Apontada desde 2015 como forte agente colaborador da ditadura militar brasileira, a Volkswagen mais uma vez se vê às voltas com este polêmico caso depois da publicação de uma reportagem investigativa na Alemanha. Produzida pelo jornal "Süddeutsche Zeitung", a matéria detalha com riqueza de informações a participação da montadora no regime e chega a colocá-la não apenas como tolerante em relação às ações praticadas pelos militares, mas também como participante ativa da construção de denúncias contra funcionários considerados opositores.
"Não somente colaborou com o regime militar, como era um ator autônomo da repressão. Um bom cúmplice", afirma o jornal. As acusações são embasadas em "documentos da investigação em curso em São Paulo contra a subsidiária brasileira da Volkswagen" e outros documentos "internos", diz a publicação. Ainda segundo a matéria, a maioria das ações eram praticadas na fábrica de São Bernardo do Campo, incluindo a realização de torturas e prisões dentro das instalações da própria unidade.
Funcionários considerados suspeitos eram espionados e tinham a ficha e informações pessoais entregues à polícia. Nesta época, o departamento de segurança da fábrica foi transformado em um QG de inteligência, cujo principal objetivo era vasculhar a vida de todo o quadro de funcionários. O relatório também destaca que o conselho de administração da VW estava ciente dos acontecimentos. Na época, funcionários brasileiros viajaram para a sede da empresa em Wolfsburg e denunciaram o caso ao então CEO Toni Schmücker.
Além disso, o jornal relata que o governo alemão também foi informado. Chanceler da Alemanha no período, Helmut Schmidt tomou conhecimento dos fatos por meio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que na época era líder sindical.
Questionada, a Volkswagen preferiu não comentar o caso agora. Afirmou que aguarda a conclusão de um relatório independente encomendado ao historiador Christopher Kopper, cujos resultados serão divulgados até o fim do ano.
Fonte: DW
Fotos: divulgação
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