No final de março, o médico Marco Lazzeri, de Belo Horizonte, levou seu Peugeot 408 THP para a revisão de 50 mil km. O diagnóstico era que os discos dianteiros estavam empenados e que seria preciso trocá-los, assim como as pastilhas de freio. Problema: não havia peças disponíveis e elas teriam de ser encomendadas à fábrica. O médico as deixou pagas, com a promessa de que seria avisado da chegadas delas. Duas semanas depois, ligou para a concessionária e foi informado de que os discos e pastilhas chegarão apenas em 28 de abril. Esse é apenas mais um dos muitos casos de atraso na entrega de peças envolvendo a Peugeot. E também a Citroën, do mesmo Grupo PSA, como comprova uma consulta rápida ao site Reclame Aqui.
"Trinta dias. Trinta dias pra entregarem peças que são consumíveis, que gastam mesmo, que tem de trocar sempre. Peças que a concessionária Bordeaux BH deveria ter em estoque rotineiramente. Não adianta chamar funcionário de 'colaborador', vendedor de 'consultor de vendas', estoquista de 'supervisor de suprimentos', fingir que tem "controle dinâmico de estoque" e 'filosofia just in time', brincar de usar técnicas modernas de gestão e depois aprontar uma patacoada destas! Já paguei pelas peças e estou rodando com disco de freio empenado e pastilha gasta!", disse Lazzeri ao Motor1.com.
Segundo o médico, já havia carros parados na oficina da Bordeaux por mais de 15 dias no final de março. Por falta de peças. Como na queixa deste cliente postada no site de reclamações. Ela foi publicada em 19 de março e continua sem atendimento. As peças de Lazzeri aparecem como "venda pendente" no orçamento fornecido pela concessionária. "Nem vou comentar a 'tampa do cabeçote" que vou precisar trocar. R$ 1.900. Está furada e vazando ar".
Assuntando aqui e ali, o médico foi informado de que o problema estava na mudança no centro de distribuição de peças da PSA. Ele seria transferido de São Paulo para dentro da fábrica da empresa, em Porto Real (RJ). Em contato com o Motor1.com, a empresa confirmou a causa dos problemas. Segundo a PSA, a mudança foi para buscar "uma maior eficiência no atendimento aos clientes da marca no Brasil" e incluiria "a alteração de seu sistema informático". As medidas seriam os pilares de "um amplo programa de melhoria da sua logística de peças e acessórios". Segundo nossas fontes, o motivo verdadeiro foi redução de custos, já que a fábrica tem um bocado de espaço desocupado.
Veja o comunicado oficial da PSA abaixo:
“No processo de implementação deste novo sistema, ocorreu um problema em sua parametrização, impactando o fornecimento de peças para as redes de concessionárias (da Peugeot e da Citroën), resultando em atrasos nos serviços de pós-venda. O Grupo PSA, ciente desta situação e da forma como ela vem afetando os clientes de suas marcas, tomou ações imediatas para a priorização total do atendimento dos envolvidos. Esta situação é transitória e todas as equipes da Peugeot e Citroën, bem como suas redes de concessionárias, estão totalmente mobilizadas para resolver a questão da forma mais breve possível.”
Questionada sobre o que seria a "forma mais breve possível", a PSA preferiu não dar prazo para a solução do problema. O risco é que ela não seja rápida o suficiente para reverter a má impressão causada entre os clientes. E justamente num momento em que suas marcas lutam para melhorar suas reputações nessa área. Em seu 4º Peugeot, Lazzeri pensa em desistir dela de vez. "Depois que você pega um Peugeot, fica muito difícil trocar de marca. Você só consegue vender um Peugeot na concessionária, como entrada em outro Peugeot. Lugar nenhum pega mais. Mas vou assumir o prejuízo e trocar. Os caras abusaram. Este meu carro está dando uma dor de cabeça absurda."
Fotos: arquivo pessoal e divulgação
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