ásia. Com isso, os cortes vão impactar 14 fábricas da Toyota no Japão, além de 27 dos 28 complexos fabris da marca na Europa. Só no Japão, estima-se que 140.000 veículos deixarão de ser produzidos. As paralisações já começaram neste mês (inclusive atingindo as fábricas no Brasil desde semana passada) e vão até o final de setembro.
Quando pegamos a produção mundial a Toyota prevê que perderá uma produção de 360.000 veículos somente em setembro deste ano. Desse montante, 80.000 unidades deixarão de ser produzidas na operação da América do Norte, enquanto na Europa este número será de pelos menos 40.000 veículos. O grande mercado da China também deixará de fazer 80.000 carros, sendo que outras operações menores na Ásia sentirão o impacto com 8.000 unidades.
As fábricas afetadas no Japão atingem as unidades de Takaoka e Tsutsumi, que juntas são responsáveis pela produção do utilitário RAV4 e do SUV mais luxuoso Harrier, bem como dos sedãs Corolla e Camry e o famoso híbrido Prius. Até os carros da marca de luxo Lexus foram prejudicados, já que eles (modelos LS, IS, RC, RCF e NX) são feitos na unidade fabril de Tahara.
A meta inicial da Toyota era de produzir ao menos 900.000 veículos em todo o mundo em setembro, um número razoável ao se tratar de um ano pandêmico. Mesmo assim, a meta é um tanto menor em relação ao mesmo período de 2020, quando 973.000 carros foram fabricados. Vale lembrar que naquela época a montadora estava se recuperando do pior período de paralisações devido a pandemia. Mas com a redução da produção mundial em 40% em setembro, a meta de 900.000 para o próximo mês passará para 540.000.
Em entrevista ao Automotive News Europe, o gerente de compras globais da marca, Kazunari Kumakura, disse que há riscos contínuos na cadeia de suprimentos e não disse quando a crise global pode diminuir. Ele também se recusou a dizer quais fornecedores foram afetados ou quais tipos de componentes eram mais escassos.
"Em outubro e depois, acreditamos que há riscos, então monitoraremos a situação todos os dias, daqui para frente. A partir de outubro, gostaríamos de nos recuperar o máximo que pudermos, mas já temos planos de produção apertados", disse Kumakura, acrescentando que a Toyota ainda quer atingir uma produção de 9,3 milhões de veículos. "Faremos o nosso melhor para atingir esta meta”, completou.
O cenário da falta de chips eletrônicos na indústria é um tanto pior em 2021. Prova disso é que diversas montadoras além da Toyota ao redor do planeta estão sofrendo com a falta de semicondutores, cuja produção mundial está bastante concentrada na Ásia. A Toyota em particular, está sofrendo coma a falta desses componentes agora devido a interrupção na operação de fornecedores do sudeste asiático.
Esse impacto, aliás, mostra a dependência atual dos grandes conglomerados automotivos pelos chips produzidos no outro lado do mundo. Além disso, isso mostra como essa indústria está conectada uma a outra independentemente de sua posição geográfica. A má notícia ainda é que não há uma previsão concreta de quando a crise mundial pela falta de semicondutores pode melhorar.
Toda essa crise também afetou a produção nacional. Na fábrica de Sorocaba (SP), responsável pela produção dos modelos Yaris (hatch e sedã), Corolla e Corolla Cross, a produção está suspensa desde ontem (18) e vai seguir assim até dia 27 de agosto pela falta de chips. A unidade de Porto Feliz (SP), responsável pela produção dos motores 1.3L e 1.5L do Yaris e do propulsor 2.0L TNGA do Corolla e Corolla Cross, também será parcialmente afetada.
Já no Japão, no início deste mês a marca fechou ao menos quatro fábricas por conta da escassez de peças resultante da disseminação da Covid-19 no sudeste da Ásia, onde as fábricas foram fechadas devido a paralisações pandêmicas. Na Tailândia, uma das três fábricas da Toyota está suspensa desde 21 de julho.
Em comparação a outras marcas, a Toyota até que demorou para sentir os efeitos da falta de semicondutores. Isso de acordo com a marca foi mérito da gestão de sua área de suprimentos, que ampliou o estoque de peças-chave e fez um planejamento estratégico de longo prazo – tudo para evitar interrupções na linha de montagem.
Essas ações deram resultado, já que a marca japonesa conseguiu em plena pandemia aumentar seu ritmo de produção e ainda obter lucros recordes – mesmo com obstáculo da falta de semicondutores no setor. No primeiro trimestre fiscal da empresa encerrado em 30 de junho, a gigante japonesa anunciou seu maior lucro operacional trimestral de todos os tempos, bem como resultados fiscais recorde no 1º trimestre para receita líquida, receita e vendas globais no varejo.
Em 2020, a produção da Toyota cresceu 35% de janeiro a junho e bateu a marca de 5,30 milhões de veículos, enquanto as vendas globais no período aumentaram 31% e chegaram a 5,47 milhões de unidades. No ano civil de 2020 (período de 12 meses que pode compreender o ano seguinte) a montadora nipônica produziu 9,211 milhões de veículos.
O bom desempenho no ano passado serve de motivação para a marca, apesar de estar previsto para setembro a redução de 40% na produção global da Toyota. Mesmo que pouco mais de 300.000 unidades deixem de ser produzidas, isso aparentemente não representaria grande impacto para a empresa.
Apesar do cenário atual de paralisações em fábricas em diversos continentes, a Toyota mantém seu objetivo de fabricar 9,3 milhões de veículos globalmente no atual ano fiscal, que se encerrará dia 31 de março de 2022. Esse total agrega somente a produção da Toyota e Lexus, sem contar com as marcas Daihatsu e Hino (de caminhões).
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Fonte: Automotive News Europe
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