Hoje, 2 de setembro, é o Dia Nacional da Kombi, você sabia? Nessa mesma data, em 1957 (há 67 anos, portanto), a Kombi começou a ser produzida no Brasil. Foi o primeiro modelo Volkswagen nacionalizado, inaugurando a fábrica da Via Anchieta, em São Bernardo do Campo. Somente em janeiro de 1959 é que o Fusca também passaria a ser feito aqui.
Ao sair da linha de produção, a Kombi chassi 001 teve direito a bandeira do Brasil, decoração com lauréis e uma foto oficial eternizada nos jornais e revistas. A imagem em preto e branco não permite ver a cor, mas a 001 era originalmente verde areia (código L311), um tom clarinho como creme de abacate diluído. Tinha motor 1.200 e 30 cv, setas tipo bananinha, tanque reserva (para compensar a ausência de marcador de gasolina) e opção de partida por manícula, caso a bateria estivesse fraca.
Nelson Pereira da Silva e a Kombi 001 em 1966 (1)
Pelas exigências do Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA), criado para incentivar a produção de carros no Brasil, a Kombi deveria ter 50% de componentes com fabricação local no lançamento — mas a 001 já trazia 54,5% de nacionalização. Motor e câmbio, contudo, ainda eram importados da Alemanha. Daquele 2 de setembro até o fim de dezembro de 1957 foram fabricadas 371 Kombis na VW da Via Anchieta.
Anúncios comunicavam à clientela: “Agora o Volkswagen também é brasileiro”. Na publicidade de 1957, o modelo era chamado de “Kombi Rural”, para oito passageiros ou 810 quilos de carga. “Considerado o mais versátil automóvel do mundo, tanto para o transporte de passageiros como de carga, não tem rival na ampla comodidade que oferece em qualquer dessas duas modalidades de serviço”. Havia ainda a promessa otimista de fazer 11 quilômetros com um litro de gasolina, um feito impossível para sua rival direta na época, a Rural Willys.
Depois que os holofotes do lançamento foram apagados, a 001 foi vendida como uma Kombi qualquer. Seu destino inicial foi a Fazenda Tipiti, de propriedade do austríaco Barão von Krummer, em Barra do Itabapoana, norte do Estado do Rio, divisa com o Espírito Santo. Depois disso, o exemplar trabalhou carregando peças e técnicos de manutenção dos refrigeradores Consul.
Anuncio da Kombi nacional (1960)
Em 1962, a Kombi 001 estava em uma agência de carros usados quando foi vendida a Nelson Pereira da Silva, morador do bairro de São Cristóvão, no coração da cidade do Rio de Janeiro. Transformada em modelo 6 portas, trabalhou pesado como lotação. Em 1965, fez uma viagem de ida e volta do Rio a Salvador, sem qualquer problema.
O último paradeiro conhecido dessa Kombi histórica foi levantado pela própria Volkswagen, em 1966. Na época, a 001 ainda pertencia ao sr. Pereira da Silva. Pintada de verde escuro e cinza, ganhara os frisos da versão Luxo, mas ainda mantinha seu motor 1200 original. As bananinhas já haviam sido substituídas por setas fixas montadas nas colunas das portas dianteiras. Com placas 40-00-66, da Guanabara, a 001 trabalhava fazendo fretes para uma tipografia de São Cristóvão.
Capa de revista e anúncio sobre a produção no Brasil em 1957
O Sr. Pereira da Silva dizia que não venderia sua Kombi “por preço algum”. A Volkswagen tampouco fez uma oferta de recompra (somente cinco décadas depois, a marca começaria a montar seu acervo de carros históricos no Brasil, a Garagem VW). Daí que a 001 sumiu nas brumas do tempo. Muito provavelmente, virou sucata — em geral, esses carros eram moídos no serviço pesado até não conseguirem mais rodar.
Hoje, a Kombi nacional restaurada mais antiga que se tem notícia é a de chassi 2395, fabricada em 1958. Mas, de acordo com o registro da Frota Nacional de Veículos, uma base de dados do Denatran, ainda existem seis Kombis ano 1957 no Brasil, sendo duas delas no Estado do Rio (uma em São Gonçalo e a outra em Campos). Esses dados são pouco precisos, especialmente por conta de erros na hora do cadastramento. Tampouco pode-se dizer se essas possíveis “sobreviventes” são importadas ou já nacionais. Mas, sonhar não custa nada: quem sabe a 001 ainda não está perdida por aí?
Santos (setembro de 1950) - As duas primeiras Kombis importadas que chegaram ao Brasil (1)
Muito antes de a Kombi nacional 001 ter sido fabricada, o modelo já rodava por aqui e era bem conhecido dos brasileiros. As primeiras Kombis importadas da Alemanha chegaram ao porto de Santos no dia 11 de setembro de 1950, marcando o início da Era Volkswagen no país.
Em Santos, o carregamento com dez Fuscas e duas Kombis ficou armazenado à espera do desembaraço aduaneiro. Somente em 17 de novembro de 1950 é que o primeiro Volkswagen seria vendido no Brasil, pela Sabrico (a pioneira concessionária da marca), em São Paulo, ao sr. Rodolfo Mráz. No dia seguinte, todos os veículos do lote já tinham novos donos — enquanto isso, outros Fuscas e Kombis cruzavam o Atlântico a caminho do Brasil.
Anúncio dos modelos importados em 1952 e 1953 (1)
Nessa época, a marca alemã era representada no Brasil pela Companhia Distribuidora Geral Brasmotor, também responsável pela importação e montagem no país dos produtos do grupo Chrysler Corporation (com as marcas Chrysler, Plymouth, DeSoto, Dodge e caminhões Fargo), além de fabricante das geladeiras Brastemp. Já contamos essa história no Motor1. Somente em meados de 1953 é que a própria Volkswagen assumiria as operações por aqui.
A Kombi havia sido lançada na Alemanha apenas seis meses antes de chegar ao porto de Santos. Na época, aliás, Kombi (redução de Kombinationsfahrzeug, ou veículo de uso combinado) era o nome de apenas uma de suas versões. Os primeiros anúncios no Brasil, entre 1950 e 1953, chamam o modelo simplesmente de “Caminhonete Volkswagen” ou “Furgão Volkswagen”, como se pode ver pelas antigas propagandas da D.P Cleto, da Auto Modelo e da Rio Motor, as três primeiras concessionárias VW do Rio. Somente alguns anos mais tarde é que o nome Kombi se tornaria o mais difundido no país.
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