Com a reabertura do mercado brasileiro às importações no começo dos anos 1990, tivemos uma variedade de modelos jamais vista no país. Substituto do 309, o Peugeot 306 era lançado em 1993 na Europa e poucos meses depois chegava ao Brasil. Na época, o segmento de hatches médios estava passando por uma renovação, ganhando reforços como Fiat Tipo, VW Golf e GM Astra e Citroën ZX - todos importados.
Disponível nas versões XN, XL, XR, XT and XS, o 306 chegou primeiramente nas carrocerias hatch de três ou cinco portas. As variações sedã, cabriolet e break (perua) foram lançadas ao longo dos meses seguintes.
Fruto de um projeto PSA, o 306 compartilhava plataforma e mecânica com o primo Citroën ZX. Apesar da mesma base, o modelo da Peugeot seguia um visual mais esportivo, com desenho criado pelo renomado estúdio Pininfarina. Seguindo as linhas do famoso 205 em uma embalagem maior e mais robusta, certamente fez mais sucesso que o parente da Citroën.
Na Europa, o 306 estreou muito elogiado pelo visual, conforto e mecânica, com destaque para os motores diesel e o turbinado a gasolina. Uma marca registrada do modelo foi a versão D-Turbo, baseada no modelo XS a gasolina, mas equipada com motor diesel. Foi um dos primeiros carros a óleo deste segmento a alcançar vendas significativas no Velho Continente.
Entre as versões a gasolina, o 306 teve o modelo esportivo XSi com motor 2.0 8V de 123 cv e itens como por rodas de liga aro 15", saias laterais, ar-condicionado automático, freios ABS e eixo traseiro auto direcional. Posteriormente, o papel de esportivo da linha coube ao S16 (S de soupapes, válvulas em francês) com propulsor 2.0 16V de 155 cv, que também adicionava teto-solar elétrico.
Para ficar mais alinhado ao sedã Peugeot 406, em meados de 1997 o 306 passava pela primeira reestilização. Ganhava novos para-choques, grade e lanternas, além dos faróis redesenhados com lentes policarbonato. De uma forma geral não foi uma mudança drástica, sem que o modelo perdesse a identidade.
Internamente, o 306 renovado trazia painel de instrumentos mais moderno e mudanças pontuais no acabamento. Além do visual, novos motores 1.8 16V e 2.0 16V foram acrescidos à gama, trazendo melhor desempenho. Nessa época, a nomenclatura das versões em alguns países também mudou.
A versão esportiva S16 passava o posto ao GTI-6, que ganhava o motor 2.0 16V atualizado (167 cv) e um novo câmbio de seis marchas com relações mais próximas (close-ratio). Tudo somado, e mais algumas revisões na parte estrutural, garantiram uma dirigibilidade ainda melhor ao hatch francês.
Exclusiva do mercado britânico, com apenas 500 unidades produzidas, a versão Rallye era baseada na GTi-6, mas perdia o ar-condicionado, revestimento em couro, retrovisores elétricos e a opção pelas quatro portas. Tudo para ficar mais leve (65 kg a menos) e ganhar em desempenho.
Nos anos seguintes, o 306 receberia apenas novos estofamentos, console central e abandonaria o borrachão das laterais e para-choques.
O 306 chegou ao Brasil em 1994 nas versões XS três portas (motor 1.6 de 90 cv), cinco portas XSi (2.0 de 123 cv) e Cabriolet. Em 1995 era a vez da esportiva S16 estrear por aqui, seguida em 1996 por mais duas versões com motor 1.8: XN e XR.
Primeiro importado da França até 1996, depois do Uruguai por um curto período, o 306 passou vir da Argentina em 1997 (menos as versões com motor 2.0). A partir daí chegava o sedã SL 1.8 e no ano seguinte, junto com a reestilização, vinha a versão Break importada da Espanha. O motor 1.8 passava a 112 cv e o 2.0 a 167 cv.
Com a mudança de nomenclatura após a reestilização, as versões disponíveis passavam a ser Selection, Passion e a esportiva GTi - que ficaria pouco, até a chegada da Rallye com motor 1.8 16V. Esta última foi uma das que mais representou o modelo no Brasil.
Um dos hatches mais elogiados da época, o Peugeot 306 fazia a cabeça dos entusiastas pela dirigibilidade acima da média e a ótima estabilidade. Além disso, era bonito e bem equipado desde as versões de entrada. Representou muito bem a marca francesa no segmento, tanto na Europa quanto aqui.
Em 2001 as versões hatch e sedã foram descontinuadas, enquanto as versões Cabriolet e Break ficariam por mais alguns meses, até 2002. A partir daí a Peugeot apostou as fichas no novo 307, um hatch médio de teto elevado que investia no espaço interno, mas sem a mesma esportividade do antecessor.
Galeria: Peugeot 306
Galeria: Carros para sempre: Peugeot 306 rugia alto nos anos 1990