Carro autônomo dá sono. Pelo menos nos engenheiros da Ford
Não adiantou nada encher o veículo de avisos e colocar mais um engenheiro no carro: todo mundo caiu no sono
Algo de que muitos de nossos leitores já suspeitavam foi comprovado cientificamente: carro autônomo dá sono. Pelo menos foi este o problema enfrentado pelos engenheiros da Ford que testam a tecnologia, segundo o chefe de desenvolvimento da marca, Raj Nair, algo que levará a empresa a partir direto para o desenvolvimento de autônomos de nível 4 e 5.
"Nossos engenheiros são treinados para observar tudo que acontece, mas é da natureza humana começar a confiar mais e mais no equipamento a ponto de sentir que não é mais preciso prestar atenção", disse o engenheiro à BloombergTechnology. Ele acrescentou que o "passeio" era tão tranquilo (e entorpecente) que não adiantou nada colocar sinetas, luzes de alerta, buzinas ou bancos e volante vibratórios. Nem um segundo engenheiro no carro. "Eles não conseguiam se manter atentos à situação", disse Nair.
Há hoje cinco níveis de automação de direção definidos pela SAE e adotados pelo governo norte-americano. O nível 1 é o de assistentes de estacionamento, por exemplo. O 2 é o que a Tesla oferece atualmente com o Autopilot, que requer monitoramento humano do ambiente de direção, ainda que o carro cuide do esterçamento, da aceleração e das frenagens. No nível 3, o carro cuida até das condições de direção e do trânsito, mas a responsabilidade é do humano. No 4 e no 5, tudo fica por conta do veículo, mas um modelo de nível 5 consegue pegar até trilha, por exemplo.
Segundo John Krafcik, o CEO da Waymo (empresa de direção autônoma do Google), todo mundo deve pular o chamado nível 3. "Ele pode ser apenas um mito. Talvez não valha a pena desenvolver.” Mais do que isso: tem gente preocupada com o tal nível 3. Ele pode oferecer riscos à segurança ao exigir que um motorista distraído (ou dormindo) tome decisões de vida ou morte em questão de segundos, como disse Nidhi Kalra, co-diretor do Rand Center for Decision Making Under Uncertainty.
A Ford anunciou recentemente que investirá US$ 1 bilhão em robótica e no desenvolvimento de inteligência artificial, comprando até uma startup especializada nisso, a Argo AI. Seu carro autônomo, que será mostrado em 2021, mas só será colocado à venda em 2025, não terá pedais nem volante.
No final das contas, o carro autônomo deverá se comparar a um transporte público decente, capaz de levar e trazer seus passageiros com um mínimo de conforto, apenas sem baldeações (mas com mais custo). E também sem risco de passar do ponto se você cair no sono...
Fonte: BloombergTechnology
Fotos: divulgação
Galeria: Ford Fusion autônomo de segunda geração
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