Os rumores surgiram em janeiro deste ano e foram devidamente reportados por aqui. No último dia 4, o pessoal do site Motoring antecipou que o rumor tinha fundamentos fortes. Mais exatamente um simpósio de tecnologia. Pois nesta terça (8) a Mazda confirmou o que já suspeitávamos: ela realmente será a primeira empresa com um motor HCCI de produção. Ele será chamado de SKYACTIV-X e começa a ser vendido em 2019. É, como dissemos em janeiro, o Santo Graal dos motores a combustão.
Isso acontece porque o HCCI de produção, ou Homogenous Charge Compression Ignition, une o melhor dos motores Otto e dos Diesel. No primeiro caso, as baixas emissões de poluentes. No segundo, o baixo consumo de combustível e o torque alto. Segundo a fabricante japonesa, por meio de uma tecnologia chamada Spark Controlled Compression Ignition, algo como ignição controlada por faísca e compressão. E que também dá nome ciclo. Em outras palavras, a Mazda não chama o SKYACTIV-X de HCCI, mas de SPCCI.
A Mazda ainda não deu detalhes sobre o sistema, mas essas imagens da empresa são a dica de que ela usa um compressor mecânico para dosar as quantidades de ar presentes nas câmaras de combustão. Algo que ela chama de "unidade de entrega de ar", que seria altamente responsiva. Algo que permitiria tanto um comportamento mais esperto do motor quanto o controle das temperaturas de combustão que é essencial aos HCCI. Ou melhor, aos novos SPCCI.
A transição de ignição por vela para a por compressão seria extremamente suave. E funcionaria em uma ampla faixa de rotações e de cargas do motor. A ideia é maximizar o uso da ignição por compressão no SKYACTIV-X, que permitiria a combustão de uma mistura extremamente pobre de combustível. Além de torná-lo tão ou mais eficiente do que os motores SKYACTIV-D (diesel) em termos de consumo, essa característica também gera um aumento de 10% a 30% em torque em relação aos atuais motores SKYACTIV-G (a gasolina). Como mostra o gráfico abaixo, com gasolinas de 95 octanas e de 91 octanas.
Se você lamenta o fato de a Mazda ter saído do Brasil, a engenharia brasileira é quem deve estar mais chateada. Já pensou o que o ciclo SPCCI não faria com o uso de etanol? E o que não faria se tivesse taxa de compressão variável, como tem o motor VC-T da Infiniti? Pois é: mais uma vez ficamos de fora.
O novo SKYACTIV-X deve ser lançado em 2019, provavelmente sob o capô do novo Mazda3, como já antecipamos. Além do "Santo Graal", a Mazda diz que começará a adotar modelos elétricos ou eletrificados em cidades com fontes renováveis e limpas de geração de energia elétrica e naquelas que restringem a circulação de veículos mais poluentes. Tecnologias autônomas também estão previstas. Volta para o Brasil, Mazda, por favor... Nunca te pedimos nada, vai?
Fotos: divulgação
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