Os carros elétricos estão transformando a indústria pelo mundo. Aqui no Brasil, os primeiros passos começam a ser ensaiados com as definições de tributação previstas no Rota 2030. Além de simplesmente importar, também já existem projetos regionalização dos principais componentes e até mesmo produção. Mas o que ainda encarece é a bateria.
No entanto, este entrave com a bateria pode ser resolvido muito antes do que se imagina. E a grande responsável será a Argentina. Na América do Sul, o Chile é o líder na produção de lítio, principal componente utilizado nas baterias dos carros elétricos. Também existem grandes reservas na Bolívia e investimentos para descoberta de novas reservas do mineral no Brasil, mas a bola da vez é a Argentina.
"Em quatro anos a Argentina será o maior produtor de lítio do mundo inteiro, que abastecerá o mercado de tecnologia e de baterias para carros elétricos", afirmou Mauricio Macri, presidente do país vizinho, em discurso durante a cerimônia de início de produção da nova Nissan Frontier na fábrica de Córdoba. "O objetivo agora é exportar. Isso significa que apesar das dificuldades econômicas do momento, estão acontecendo coisas muito boas que serão vistas no futuro", disse Macri.
As coisas boas que estão acontecendo por lá foram parcialmente reveladas pelo Ministério de Energia e Minérios da Argentina, que antecipou que várias empresas estão visitando a região para avaliar a possibilidade de investimentos para a extração do mineral. Entre elas estão a Tata, Peugeot e Volkswagen. A vantagem da Argentina neste momento em relação ao Chile e Bolívia é a maior segurança jurídica oferecida para extração do mineral a longo prazo. É basicamente o mesmo principio do Rota 2030, ou seja, uma garantia de que as regras não mudarão em curto tempo, o que colocaria em risco investimentos mais altos.
No Chile, há uma cota negociada entre governo e empresas privadas, mas essa negociação é sempre tensa. Na Bolívia, também há restrições do governo que visam proteger as reservas com o objetivo da extração por estatais.
O fato é que a Argentina despontará em breve como a maior fornecedora do lítio do mundo. Fabricantes de baterias que se instalarem na região terão fácil acesso ao minério e custos mais baixos de distribuição na América Latina.
Isso casa com o plano de lançamentos de carros elétricos por aqui. Um alto executivo de uma montadora instalada no Brasil confidenciou ao Motor1.com que a produção de um carro elétrico por uma marca de grande volume acontecerá "muito antes do que se imagina". As peças do quebra-cabeças já estão se juntando, e isso mostra que a chegada dos elétricos acontecerá de modo consistente. E não vai demorar.
Por Fábio Trindade
De Córdoba, Argentina
Viagem a convite da Nissan do Brasil
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