Quem quer dinheiro? Essa pergunta ficou famosa aos domingos, mas ela não tem mais dia para ser ouvida. Vá a qualquer casa lotérica ou passe por uma Caixa para ouvir, nas filas ou na boca do caixa: quero tirar meu FGTS. Não estamos falando de demissões em massa, mas sim da possibilidade que o governo abriu para que as pessoas saquem o dinheiro de suas contas inativas de FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Segundo a Agência Brasil, a medida colocará R$ 30 bilhões de volta à economia, provenientes das contas de 30,2 milhões de pessoas. Dados oficiais da Caixa, porém, falam em R$ 43,6 milhões. E já tem um monte de gente de olho nessa bolada.
Em sua tradicional entrevista de divulgação de resultados, o presidente da Anfavea, Antonio Megale, elencou três fatores como a base para um otimismo maior com 2017: a redução das taxas de juros, a recuperação da confiança dos consumidores e a liberação das contas inativas de FGTS.
E ele ainda nem tinha a informação mais saborosa com relação a elas. Segundo dados da Caixa, 550 mil clientes têm valores acima de R$ 10 mil para receber. Isso já é suficiente para dar uma boa entrada em um modelo de entrada. Mas também há mais de 50 mil pessoas com valores acima de R$ 50 mil para receber. Se cada uma dessas pessoas resolvesse comprar um carro novo ou dar uma entrada e financiar o resto, o volume de vendas de 2017 já seria bem melhor do que o do ano passado. Veja abaixo como está a distribuição dos R$ 43,6 bilhões.
Mas não é apenas na compra de um veículo que as contas inativas do FGTS poderão ajudar. "Esse pessoal todo que vai receber até R$ 3 mil vai limpar o nome. É um público que volta ao mercado", lembra o presidente da Fenauto (Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores), Ilídio dos Santos.
"Você vê o pessoal na TV falando que vai limpar o nome. A inadimplência aumenta a taxa de juros e aperta o crédito. Há alguns anos, 70% dos carros seminovos que vendíamos eram financiados. Em 2016, foram só 35%", diz o executivo, que fará um trabalho junto às associações estaduais para atrair os beneficiários. "O pessoal não dorme no ponto, pode ter certeza. Isso nós já fazemos sistematicamente, dizendo que o mercado de seminovos é sempre mais negócio. É um carro já desvalorizado e com garantia, em muitas das vezes. Temos crescido nos últimos 2 anos com modelos de até 3 anos de uso. De janeiro de 2106 para cá, tivemos 34,5% a mais de vendas neste segmento."
E são muitos os potenciais clientes: 27,3 milhões de pessoas com valores até R$ 3 mil para receber, fora os outros que já citamos como potenciais compradores de modelos novos. Digamos que metade dessa turma consiga quitar as dívidas e limpar o nome: já seriam quase 15 milhões de pessoas com chance de ter um financiamento aprovado. Algo que não alivia o setor de motos.
"Vemos essa entrada de dinheiro como um estímulo aos negócios e temos um papel estratégico nisso. Estamos conversando com a Caixa para ter um financiamento de motos, talvez por meio do Banco Panamericano. Temos hoje menos de 5% de aprovação em financiamentos para nossos clientes, que são em sua maioria das classes C, D e E e adquirem motos de baixa cilindrada, na faixa de R$ 7 mil", diz José Eduardo Ramos Gonçalves, diretor-executivo da Abraciclo. Segundo ele, 85% dos compradores de motos se encaixam nesta descrição.
"São três os fatores que atrapalham os financiamentos: nossos clientes estão com pendências financeiras, têm comprovação de renda difícil e, de 2 anos para cá, também estão com receio de comprar", diz Gonçalves. Ainda que as contas inativas do FGTS ajudem a melhorar este quadro, a queda nas fabricantes de motocicletas ainda deixa pouca margem para otimismo. "Nossa produção caiu para os níveis de 2002. Foram 26,5% de queda de 2015 para 2016. Para este ano, prevemos um aumento de 2,5% na produção, de 887.653 para cerca de 910 mil motos, mas vendas de 890 mil, contra as 899.793 de 2016. O que nos ajudará é a ampliação da exportação, principalmente para a Argentina."
Vale lembrar que não é apenas o setor automotivo e de motocicletas que vai disputar estes recursos. Todo mundo está de olho nessa grana, como a plateia de seu Silvio. O que sabemos é que o dinheiro novo deve ajudar a roda da economia a voltar a girar. E fabricantes e concessionários torcem para que mais rodas girem além desta. De preferência as que eles ainda têm para vender.
Fotos: divulgação
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