Após um período de paralisação por causa da quarentena para combater a COVID-19, a indústria brasileira corre o risco de parar novamente. E não é por causa de uma 2ª onda da doença, e sim pela falta de matéria-prima, como aço e borracha. De acordo com a Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), muitas empresas estão reduzindo a produção e existe uma chance da indústria parar já nesta 1ª quinzena de dezembro.
A falta dos insumos e componentes tem afetado a produção durante a retomada. Segundo a Anfavea, 238.200 carros e comerciais leves foram fabricados em novembro, apenas 0,7% mais do que em outubro, o que mostra que a produção não está acompanhando a demanda. No mesmo mês, foram emplacados 225 mil veículos, muitos já em estoque. A associação diz que, hoje, o estoque nas fábricas e rede de concessionários é de menos de 120 mil veículos, o que sustentaria apenas 16 dias de vendas.
“O risco de paralisação é muito alto agora para dezembro, para esta semana, talvez” revela Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea. “Falta insumos por causa deste descompasso provocado pela pandemia, ou seja, uma queda abrupta em abril, maio e junho, e uma retomada mais forte a partir do terceiro trimestre. Então toda a cadeia de produção foi impactada por este desbalanceamento, este descompasso entre a demanda e a oferta.”
A falta de matéria-prima começa principalmente com o aço, e está afetando não só a indústria automotiva, como a de máquinas e eletrodomésticos. Moraes revela que o problema é ainda pior, pois falta borracha, termoplástico e até pneus. O executivo diz que o risco de paralisação é imediato e não teórico, e que já está acontecendo. “Nas últimas semanas tivemos micro-paradas. Agora estamos observando paradas inclusive de materiais importados” explica Moraes. A segunda onda de COVID-19 também está sendo um problema, com novos casos de contaminação em diversos fornecedores, o que impacta também na produção de veículos.
Apesar da perspectiva ruim para o fim do ano, a Anfavea está otimista para 2021, com a chegada das vacinas para controlar a pandemia e possíveis medidas de controle da dívida pública e reformas estruturais. Desde setembro, a diferença nos resultados dos emplacamentos em comparação à 2019 caiu para abaixo de 20% e chegou a somente 7% em novembro, sinalizando uma retomada do setor, embora ainda esteja longe de mostrar resultados positivos como em alguns países da Europa.
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