A Renault fechou a temporada 2018 da Fórmula 1 como a quarta força da categoria, atrás da Mercedes, Ferrari e Red Bull. Pode parecer pouco, mas é um feito e tanto se considerarmos que a marca francesa voltou ao certame há apenas dois anos - e nunca pode se menosprezar a Renault quando o assunto é F1. Talvez por isso o bólido R25 campeão da temporada de 2005 tenha sido o escolhido para ficar na recepção da fábrica da Renault Sport F1 em Enstone, na Inglaterra. O R25 quebrou a hegemonia de títulos de Michael Schumacher, que vinha desde 2000, e levou Fernando Alonso ao seu primeiro título da F1.
Para a temporada 2019, a equipe não esconde a empolgação com a vinda do talentoso e alto astral Daniel Ricciardo para ser o piloto principal da casa. Ele será companheiro de Nico Hulkenberg, e ambos terão a missão de conduzir o time até pelo menos o terceiro posto entre as marcas - objetivo que o chefe da equipe, Cyril Abiteboul, parece deixar bem claro para quem trabalha ali. Dos projetistas das peças (são mais de 24 mil em cada carro!) até os técnicos da sala de operações (que monitoram o carro na pista), todos estão focados em ganhar cada milésimo de segundo na pista.
Enstone voltou a ser a sede da Renault F1 no fim de 2015, depois de passar alguns anos como a casa da equipe Lotus. Atualmente a fábrica conta com 676 colaboradores, que cuidam de todas as operações relacionadas ao monoposto: desenho dos chassis, transmissão, suspensão e, claro, a montagem e acerto dos carros. Já o motor vem da França, da fábrica de Viry-Châtillon.
Regra da FIA: túnel de vento usa bólido em escala 60% do carro real para reduzir custos
Uma das partes principais do complexo é o túnel de vento. Para limitar os custos (e permitir que equipes menores também tenham o equipamento), a FIA estabeleceu que seja usado um carro em escala 60% do real - assim o túnel fica mais acessível para ser feito e mantido. Nele, se aplica um fluxo de ar a 50 km/h (velocidade estabelecida pela FIA) para verificar a aerodinâmica do monoposto, a altura de rodagem e a deformação dos pneus, entre outras análises. No dia de nossa visita, o carro de 2019 estava passando por alguns testes, mas obviamente que não pudemos fotografar o momento (todas as imagens desta reportagem são divulgadas pela própria equipe).
Outra área bacana é a do acerto de suspensão, onde o carro fica posicionado sobre sete apoios móveis que são capazes de simular todas as pistas do calendário. Assim são recriadas forças e movimentos de diversos circuitos, tendo como referência sempre uma boa volta de algum piloto da casa. É um dos pontos-chave no desenvolvimento do carro para a corrida seguinte, pois pode antecipar todos os esforços aos quais a suspensão será submetida.
Esses apoios hidráulicos permitem simular todas pistas do calendário para o acerto fino da suspensão
O que também chama a atenção são os diversos rolos de fibra de carbono estocados (e em uso). Para se ter ideia, nada menos que 80% do carro é feito deste material, o que levou a Renault Sport a se tornar uma referência no trabalho com materiais compostos - tanto que a marca ajudou a Boeing a desenvolver a fuselagem do 787 Dreamliner, avião cuja réplica em escala fica num dos corredores de Enstone. Para lidar com a necessidade de produzir mais de 24 mil peças distintas, há uma série de impressoras 3D que já são responsáveis por cerca de 30% dos componentes dos carros. Mais uma curiosidade: de 80% a 90% das peças da carroceria são coladas.
Para os gamers, o lugar mais espetacular é a sala do simulador, onde a cabine original de um monoposto fica posicionada em frente a uma tela curva gigante, nos fornecendo a melhor explicação possível para a expressão "realidade virtual". E não pense que se você manda bem no seu Playstation vai chegar abafando aqui, pois esse simulador é apenas para pilotos profissionais - além de Hulkenberg e Ricciardo, há uma série de jovens pilotos na academia da Renault Sport que treinam ali. Para os visitantes, existe apenas um simulador mais simples, embora seja bastante fiel.
O Renault de F1 usa mais de 24 mil peças distintas, sendo 80% de fibra de carbono; acima, o incrível simulador
Passando da simulação para a realidade, mais um local que impressiona é a sala de operações. É de lá que 25 pessoas acompanham em tempo real os treinos e a corrida desde a quinta-feira até o domingo do GP, tendo acesso também à comunicação do piloto com os boxes. Recebendo os dados pela telemetria, além de ter diversas TVs mostrando câmeras em lugares diferentes do circuito (incluindo a onboard do carro), os técnicos desenvolvem estratégias e sugerem mudanças para a equipe de engenheiros na pista. Segundo a Renault, teoricamente é possível até fazer alterações no carro remotamente desta sala.
Da sala de operações, a equipe acompanha tudo que se passa na pista; acima, os caminhões que levam o circo
Por fim, mas não menos importante, há todo o circo envolvido. No estacionamento da fábrica pudemos ver alguns dos 16 caminhões usados pela equipe nas etapas europeias da F1. Nos GPs realizados em locais mais distantes, como Austrália e Brasil, a Renault Sport carrega 36 toneladas de carga aérea e três contêineres marítimos. Tudo para que Hulkenberg e, a partir de março de 2019, Ricciardo consigam levar a marca francesa de volta ao lugar mais alto do pódio.
Por Daniel Messeder, de Enstone - Inglaterra
Fotos: divulgação
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