Opinião: críticas à Ferrari F80 serão irrelevantes com o passar do tempo
Apesar de ter despertado a ira dos fãs mais fervorosos da marca de Maranello, o tempo deve mostrar as qualidades inegáveis da F80
Quando uma nova Ferrari é anunciada, as expectativas sempre são muito altas. Afinal, estamos falando da marca de Maranello. Mas então, especialmente depois que o carro foi visto e ouvido nas pistas de Imola, no evento Finali Mondial, a narrativa mudou.
As mídias sociais e a imprensa automotiva se empenharam em igual medida e começaram a criticar o último bólido da italiana, alguns por seu barulho (muito silencioso), pela aparência (com seu estilo quadradão e uma espécie de bigode no capô) e, claro, o maior dos questionamentos, se o preço de US$ 4 milhões (mais de R$ 23 milhões) estava à altura das expectativas anteriores.
Neste texto, abordaremos as três principais críticas ao F80 e ter uma visão mais ampla.
1: O som do motor não é alto o suficiente
Ferrari F80
O fato de a Ferrari ter usado um motor V6 para o herdeiro das suas "Cinco Grandes" - 288 GTO, F40, F50, Enzo e LaFerrari - atrairia críticas, porque fomos mimados pelos sonoros V12s dos três modelos mais recentes. Dito isso, 288 GTO e F40 usavam motores V8 já com turbo, que refletem a arquitetura do motor de corrida da Fórmula 1 de suas respectivas épocas, produzindo harmonias completamente diferentes.
Mas será que isso não é simplesmente um caso em que a Ferrari está se mantendo atualizada com os tempos atuais? Seus carros de Fórmula 1, considerada o apogeu do automobilismo, são equipados com V6 turbo-híbridos desde 2014. A F80 também usa a mesma unidade de potência V6 de três litros F163CF, biturbo e com bancadas de cilindro separadas a 120 graus do hipercarro de corrida 499P, duas vezes vencedor das 24 Horas de Le Mans.
E como a história mostra, esse motor híbrido V6, em conjunto com outros três motores elétricos adicionais, já foi mais do que certificado em corridas. Com 1.200 cv de potência e aerodinâmica avançada, a F80 tornou-se a Ferrari de rua mais potente já criada. Ela também conta com uma tecnologia de injeção de combustível muito inteligente, o que significa que pode oferecer números de desempenho enormes e, ao mesmo tempo, cumprir com controles de emissão cada vez mais rígidos.
Assim como a 499P vencedor de Le Mans, a F80 tem tração nas quatro rodas e leva em conta muitas das lições de economia de peso aprendidas com o carro de corrida, enquanto o formato de ambos os carros vem do Ferrari Styling Center.
Ferrari 499P
E esse motor de combustão interna modificado para as ruas - que na verdade produz mais 202 cv a mais do que o carro de corrida - gira a pouco mais de 9.000 rpm, o que não é ruim para um motor turbo híbrido relativamente pequeno (para os padrões da marca). Os escapamentos certamente podem ser ajustados para ficarem mais altos, mas esse é um som dos tempos da alta tecnologia, se você preferir. Também vale a pena observar que a Ferrari registrou uma patente para um sistema de amplificação que aumentaria o som de um motor elétrico e o redirecionaria pela parte traseira do carro.
Os fãs da F1 há muito tempo pararam de reclamar do barulho dos motores - mesmo que eles prefiram V8s, V10s ou V12s, não há como voltar atrás agora. Compare-o com o Mercedes-AMG One, que tem um motor turbo híbrido V6 derivado de seu programa de F1, o que mostra como os fabricantes estão ansiosos para transferir a tecnologia de corrida para seus carros de rua.
2: Tem um bigode preto no capô
Ferrari F80
Dizem que a beleza está nos olhos de quem vê: Atualmente, o mercado de carros de passeio apresenta uma série de designs de dianteira "marcantes". E a F80 certamente se destaca nesse aspecto.
Pelo menos em teoria, a dianteira do bólido criado por Flavio Manzoni foi feita de maneira a homenagear a Daytona, assim como os arcos de roda traseiros foram inspirados na F40. Se a F80 tem um problema de estilo, ele pode ser atribuído à direção do design moderno dos carros de corrida, com sua aparência quadrada.
Ferrari F50
Como mencionado anteriormente, tanto a F80 quanto a 499P são produtos do Centro de Estilismo da Ferrari, dirigido por Flavio Manzoni, e esse visual reflete o objetivo de que os supercarros da Ferrari devem "representar o auge da tecnologia de ponta e da inovação de sua época", permitindo que eles se tornem "consagrados na cultura popular". E essas linhas rígidas, um tanto brutalistas, que resultaram em uma busca por sugestões de design radicais, são um grande contraste com a beleza pós-milênio de Enzo, LaFerrari, F8 e Daytona SP3.
Ferrari F40
Algo parecido com a recepção da F50 há 30 anos. Ela também foi criticada por seu estilo agressivo - especialmente com aquela grande asa traseira. Mas, sejamos realistas, talvez o principal problema da F50 tenha sido o fato de ter sido lançada logo após o término da produção da F40, que tinha belas proporções.
3: É muito cara
Ferrari F80
Diga isso aos 799 clientes que já reservaram esse carro por US$ 3,9 milhões (cerca de R$ 22,6 milhões) Você pode até argumentar que a Lamborghini redefiniu o padrão aqui com o esportivo Veneno, ao custo de US$ 4 milhões (R$ 23 milhões) e que foi lançado há mais de dez anos! A Bugatti e a Pagani lançaram alguns hipercarros insanos bem acima desse valor.
O preço da F80 é, obviamente, bem superior ao do carro que ela sucedeu, a LaFerrari, vendida no varejo por volta de US$ 1,4 milhão (cerca de R$ 8 milhões). É claro que a F80 custa o dobro desse valor, mas as LaFerraris estão sendo revendidas por US$ 3 a 5 milhões (cerca de R$ 17 a 29 milhões) no mercado atualmente.
LaFerrari
E esse é o grande ponto financeiro: o medo da depreciação dos carros-chefe da Ferrari é quase inexistente. De acordo com os dados da duPont Registry, as Enzos agora custam entre US$ 3 e US$ 4,5 milhões, ou algo entre R$ 17 e 26 milhões. (nada mal, considerando seu preço de lançamento de US$ 650.000).
Em média, as F50 custam cerca de US$ 5 milhões (R$ 29 milhões), o que efetivamente acrescenta um zero ao preço de varejo em 1995. As F40 (lançadas por US$ 400 mil, ou R$ 2,3 milhões) subiram para cerca de US$ 2 a 4 milhões (R$ 11,6 a 23 milhões). Enquanto isso, a 288 GTO - o modelo clássico que deu início a tudo - proporcionou um enorme retorno sobre seu preço sugerido de lançamento em 1984, de US$ 85 mil, para faixas de preço de até US$ 4,5 milhões (R$ 25,9 milhões).
Ainda segundo projeção da duPont Registry, os valores de revenda futuras da F80 já são projetados entre US$ 6 a 8 milhões, a depender da força do mercado. Certamente um ótimo negócio para quem comprar uma agora.
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