Nós entusiastas estamos sempre pedindo algo que as montadoras não lançam: esportivos, peruas, versões com câmbio manual... É triste, mas muitos dos carros que gostamos de dirigir estão sendo deixados de lado pelo consumidor e, no fim, acabam sendo retirados de produção. Também há casos de carros para ter o famoso "preço-pegadinha" e algumas categorias que estão sendo simplesmente engolidas por outras. Fazendo uma análise nas vendas recentes do mercado brasileiro, encontramos alguns exemplos que ainda resistem apesar da baixa procura. Vamos a eles:
Única perua média à venda no país, a Golf tem motor 1.4 turbo de 150 cv, é dona de uma excelente dirigibilidade e possui um porta-malão de 605 litros. Essas características, porém, não são suficientes para fazê-la sequer chegar perto de algum SUV compacto nas vendas. Em setembro, emplacou somente 47 unidades. Ainda bem que a VW não liga para isso e manterá a perua na gama brasileira em 2018, inclusive com uma leve reestilização e painel digital - ao menos ela aparece nos flagras de testes ao lado do Golf hatch. Além da VW, conta-se nos dedos as peruas oferecidas no Brasil: Audi A4 Avant, Mercedes C Touring, Volvo V60 e Subaru Outback. As acessíveis Fiat Palio Weekend e VW SpaceFox agonizam.
Versão preparada pela RS francesa é um tesão de dirigir: tem "chão" impressionante e um câmbio de 6 marchas de relações curtíssimas para deixar o motor 2.0 aspirado sempre acordado. Mas, por ser um carro quase de pista para as ruas, suas vendas são bem restritas. Esperamos que a Renault não desista do RS tão cedo, mas sabemos que o futuro de um hot hatch com motor aspirado, câmbio manual e acerto de pista é duvidoso. O mesmo vale para seu rival Peugeot 208 GT, tão pedido pelos fãs e pouquíssimo visto nas ruas.
O Civic sempre se diferenciou do arquirrival Toyota Corolla pela esportividade. Nesta décima geração, além da versão 1.5 turbo, ele ganhou também um modelo de entrada com câmbio manual, chamado de Sport. Ficou bacana de dirigir, com o motor 2.0 aspirado podendo ser extraído ao máximo pela excelente caixa de 6 marchas, com engates curtinhos. Mas encontrar um Sport manual é como achar uma agulha no paleiro: a maioria esmagadora das vendas da versão Sport são com o câmbio automático CVT. Além do Civic, outro sedã médio que ainda tem câmbio manual é o Citroën C4 Lounge Tendance.
O preço abaixo dos R$ 30 mil pode atrair compradores para os subcompactos Chery QQ Smile e Renault Kwid Life. Mas a real é que ninguém mais quer carro sem ar condicionado, direção assistida e vidros elétricos ao menos nas portas dianteiras. Então a conta acaba subindo... Tanto é que a Chevrolet e a Ford não vendem mais carros sem esses equipamentos de série. Ninguém sofre para manobrar ou passa calor num Onix (mesmo o Joy com cara antiga) ou num Ka.
Vendida nas versões curta e longa, para 5 e 7 ocupantes respectivamente, a Citroën C4 Picasso é certamente o melhor carro familiar de sua faixa de preço. Oferece excelente espaço interno, painel central com mostradores digitais, motor 1.6 turbo e teto de vidro panorâmico, entre outros mimos. Mas o domínio dos SUVs tem deixado cada vez menos espaço para as minivans no mercado mundial. Tanto é que a própria parceira da Citroën na PSA, a Peugeot, transformou seu 3008 de minivan em SUV na última mudança. E vem obtendo muito mais sucesso que a C4 Picasso... A única que vem se salvando na seara das minivans é a Chevrolet Spin, que custa pouco pelo que entrega de espaço. Caiu nas graças dos taxistas e das famílias que não têm grana para um SUV.
Primeiro foram as peruas, depois as minivans... Agora são os hatches médios que sofrem com o sucesso dos SUVs. Mesmo com o mercado brasileiro tendo três ótimas opções nesta categoria (Golf, Focus e Cruze Sport6), a venda deles somada não chega ao número do Honda WR-V, o hatch aventureiro da Honda baseado no Fit. O líder Cruze vendeu pouco mais de 600 unidades em setembro. Com o segmento em crise, a Ford já adiantou que terá uma versão aventureira chamada Active na próxima geração do Focus - justamente para tentar reconquistar os consumidores perdidos para os SUVs.
Na era dos "SUVs de shopping", os 4x4 de verdade estão cada vez mais raros. Que o digam os jipes Troller T4 e Suzuki Jimny, os dois remanescentes dos foras-de-estrada legítimos. Os dois possuem tração integral com reduzida, carroceria de duas portas com entre-eixos curto, elevados ângulos de sobreposição de obstáculos e destacada altura livre do solo. O T4 é mais rústico ainda, com carroceria de fibra e motor a diesel. Mas o Jimny, mesmo com motor a gasolina, possui versões bem preparadas para o off-road, incluindo pneus lameiros e para-choques especiais. Ambos vendem pouco, mas têm público cativo.
Fotos: divulgação e arquivo Motor1.com
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