O assunto da semana é a eleição do próximo presidente dos Estados Unidos, que está na contagem dos votos, ainda sem uma definição sobre se Donald Trump terá um segundo mandato ou se Joe Biden tomará o seu lugar. O confronto entre o republicano e o democrata importa mais do que parece, e afetará até mesmo a indústria automotiva global.
Líder nas pesquisas e projeções, Joe Biden está vendo uma situação bem diferente na eleição, sem vencer nos estados onde supostamente ganharia. Ainda assim, está bem próximo de conseguir o cargo mais importante dos Estados Unidos. Se isso acontecer, veremos uma mudança bem clara em comparação ao governo Trump.
Para começar, a doutrina “América First” (América primeiro) de Trump será deixada de lado para uma nova abertura do mercado para o restante do mundo. Isso afetará a importação de carros, que sofreram um golpe com as medidas de Trump, principalmente no caso das marcas alemãs. A indústria das motos também veria uma melhora, ainda mais no caso da Harley-Davidson, que estava em um processo de enviar sua produção para fora dos EUA por conta dos custos.
Também haveria uma nova aceleração do Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento, um tratado entre Estados Unidos e União Europeia para livre comércio. As negociações foram interrompidas por Trump quando assumiu a presidência, retomando as conversas em 2018, mas que acabaram descartadas em 2019, já que Trump anunciou que os EUA deixariam de fazer parte do Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas.
Isso será um problema para Biden, pois os republicanos estão a caminho de ter a maioria do Senado norte-americano, atrapalhando uma tentativa de reverter a saída do Acordo de Paris. Ainda assim, o democrata irá atrás de novos incentivos para carros elétricos no país. Uma das medidas seria uma campanha de incentivo de US$ 7.500 (R$ 42.397 pela cotação atual) na compra de um EV, além do plano de instalar 500 mil estações de recarga pelo país.
Há um risco de uma má notícia para o Brasil. Embora não tenha dado detalhes de como exatamente iria funcionar, o presidente Jair Bolsonaro anunciou um pacote de acordo com os Estados Unidos para facilitar negócios entre os dois países. Só que este acordo pegou muito mal entre os democratas e Biden pode tentar cancelar esta negociação. E, com o posicionamento do governo brasileiro sobre as queimadas na Amazônia e o Acordo de Paris, a relação pode azedar.
Para Donald Trump, China e Europa não são parceiros comerciais, e sim adversários que teriam se aproveitado dos Estados Unidos durante anos, sem nunca dar nada em troca. Com a confirmação de que continuará por mais quatro anos no comando do país, Trump deve seguir com as restrições aplicadas e pode até fortalecê-las, para tentar favorecer a indústria nacional.
Isso afetará as marcas europeias, que terão que investir ainda mais em fábricas dentro dos EUA (Canadá e México não contam e foram taxados também). Foi o que a Mercedes-Benz fez com o complexo no Alabama, BMW na Carolina do Sul e a Volkswagen em Tennessee, aumentando a produção local para não pagar as taxas de importação.
Os carros elétricos terão o mesmo problema, já que a transição para a mobilidade eletrificada não está nas preocupações de Trump. Pelo contrário, ele já sinalizava que iria retirar os subsídios para esta modalidade de veículos, o que entraria em conflito com muitos estados como a Califórnia. E, sem os Estados Unidos como um mercado mais forte para popularizar os elétricos, as fabricantes terão dificuldade em reduzir os custos de produção.
Assim como no caso de Biden, um novo mandato de Trump não tem efeitos claros para o Brasil. O acordo bilateral anunciado pelo presidente Bolsonaro não tem uma data para começar a funcionar, e nada foi dito sobre quais áreas serão beneficiadas. Só que o presidente brasileiro chegou a dizer que este é o primeiro passo para um acordo de livre comércio - isso pode levar a condições melhores de importação e exportação de veículos, abrindo as portas para modelos inéditos ou até redução de preço para alguns importados.
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