Desde que a Volkswagen começou a mostrar o Nivus, seu primeiro crossover-cupê nacional, muita gente questionou se ele não acabaria criando uma disputa interna com o T-Cross, o SUV compacto construído sobre a mesma plataforma MQB-A0. Afinal, ambos derivam do Polo e têm muitos componentes em comum. Agora que o Nivus está nas ruas, chegou a hora de levá-lo para uma proprietária de T-Cross conhecê-lo. Será que eles atingem o mesmo cliente?
A médica paulistana Fernanda Scartezini e o engenheiro Marcelo Scartezini, marido dela, tinham dois carros até algum tempo atrás. Antigos fãs da Honda (eram proprietários de um Civic G8), estavam em busca de um Fit como segundo carro quando Marcelo se interessou pelo novo Polo. "Eu já havia tido o Polo da geração anterior e gostado muito, daí o novo chegou com diversas tecnologias e segurança 5 estrelas, acabei optando por ele", explica. Segurança, aliás, foi um dos fatores primordiais na escolha pelo hatch da VW, pois recentemente Fernanda se envolveu num acidente e ficou impressionada com o nível de proteção de um Golf que também estava na batida. "O carro caiu de cabeça para baixo, mas o motorista teve apenas ferimentos leves, aquilo marcou muito para mim", conta a médica.
O casal então optou por um Polo Highline 2017 (comprado 0 km) para fazer companhia ao Civic na garagem. Com o tempo, porém, eles decidiram ter apenas um carro para os dois (ele trabalha próximo a uma estação de metrô) e venderam o Civic, que era mais antigo. Só que aí veio o filho Rafael e as prioridades voltaram a mudar. "Ter um carro só funcionou bem pra gente, mas o Polo ficou pequeno para a família e então passamos a procurar algo mais espaçoso, mas que não fosse grande para a cidade", explica Fernanda. A escolha pelo T-Cross Comfortline 2019 (também comprado 0 km) foi de certa forma óbvia, pois "ele unia as vantagens do Polo com um espaço maior sem ser tão comprido quanto o Virtus", pondera ela.
Entre os pontos que o casal mais aprecia no T-Cross está o espaço, claro. "No Polo eu vivia tomando chute no encosto do banco do passageiro porque o Rafael ficava apertado na cadeirinha", lembra Fernanda. Vale lembrar que o SUV recebeu o mesmo entre-eixos do Virtus, que é 9 cm maior que o do Polo (2,65 m contra 2,56 m) e amplia substancialmente o espaço para as pernas no banco traseiro. "Andei uma vez num Virtus táxi e fiquei com ótima impressão de espaço", conta a médica. Outros fatores que contribuíram para eleger o T-Cross como o carro da família foram o design, a posição de dirigir elevada e as tecnologias a bordo, como o painel digital (Active Info Display) e a multimídia Discover Media de 8".
Ao ver o Nivus pela primeira vez, Fernanda ficou na dúvida sobre o porte do carro. "Ele parece menor que o T-Cross, acho que é por causa da altura", comentou a doutora. Na verdade, o Nivus tem o mesmo entre-eixos do Polo, mas é 7 cm mais longo que o T-Cross (4,26 m contra 4,19 m) por conta do balanço traseiro alongado. Esse comprimento extra foi todo dedicado ao porta-malas, que ficou com bons 415 litros, contra 373 litros do T-Cross. Mas, de acordo com a médica, "o espaço a gente usa todo dia, bagagem é só de vez em quando". E, para ela, o compartimento do T-Cross já tem um tamanho suficiente.
Fernanda, porém, reconheceu o aspecto mais jovem e estiloso do Nivus. "Gostei muito dessas rodas escuras e dos logotipos pretos. Por dentro, o novo volante da VW também foi alvo de elogios da médica, bem como o tamanho da multimídia VW Play, com tela de 10" (2" extras em relação ao sistema do T-Cross dela). Outra novidade que agradou foi terem eliminado o suporte de celular no painel, que segundo ela não faz sentido porque a multimídia já espelha o celular - tanto é que no T-Cross do casal a peça foi retirada e o buraco que fica foi coberto com uma tampinha comprada na internet.
Por fim, Fernanda achou interessante o Nivus ter o piloto automático adaptativo, que freia sozinho, além da frenagem automática de emergência como itens de série. São equipamentos ainda não oferecidos no T-Cross, que nesta versão Comfortline (intermediária) está tabelado a R$ 110.260, contra R$ 98.290 do Nivus Highline (topo de linha).
A cor Cinza Moonstone fez sucesso por onde andamos com o Nivus, mas, apesar de achar "bonita e moderna", Fernanda disse ainda preferir o Azul Norway do seu T-Cross, além de alguns detalhes de acabamento. "No início estranhei esse tom marrom dos bancos e do painel do meu carro, mas com o tempo acostumei e passei a gostar. O painel tem um acrílico brilhante, não é um plástico simples", pondera. O T-Cross também possui cobertura plástica das ferragens sob o banco, que ficam expostas no Nivus (como no Polo) e uma manopla de câmbio exclusiva, com o pomo iluminado, enquanto o cupê usa a mesma peça do Polo.
Ao volante, Fernanda remeteu ao Polo quando dirigiu o Nivus. "Lembra bem mais a posição do meu carro anterior que a do atual e, além disso, me sinto mais folgada no T-Cross mesmo como motorista", explica a médica - sensação certamente causada pelo teto mais alto e para-brisa maior. Ela reforçou ainda que prefere a posição elevada do T-Cross, apesar de ter achado o Nivus um pouco mais alto que o Polo. "De resto, eles se parecem", o que é normal por compartilharem a plataforma e o conjunto mecânico (motor 1.0 TSI de 128 cv e câmbio automático de 6 marchas). "O que gostei mesmo foi do toque desse volante, parece mais sofisticado", comparou, referindo-se ao novo VW.
Apesar de ter gostado do Nivus pelo "design arrojado" e alguns equipamentos, Fernanda concluiu que não deixaria seu T-Cross por ele. "Trocamos o Polo justamente pelo espaço, e com esse carro voltaríamos a ter o mesmo problema. Fora isso, gosto desse visual mais quadradinho e da posição de dirigir do T-Cross, é um verdadeiro 'carro de mãe', brincou a médica. Ou seja, neste "primeiro round" entre os dois, parece que Nivus e T-Cross não vão disputar exatamente o mesmo consumidor.
Fotos: autor/Motor1.com
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