O motociclista brasileiro que deseja uma custom verdadeiramente norte-americana ganhou uma opção além das tradicionais Harley-Davidson. É que a Indian, rival ferrenha lá nos EUA, está de volta ao país pelas mãos da Polaris. E vem forte, com uma linha que já abrange quatro modelos, incluindo a cobiçada Scout, uma moto que destaca pela esportividade apesar de trazer todo o estilão clássico das customs da terra do Tio Sam.
Pelo preço, estilo e proposta, a Scout acaba invadindo a seara de um modelo pra lá de mítico das Harley: a Forty-Eigth, que acaba de ser renovada para a linha 2016. Então, nada mais normal do que pensar numa delas e acabar olhando para a outra. Quer saber qual faz mais seu estilo? O resultado você confere a seguir!
Ambas são construídas de acordo com a receita norte-americana de fazer moto: estilo custom, motor V2 de grande capacidade, pneus gorduchos e transmissão final por correia dentada. Com visual de modelo customizado, a Forty-Eight tem preço sugerido de R$ 50.700. A Scout aposta em linhas mais “modernas” e, tabelada a R$ 54.990, é o modelo mais acessível da marca. As duas são destinadas ao um público jovem e “individualista”, pois elas não têm banco, nem pedaleiras ou alça de apoio para transportar garupa - somente como acessório.
Começando pelo estilo, a Forty-Eight inspira-se nos veículos hot-rods e traz rodas e pneus largos, que conferem um visual robusto. Tem pintura escura, poucos cromados e desenho minimalista. Já a Indian Scout segue a linha das custom “long and low”, ou seja, longa e baixa, porém com ângulos retos que lhe conferem um ar esportivo. A Indian ainda ostenta duas grandes saídas de escapamento cromadas.
Os tanques de combustível demonstram as propostas diferentes destas motos. A Harley traz um pequeno reservatório no estilo peanut (amendoim), que fez sucesso na década de 1950. Com capacidade para parcos 7,9 litros, oferece autonomia de apenas 150 km, exagerando! Despojado, usa uma tampa cromada que é fácil de abrir, mas pouco segura, por ser apenas rosqueada, sem nenhuma trava. O tanque da Indian tem visual mais atual com ângulos retos e maior capacidade: 12,5 litros, o que resulta em uma autonomia de 250 km. O bocal no estilo aeronáutico é basculante e mais prático na hora de abastecer.
A Indian permite ao piloto esticar as pernas enquanto os braços alcançam o largo guidão com tranquilidade. As pedaleiras ficam lá na frente, o que dificulta a vida dos pilotos mais baixos, mas oferece conforto na estrada. Apesar do desenho simples, o painel é bem completo, trazendo velocímetro analógico e boa visualização noturna. No mostrador digital há hodômetro, conta-giros, indicador da temperatura do motor, relógio e até mesmo indicador de marchas.
Na Harley, a posição de pilotagem é mais agressiva e urbana. As pedaleiras recuadas obrigam o piloto a manter as pernas dobradas e o tronco projetado à frente. O painel com fundo preto tem como destaque o velocímetro, enquanto um pequeno display digital mostra informações como giros do motor, hodômetros e marcha engatada, entre outros dados. Para isso basta o piloto acionar um botão e mudar a tela.
Embora potência e altas velocidades não sejam o forte desses modelos, os motores V2 oferecem desempenho à altura do estilo "bad boy". A Harley usa o clássico propulsor Evolution de 1.200 cc, que oferece bastante torque (8,97 kgfm a 3.500 rpm), mas infelizmente o fabricante não declara a potência máxima – estimada em torno de 60 cv. Com refrigeração a ar e comando de válvulas por vareta, apresenta a costumeira vibração e o ronco característico que fez a fama da marca. A Forty-Eight consegue manter velocidade de cruzeiro na casa dos 120 km/h enquanto o V2 praticamente “ronrona” a pouco mais de 3.300 giros em quinta (e última) marcha.
Na parte mecânica a Scout se destaca por ser mais forte e atual. O V2 de 1.133 cc usa duplo comando de válvulas e refrigeração líquida. Segundo o fabricante, a potência máxima é de 100 cv e o torque (o fator mais importante nesse tipo de moto) chega a 9,96 kgfm em 5.900 giros. Para manter os mesmos 120 km/h o V2 está a 4.000 giros, mas o câmbio da Indian leva vantagem por ter seis marchas e apresentar engates mais macios - sem aquele "clac" da Harley.
Dinâmicas diversas
Essas meninas americanas são verdadeiros pesos-pesados: mesmo com quadro e balança de alumínio a Indian acusa 248 kg (a seco), enquanto a Harley e todo aquele aço marca 245 kg na balança. Ou seja, não são motos fáceis de manobrar e exigem certa experiência de pilotagem, mas com a força dos motores V2 todo esse peso desaparece ao rodar. As duas motos usam sistemas de suspensão tradicionais: garfos telescópicos na dianteira e duplo amortecimento na traseira, com acerto mais macio na Indian.
O conjunto da Harley evoluiu no modelo 2016. A fábrica investiu num novo sistema de cartucho das bengalas dianteiras e amortecedores com regulagem, um sistema mais progressivo e eficiente na traseira. O conjunto absorve melhor as imperfeições do piso do que os anteriores, mas ainda assim não chega ao nível de conforto da Indian. Na Scout, o sistema também conta com ajustes na pré-carga da mola traseira.
Na cidade, a Forty-Eight sente-se mais à vontade por ter um guidão estreito e entre-eixos mais curto. A posição dos retrovisores, abaixo do guidão, também ajuda a passar entre os carros. Já a Scout tem guidão mais largo e entre-eixos longo, ficando mais à vontade na estrada e em avenidas largas. Em ambas, as pedaleiras projetadas à frente exigem um bom trabalho de pernas no anda e para dos congestionamentos. Além disso, nas duas motos é preciso se acostumar com o calor emanado pelo cilindro traseiro – que ferve as pernas no trânsito parado.
As duas trazem freios a disco nas duas rodas e sistema ABS de série, parando com eficiência apesar do peso elevado do conjunto - nos dois casos. Parrudas, elas são equipadas com rodas de liga leve aro 16 polegadas calçadas com pneus largos: 150/80 na dianteira e 130/90 na dianteira. As generosas medidas conferem bastante estilo, mas comprometem a agilidade nas mudanças de direção.
Quem busca uma moto para uso exclusivo na cidade poderá ser bem feliz com a Forty-Eight. Cheia de estilo e com o status de ser uma “Harley-Davidson”, ela custa menos, empolga pelo ronco e é mais fácil de pilotar no trânsito. Porém, se o objetivo for fazer longas viagens, esqueça: para se ter ideia não dá para ir de São Paulo a Campinas sem parar para abastecer o diminuto tanque.
Já a Indian Scout chega com aura de novidade e ainda tem desempenho entusiasmante para uma custom. Mas é preciso levar em conta que a Scout custa quase 10% a mais e a marca ainda não tem a mesma representatividade da HD no mercado nacional (bem menos pontos de venda e manutenção). Por outro lado, seu motor é bem mais potente e não vibra quase nada, além de a Scout oferecer conforto e autonomia para ser usada também na estrada. A Harley ganhou uma rival à altura!
Segunda opinião:Difícil escolha! As duas esbanjam estilo e personalidade, chamando bastante atenção nas ruas. Na Indian, gostei muito do desempenho e da suavidade de condução (não tem aquela vibração exagerada da Harley), sem falar na suspensão mais macia, que achei mais adaptada ao nosso piso. Senti falta apenas de um ronco mais forte, pois a moto original é tão quieta que nem parece ter um motorzão. Na Harley é muito legal o guidão estreitinho, que a deixa bastante ágil na cidade, e o roncão encorpado do V2 que enche o ar com seus borbulhos. Mas ela continua dura nos buracos e tem autonomia muito limitada. - Daniel MessederTexto: Agência INFOMOTOFotos: Mario Villaescusa/Agência INFOMOTOEdição: Redação CARPLACEFICHA TÉCNICAIndian Scout
Motor Dois cilindros em “V”, 1.133 cc, duplo comando no cabeçote (DOHC) e refrigeração líquida; Diâmetro x Curso 99mm x 73.6mm; Taxa de compressão 10.7:1; Capacidade 1.133 cm³; Potência Máxima 100 cv (rotação não divulgada); Torque Máximo 9,96 kgfm a 5.900 rpm; Sistema de Alimentação Injeção Eletrônica; Partida Elétrica; Câmbio 6 velocidades; Embreagem Multidisco banhada a óleo; Transmissão final Correia dentada; Suspensão Dianteira Garfo telescópico com tubos de 41 mm e 120 mm de curso, Traseira Duplo amortecedor com 76 mm de curso e ajuste na pré-carga na mola; Freio Dianteiro Disco simples de 298mm, com pinça de dois pistões e ABS, Traseiro Disco simples de 298 mm com pinça de um pistão e ABS; Rodas Liga leve - 15 raios - 16" x 3.5" (D) e 16" x 5" (T) com Pneu Dianteiro 130/90-16 72H e Traseiro 150/80-16 71H; Quadro Triangular em alumínio; Comprimento 2.311 mm; Altura do Assento 635 mm; Distância Mínima do Solo 135 mm; Distância entre-eixos 1.562 mm; Tanque de Combustível 12,5 litros; Peso (seco) 248 kg; Cores: Preta, prata e vermelha; Preço R$ 54.990 (maio 2016)
Harley-Davidson Forty-Eight 2016
Motor Dois cilindros em “V”, comando por varetas, quatro válvulas e arrefecimento a ar; Capacidade Cúbica 1.202 cm³; Diâmetro X Curso 88,9 mm x 96,8 mm; Taxa de Compressão 10,0:1; Potência Máxima n/d; Torque Máximo 8,97 kgfm a 3.500 rpm; Sistema De Alimentação Injeção Eletrônica de Combustível Sequencial (ESPFI); Partida Elétrica; Câmbio de Cinco velocidades, Transmissão Final Correia dentada; Capacidade Do Tanque 7,9 litros; Chassi Tubular em aço de secção circular; Suspensão Dianteira Garfo telescópico de 49 mm de diâmetro do tipo cartucho com 92 mm de curso; Suspensão Traseira Sistema bichoque com ajuste na pré-carga da mola e 54 mm de curso; Freio Dianteiro Disco simples de 300 mm com pinça de pistão duplo, Freio Traseiro Disco simples de 200 mm com pinça de pistão duplo; Pneu Dianteiro 130/90-16; Pneu Traseiro 150/80-16; Comprimento 2.210 mm; Altura do Banco 707 mm; Distância entre-eixos 1.506 mm; Peso (seco) 245 kg; Preço R$ 50.700 (maio 2016)
Galeria de fotos:
Galeria: Duelo ianque: a esportividade da Indian Scout ou a tradição da Harley Forty-Eigth?