Para cumprir as metas de rendimento energético e emissões de poluentes impostas por diversos países, as fabricantes de automóveis encontraram uma solução: desligar o motor quando o carro está parado. O chamado start-stop é um sistema que desativa o propulsor em pequenas paradas e mantém o sistema em estado de espera, religando o veículo ao tirar o pé do freio ou pisar na embreagem (dependendo do tipo de transmissão).
Porém, como o sistema é relativamente novo no Brasil, muitas pessoas ainda não entendem exatamente como ele funciona e têm dúvidas sobre suas vantagens e desvantagens. Desligar e ligar o motor vai gastar a bateria mais rápido? Ele usa uma bateria especial (e mais cara)? O que fica ligado e desligado quando o carro para no semáforo? Vamos aos esclarecimentos.
Ao parar o veículo sem desligar o contato da chave, o carro percebe que é uma parada rápida de semáforo ou similar e corta o funcionamento das velas e a injeção de combustível. Nos carros com câmbio automático, isso acontece ao manter o pedal de freio pressionado até o fim, enquanto os manuais pedem que o câmbio seja colocado no neutro e que a embreagem não esteja pressionada. Para ligar o carro novamente, basta soltar o freio ou pisar na embreagem que o motor volta a funcionar.
Existem alguns parâmetros para que o start-stop funcione (ou não). Se o motor ainda estiver frio, o sistema não irá funcionar – religar o carro enquanto o motor não estiver na temperatura ideal gasta mais combustível. Depois de muito tempo parado, ele irá religar automaticamente mesmo com o pedal no freio, para manter a temperatura do motor ou se houver uma demanda pelo ar-condicionado.
“A estratégia de funcionamento de determinados sistemas, como o de ar-condicionado e o de iluminação, é definida pelas montadoras”, explica Diego Riquero Tournier, chefe do Centro de Treinamento Automotivo da Bosch. “Para o caso dos itens de segurança, como o airbag, todos os componentes e sistemas continuam em funcionamento, assim como a maioria dos consumidores elétricos do veículo.”
O que a maioria das fabricantes faz é, quando o ar-condicionado trabalha com compressor que só funciona com o motor ligado, manter o sistema desligado por alguns minutos. Depois deste tempo o motor volta a funcionar. No caso dos carros com ar-condicionado digital, ele é capaz de monitorar a temperatura da cabine e reativar o sistema caso ela mude demais. Alguns modelos mais caros e/ou com tecnologia híbrida podem ter uma segunda bateria, voltada somente para o ar-condicionado e outros equipamentos.
Grande parte dos veículos com start-stop utiliza um sistema de gestão de energia, monitorando os equipamentos elétricos e a demanda por energia, sendo capaz de desligar os que não são necessários no momento.
Sim, os veículos com start-stop usam um tipo de bateria diferente, feita especialmente para suportar uma quantidade maior de partidas do motor. Por causa disso, ela também é mais cara, dependendo da especificação de cada veículo. Enquanto uma bateria comum pode custar cerca de R$ 300, uma preparada para start-stop tem valores, em média, de R$ 1.200.
Em compensação, as fabricantes de baterias dizem que elas têm um ciclo de vida 3x maior do que a convencional. O consumo para cada partida é pequeno comparado com o de um motor normal, por causa da gestão feita pela unidade de controle do motor (ECU). O sistema sabe a posição exata dos pistões e faz ajustes para uma partida rápida – e quanto mais rápido for a partida, menos energia elétrica será gasta.
"Um possível aumento do consumo elétrico (devido ao maior número de partidas durante o dia) é totalmente compensado por uma diminuição do consumo de combustível ao manter o motor a combustão mais tempo desligado, o que gera uma economia energética significativa", afirma Tournier.
A primeira preocupação das fabricantes quando criaram o start-stop era que o motor fosse capaz de suportar tantas partidas. "Além dos componentes do sistema de partida serem reforçados, é muito importante destacar que outros componentes significativos do motor, como velas, injetores, válvulas, bomba de combustível, bomba de água e outros, permanecerão menos tempo em operação, portanto a vida útil será superior se comparada com um veículo sem o sistema start-stop", afirma Tournier.
Porém, a manutenção pode ser mais cara caso não seja feita de forma preventiva. Se deixar para fazer as trocas das peças apenas quando der algum problema, o custo pode ser maior por causar danos a todo o sistema de ignição. Segundo Hiromori Mori, consultor da NGK, velas desgastadas podem reduzir a vida útil de outros componentes, como cabos, bobinas e catalisadores. O ideal é que a inspeção seja feita de acordo com o manual do veículo ou a cada 10 mil quilômetros.
Depende do veículo. Algumas fabricantes têm a política de não colocar um botão que desativa o sistema, alegando motivos de segurança, como a Chevrolet. Mas, felizmente, a maioria das fabricantes dá essa opção para o proprietário. Ao apertar o botão, o start-stop deixa de funcionar durante o período em que o veículo estiver ligado. Ao dar partida novamente, ele voltará a operar ou caso seja alterado o modo de condução do carro (caso tenha este sistema).
Depende do uso. Se a pessoa passa a maior tempo em estradas ou fazendo caminhos que não envolvem paradas, o start-stop irá atuar pouco. Então, a economia de combustível será pequena. Para quem está nas cidades, com semáforos e congestionamentos, a história é diferente. Engenheiros normalmente falam num ganho de 10% no rendimento, em média. É o suficiente para que um carro passe de 8 km/l para 8,8 km/l. Em um veículo com tanque de 50 litros, 8 km/l é o suficiente para 400 km de autonomia. Com o start-stop, o valor teórico sobe para 440 km.
Fotos: Divulgação
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