Após alguns anos de crise na indústria automotiva, 2019 está sendo visto como um ano de mudança. Um novo governo assume o comando do Brasil, com algumas propostas novas e a tão esperada adoção do novo regime automotivo Rota 2030. As fabricantes investiram no país de olho na retomada do setor. Será um ano com lançamentos importantes, com as renovações dos líderes Chevrolet Onix, Hyundai HB20 e Toyota Corolla, além da estreia da VW entre os SUVs compactos com o T-Cross. Como o início do ano sempre é o momento para previsões, vamos mostrar quais são nossas apostas para o mercado em 2019:
As vendas de 2018 foram dominadas novamente pelo Chevrolet Onix. O modelo nadou de braçadas e emplacou mais de 200 mil unidades ao longo do ano, mais do que o dobro do que o HB20, o segundo colocado. Isso deve seguir em 2019, pois a GM prepara o lançamento da nova geração do compacto, que conviverá com a atual e pode receber o nome de Onix Plus, já registrado no INPI. Para a entrada da gama, a linha Onix Joy também deve ser atualizada, recebendo o design do modelo atual. Assim, a GM manterá um hatch para disputar a faixa de acesso, contra Ka e HB20, e terá também um maior e mais requintado para brigar com Argo e Polo.
Novo Onix vai crescer e pode ganhar sobrenome "Plus"; novo HB20 vai manter mais coisas do carro atual
Por falar em Ka, o compacto da Ford quase roubou a segunda colocação do HB20 em 2018, ficando a somente 2,3 mil unidades de diferença no acumulado das vendas. Em 2019 pode acontecer a ultrapassagem, pois o hatch da Hyundai vai mudar no segundo semestre e, como costuma acontecer, o modelo atual pode sofrer neste período de entressafra. Por sua vez, o Ka foi reestilizado e ganhou novo motor e transmissões no ano passado, ou seja, está num momento mais propício de mercado. Vale acompanhar esse duelo.
Entre os sedãs, o líder Chevrolet Prisma irá mudar de geração junto com o Onix. No caso dele, a mudança será mais significativa, pois o modelo ficará maior e substituirá o Cobalt, enquanto a versão Joy (modelo atual) ficará como opção mais compacta. Isso fará com que o Prisma brigue tanto na faixa de preços de Hyundai HB20S e Ford Ka Sedan, quanto na dos sedãs acima, onde estão Volkswagen Virtus, Honda City e Toyota Yaris Sedan.
Novo Prisma toma fermento e o lugar do Cobalt; novo Corolla terá uma inédita versão híbrida flex
Subindo um degrau, temos o caso do Toyota Corolla. Quando falamos dos 10 fatos do mercado em 2018, um deles foi que o Corolla só vai vender menos quando a marca finalmente lançar um SUV compacto. Como isso ainda levar mais um tempo, o Corolla vai continuar vendendo bem, principalmente a partir do final do ano, quando chegará a nova geração. Um dos destaques será uma inédita versão híbrida, que tem tudo para ser o híbrido mais barato do país. E com um diferencial: está sendo projetado para aceitar também etanol.
O segmento de SUVs compactos foi o que mais cresceu em quantidade de modelos nos últimos anos. De 2011 para cá, saímos de apenas duas opções (Ford EcoSport e Renault Duster) para mais de 10: Caoa Chery Tiggo 5x, Chevrolet Tracker, Citroën C4 Cactus, Ford EcoSport, Honda HR-V, Hyundai Creta, JAC T50, Jeep Renegade, Nissan Kicks, Peugeot 2008, Renault Captur, Renault Duster e Suzuki Vitara, entre outros. A disputa é tamanha que não há mais um líder absoluto. O EcoSport perdeu o reinado em 2015 para o HR-V, que em 2018 foi superado pelo Hyundai Creta. Acontece que a diferença entre entre os quatro mais vendidos foi de apenas 2,6 mil unidades. Ou seja, é impossível prever quem vai liderar em 2019, pois tanto Renegade quanto HR-V foram renovados e isso pode surtir efeito nas vendas. Enquanto isso, a Nissan está adequando a fábrica em Resende (RJ) para produzir mais unidades do Kicks. E ainda teremos finalmente a entrada da Volkswagen na disputa com o T-Cross, que deverá entrar nesta briga pelo "G4" da categoria.
VW T-Cross promete embolar ainda mais a briga dos SUVs compactos; Jeep Compass pode perder com isso
Quem deve perder um pouco o pique é o Jeep Compass, que em 2018 ficou no topo das vendas de SUVs, até mesmo quando comparado com os modelos menores e mais baratos. Porém, do 2º semestre do ano passado para cá, ele começou a oscilar mais, sendo ultrapassado por alguns modelos compactos como HR-V e Creta. Esta queda pode ser uma tendência, com clientes escolhendo outras opções, já que o Compass ficou mais caro – desde 2016, foi dos R$ 100 mil iniciais para R$ 111.990. Ele ainda vai liderar o segmento de médios (o segundo colocado VW Tiguan está bem distante), mas não deve mais figurar como o SUV mais vendido do país.
Apesar de bem posicionada com a linha HB20 e o Creta, Hyundai Brasil tem uma limitação: sua fábrica em Piracicaba (SP) opera no máximo da capacidade e precisa crescer para produzir mais. Esse problema dá a chance para que outras montadoras roubem sua posição entre os mais vendidos. Quem está com a mira apontada para a coreana é a Toyota. A Hyundai emplacou 206.551 unidades em 2018, enquanto a Toyota fechou o ano com 200.117 veículos, uma diferença de somente 6.434 unidades. O que aumenta as chances da Toyota é que ela tem uma capacidade maior, com duas fábricas no país, e participa de mais segmentos, como o das picapes. A esperança da marca coreana é que os importados cresçam em 2019, com a chegada dos novos Azera, Elantra e Santa Fe.
Já a Chevrolet dificilmente perderá a liderança geral. Normalmente, isso acontece por dois motivos: a marca deixa a peteca cair, demorando ou errando nos lançamentos; ou uma rival aparece com novidades muito fortes. Foi assim com a VW, quando tirou o Gol G4 de linha e colocou o Up! como opção de entrada. A Fiat aproveitou e assumiu a liderança momentaneamente, até que a Chevrolet ganhou força com o Onix e vem liderando desde 2016. O perigo atual está no crescimento da Volkswagen, que subiu dos 12,53% de participação em 2017 para 14,9%, enquanto a Chevrolet caiu de 18,14% para 17,6%. A chance da VW em 2019 é investir nos segmentos nos quais a GM não tem tanta força, como o dos SUVs compactos e médios. Em terceiro, a Fiat não tem nenhum lançamento forte programado para este ano (pode pintar a nova Strada) e deve assistir de longe à briga das líderes.
Hyundai priorizou produção do Creta em 2018, mas está no limite; Sandero terá reestilização e câmbio CVT
Outra boa disputa entre as fabricantes será a da Renault contra a Ford. A marca norte-americana fechou 2018 com 226.410 unidades emplacadas, enquanto a francesa vendeu 214.871 veículos, uma diferença de 11.539 unidades. O que pode definir essa disputa é a lista de lançamentos das duas empresas. A Renault tem o Kwid e o Sandero sempre perto do top 10, enquanto a Ford tem só o Ka. Enquanto o Kwid é um carro recente, o Sandero passará por uma reestilização no 1º semestre e ganhará câmbio CVT, abrindo a possibilidade de vendas para o público PCD. Além disso, a francesa tem dois SUVs compactos, o Duster e o Captur - que, somados, vendem mais do que o EcoSport. E a Renault ainda prepara a chegada da picape Alaskan e de um SUV médio, enquanto a Ford esconde o jogo para 2019, confirmando somente a Ranger Storm.
Não é de hoje que os carros chineses rodam no Brasil. Mas 2019 tem tudo para ser o ano mais forte deles, tudo por causa dos novos SUVs da Caoa-Chery, com desenvolvimento conjunto entre as engenharias chinesa e brasileira. Só em 2018, com o lançamento do crossover Tiggo 2, a Chery passou de 3.734 unidades emplacadas para 8.546 veículos. Com os novos modelos Arrizo (sedã), Tiggo 5x (SUV compacto), Tiggo 7 (SUV médio) e Tiggo 8 (SUV de 7 lugares), mais concessionárias e um nome conhecido por trás da operação, a tendência é que a marca seja a campeã em termos de crescimento neste ano.
Tiggo 5x deve se tornar o chinês mais vendido do país; elétricos como o Leaf vão começar a ganhar as ruas
Enquanto a maior parte do mundo adota os carros elétricos, o brasileiro só tinha uma opção até o ano passado, o BMW i3. Só que o compacto elétrico era muito caro por seu tamanho compacto. Em 2019 finalmente teremos um mercado de veículos EV, mesmo que um por um preço ainda elevado. A Renault já começou a vender o Zoe, por R$ 149.990 mil, enquanto a Nissan iniciou a pré-venda do Leaf por R$ 178.400. Em algum momento deste ano, a Chevrolet também iniciará as vendas do Bolt, a R$ 175 mil, e a Audi já confirmou o SUV E-Tron. Outras fabricantes estudam entrar no segmento, como a Volkswagen com o e-Golf e a Hyundai com o Ioniq. Mas ainda faltam incentivos do governo para reduzir os preços e uma estrutura adequada de recarga.
O governo Bolsonaro vem sinalizando há alguns meses que irá reduzir as tarifas de importações de diversos produtos, incluindo os automóveis. O plano seria, ao longo dos quatro anos de mandato, baixar as taxas atuais, entre 20% e 35%, para 15%. Isso abrirá novamente as portas para os importados, já que as altas tarifas sempre são apontadas como um dos motivos para não trazer algum veículo (juntamente com o dólar alto). A revisão dos impostos, junto com o fim das cotas e do Super IPI, dará a chance para que mais modelos cheguem ao nosso mercado, além da possibilidade do retorno de algumas marcas.
Fotos: divulgação/reprodução e arquivo Motor1.com
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