Após 5 meses intensos de negociações e trâmites burocráticos, os franceses da PSA finalmente tornam-se controladores oficiais da Opel e da Vauxhall. Até então de propriedade da General Motors, as marcas se juntam às companheiras Peugeot, Citroën e DS para formar o segundo maior conglomerado automotivo da Europa em volume de vendas, atrás apenas do grupo Volkswagen. A compra custou à PSA cerca de 2,2 bilhões de euros. E outros tantos bilhões devem ser movimentados até o fim da década em sinergias e planejamentos.
Sob a tutela da GM há nada menos que 88 anos, a Opel não rendia lucros aos norte-americanos desde 1999. Sua venda representa a saída definitiva do grupo da Europa (a marca Chevrolet, vale lembrar, deixou o continente há cerca de dois anos) e reflete a decisão da CEO Mary Barra de manter investimentos apenas em mercados rentáveis. Além do Velho Continente, a marca anunciou recentemente o fim das operações em países como Índia, Indonésia e África do Sul, além da redução de atividades na Tailândia.
Otimistas, os franceses prometem tornar a dupla Opel/Vauxhall novamente lucrativa até 2020 e ampliar a margem operacional para 6% até 2026. A sinergia entre todas as marcas é apontada como estratégia-chave para o alcance dessa meta. "Estamos assistindo ao nascimento de um verdadeiro campeão europeu hoje", afirmou o presidente do PSA, Carlos Tavares, em comunicado. "Nós iremos ajudar o retorno da Opel e da Vauxhall à lucratividade e tentaremos estabelecer novos benchmarks no mercado", completou.
A Opel, por meio do CEO Michael Lohscheller, também comemorou a aquisição e disse estar testemunhando um novo capítulo na história da marca. "A combinação de nossos pontos fortes nos permitirá transformar a Opel e a Vauxhall em marcas comercialmente rentáveis e autofinanciadas. Nós estabelecemos o objetivo claro de retornar à rentabilidade até 2020", comentou. Apesar do novo comando, Lohscheller garantiu: "a Opel continuará a disponibilizar a tecnologia 'Made in Germany' para todos", finalizou.
GM e PSA já eram próximas desde 2012, quando assinaram conjuntamente uma aliança estratégica global em vários campos. Desse acordo, nasceram os crossovers Crossland X e Grandland X, baseados nas plataformas dos modelos Peugeot 2008 e 3008, respectivamente. Agora, com a aquisição total, a cooperação será aprofundada e novos modelos serão lançados. Em 2018, por exemplo, chegará ao mercado o sucessor do Opel Combo (atualmente derivado do Fiat Doblò) e para 2019 está prevista a estreia da nova geração do Corsa - ambos com tecnologia PSA.
E assim acontecerá com todos os demais modelos Opel/Vauxhall, já que a expectativa da PSA é inserir suas plataformas nos modelos alemães na medida em que novas gerações forem lançadas. Na prática, serão 5 marcas diferentes usando praticamente as mesmas arquiteturas eletrônicas, os mesmos motores e os mesmos dispositivos tecnológicos - fato que reduz significativamente os custos de desenvolvimento e amplia de forma considerável a economia de escala, com consequente ganhos em lucratividade.
Por fim, ficou acordado na negociação que a Opel continuará trabalhando no programa de propulsão elétrica da GM e, ao mesmo tempo, produzindo modelos que hoje são vendidos pela Buick e Holden. Há planos ainda para aquisição do braço europeu da GM Financial, mas sem data para conclusão.
Segunda posição na Europa
Em 2016, a dupla anglo-germânica emplacou em toda a Europa cerca de 1 milhão de veículos. A PSA, por sua vez, entregou algo em torno de 1,5 milhão de exemplares. Agora juntas, ambas devem se aproximar facilmente da casa dos 3 milhões de exemplares vendidos por ano, chegando ao segundo lugar no continente. A líder Volkswagen vendeu no ano passado na região 3,6 milhões de carros.
Fotos: divulgação
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