Até o início dos anos 1980, a Volkswagen tinha forte tradição entre os carros populares no Brasil, mas ainda não tinha se arriscado com modelos mais luxuosos. Nos anos seguintes, diante da perda de fôlego do Passat frente à concorrentes mais atual como Ford Del Rey e GM Monza, a marca alemã mudava de estratégia e, em 1984, lançava em grande estilo o Santana (apresentado na Europa no fim de 1981) na versão sedã de duas e quatro portas.
Inicialmente oferecido nas versões CS, CG e CD, posteriormente renomeadas CL, GL, GLS com a reestilização de 1987, o modelo era elogiado pelo conforto, mas sofreia críticas pelo baixo desempenho do motor 1.8 - algo que a marca resolveria pouco tempo depois ao lançar uma versão atualizada do propulsor e nova configuração de câmbio. Depois do boom inicial do Monza, que foi líder do mercado nacional entre 1984 e 1986, o Santana ganhou espaço no mercado até o fim da década, se consolidando como o carro médio da Volkswagen.
Com sua posição consolidada, o Santana alçava voos mais altos: em 1990 era lançada a luxuosa série especial EX, também chamada de Santana Executivo, disponível nas cores preta, azul e vermelho, sempre metálica. Mais refinado que o topo de linha GLS, o EX se diferenciava pelas lanternas traseiras fumê acompanhadas de um aerofólio com brake-light incorporado. Mas o destaque absoluto ficava para as rodas de liga leve BBS com pneus 185/60 aro 14" douradas (logo depois prata), importadas, que formavam um belo conjunto com os alargadores de para-lamas e a soleira de portas na cor da carroceria.
Como exclusividade, o Santana EX trazia amortecedores a gás e freios a disco ventilados, itens que garantiam rodar mais confortável e ao mesmo tempo um comportamento dinâmico melhor que o da versão GLS. Sob o capô estava o motor AP 2000i, o mesmo usado no recém-lançado Gol GTi, com injeção eletrônica Bosch LE-Jetronic multiponto e 114 cv de potência. Apesar da tecnologia disponível e prazer ao dirigir, o desempenho foi apenas mediano: aceleração de 0 a 100 km/h em 11,5 segundos e velocidade máxima de 168,5 km/h, de acordo com os testes da revista Quatro Rodas na época.
No interior chamavam atenção os bancos Recaro com desenho mais anatômico e a forração de couro cinza ou tecido navalhado. O painel com iluminação vermelha e o volante de menor diâmetro, revestido de couro, completavam o toque esportivo. Todavia, o modelo não contava com computador de bordo e regulagem de altura do volante (itens que o rival Monza já possuía).
Numa época em que ainda não havia a concorrência dos importados (algo que aconteceria meses depois), o Santana EX era um luxo para poucos: tabelado a 1,4 milhão de cruzados novos (cerca de R$ 244 mil em valores de hoje), modelo custava 60% a mais que a versão GLS. Era o automóvel de série mais caro do país.
Com poucos meses no mercado, o EX marcou época e teve 5.000 unidades produzidas, se tornando raridade nos dias atuais e sendo considerado um verdadeiro clássico para os fãs do Santana e de modelos da Volkswagen.
Galeria: Carros para sempre: primeiro VW Santana injetado, EX era o nacional mais caro