O total de brasileiros que está se locomovendo sobre duas rodas cresceu nos últimos cinco anos. Foi o que apontou um levantamento da Abraciclo, associação que reúne os fabricantes nacionais de motocicletas e bicicletas. O estudo mostrou que, em 2020, o total de pessoas habilitadas para conduzir uma motocicleta, que exige CNH A, chegou a 33.893.329 em 2020.
O número representa um crescimento de 17,5% nos últimos cinco anos, uma vez que, em 2016, 28.854.518 brasileiros estavam habilitados para conduzir uma motocicleta. Apesar de muitos associarem a moto à imagem de profissionais de entregas, os dados da Abraciclo revelaram um perfil bem diferente.
Números das associadas à Abraciclo mostram que o principal motivo para a compra de uma motocicleta no período foi locomoção, segundo 91% dos entrevistados. Para 66% dos participantes, a compra também foi motivada por lazer. A parcela dos que compraram uma moto com intuito exclusivo de trabalho é de apenas 15%. Segundo a associação, a pandemia incentivou mais os brasileiros a terem uma moto, de forma a evitar as aglomerações do transporte público.
Dos mais de 33 milhões de brasileiros habilitados para conduzir uma motocicleta, 69% se declararam como do sexo masculino, enquanto 31% se indentificaram como do sexo feminino. O total de pessoas que se declararam como mulheres também cresceu no total de habilitados, pois representavam apenas 25% em 2011.
A maior faixa etária tanto para os homens como para as mulheres está entre 31 e 40 anos. São 30,9% do sexo masculino nessa faixa de idade. Para o sexo feminino, o número é maior: 38%. Quanto ao nível de escolaridade, 64% dos motociclistas brasileiros possuem o ensino médio completo, 21% concluíram o curso superior e 12% têm o fundamental completo.
A região Sudeste concentra o maior volume de motociclistas, com 42,2% dos habilitados. Na sequência estão o Sul (20,3%), Nordeste (18,7%), Centro Oeste (11,1%) e Norte (7,8%). Os números não levam em consideração pessoas que conduzem motocicletas sem habilitação, o que poderia alterar um pouco o resultado final.
Como forma de locomoção ágil e barata, a motocicleta se tornou uma alternativa para quem queria fugir das aglomerações do transporte público. É o caso do advogado Leonardo Ludke que acelerou o plano de ter uma moto para evitar as horas que passava no transporte público. Ele comprou uma moto em janeiro. Morador de Caxias do Sul (RS), antes pegava de dois a três ônibus para ir ao trabalho. “Neste trajeto, gastava cerca de uma hora. Hoje levo 10 minutos para chegar ao trabalho”, comemora. “Ganhei autonomia, agilidade no deslocamento e ainda economizei o dinheiro que gastava com o transporte público”, conta.
O servidor público Bruno de Souza Simões, de Brasília (DF), chegou a comprar a moto antes mesmo de estar habilitado, passando a usá-la após estar com a CNH em mãos. Hoje, Bruno usa a moto como locomoção nos 15 km que separam sua casa do trabalho na capital federal. “Mais do que praticidade e agilidade, a motocicleta proporciona prazer. É um dos melhores momentos do dia”, disse.
No Rio de Janeiro (RJ), o analista de sistemas Fernando Ferreira foi um dos que adotaram a moto por conta da pandemia. Segundo ele, “quando voltei a trabalhar presencial, confesso que fiquei incomodado ao me ver rodeado de pessoas - algumas sem usar máscara - no transporte público. Decidi que a motocicleta seria a melhor solução para evitar esse estresse”, afirmou.
A moto também se mostrou importante para pessoas que perderam o emprego por conta da pandemia e recorreram aos aplicativos de entrega como forma de obter renda. Foi o caso de Bruna Portela, de São Paulo (SP). Auxiliar de escritório, foi demitida por conta da pandemia e usou o dinheiro de sua rescisão para investir em uma moto, com a qual passou a trabalhar. “Hoje é minha única fonte de renda”, explicou.
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