Os veteranos da Segunda Guerra que sobrevivem já são centenários ou quase isso. Antes numerosos nas celebrações de aniversário do Dia D, os velhos soldados Aliados são cada vez mais raros na festa. Esta semana, menos de 200 deles viajaram à Normandia para relembrar os 80 anos da batalha que começou a libertar a Europa do domínio nazista.
Já as máquinas que participaram dos combates naquele 6 de junho de 1944 parecem ser cada vez mais numerosas. Restauradas por colecionadores, e levadas ao Norte da França para os eventos comemorativos do “mais longo dos dias”, tomam novamente as ruas, os campos e as areias de lugares como Cherbourg, Bayeux, Saint-Lô, Colleville-sur-Mer e, claro, “Omaha Beach” (nome-código de um dos setores mais famosos da invasão aliada, numa praia de Sainte-Honorine-des-Pertes). Mais do que veículos, são testemunhas da História.
Dia D - Ford GPA
Dia D - Harley-Davidson WLA
Dia D - Caminhão anfíbio GMC DUKW
"Por conta do turismo histórico na região onde ocorreu o Dia D, essa mobilização na Normandia foi gerando um movimento de reencenação histórica onde os veículos usados na guerra vêm ganhando enorme destaque. Vindos de toda Europa ou mesmo dos Estados Unidos, jipes, caminhões, blindados, tanques e até aviões se juntam ao cenário em grande número, restaurados por entusiastas ou mantidos por museus. São parte da grande celebração pela liberdade" explica João Barone, baterista dos Paralamas do Sucesso e estudioso da Segunda Guerra. Ele já foi a três aniversários do Dia D (em 2004, 2014 e 2019). Na primeira viagem, levou seu Jeep Willys MB na bagagem.
Logo após a Segunda Guerra, o general Dwight Eisenhower reconheceu o valor desses veteranos sobre rodas (e esteiras) ao afirmar que os aliados não teriam ganhado as batalhas sem o Jeep. Para registrar os 80 anos do Dia D, relembramos aqui alguns dos jipes, caminhões e motos que foram produzidos aos milhares, no esforço de guerra, e ajudaram a derrotar Hitler.
Dia D - O Jeep normal e sua versão anfíbia GPA
JEEP - Durante a Segunda Guerra, foi fabricado tanto pela Willys (com o nome MB) quanto pela Ford (GPW), em um modelo padronizado. Criado para substituir o cavalo, teve mais de 600 mil unidades produzidas até 1945. Serviam como transporte leve, carro de reconhecimento e tudo o que se precisasse. Os Jeep que participaram do Dia D tinham snorkels no escape e no carburador, além de parte elétrica blindada contra água. Uma curiosidade: o Jeep não tinha chave e, durante a Segunda Guerra, cerca de 70 deles “sumiam” diariamente. Eram soldados querendo dar uma voltinha ou mesmo um batalhão afanando outro… Depois da guerra, a palavra jipe virou sinônimo de 4x4. Não à toa, em 1947, o Jeep começou a ser vendido para civis no Brasil por um soldado que fora motorista da Força Expedicionária Brasileira na Itália, Oswaldo Gudolle Aranha, o Vavau (1921-2003). Já contamos essa história aqui.
Dia D - GMC CCKW Jimmy, o caminhão Aliado mais produzido na Segunda Guerra
Dia D - GMC CCKW em fila
Dia D - GMC CCKW
GMC CCKW “JIMMY” - Foi o caminhão mais usado na Segunda Guerra, com nada menos que 630 mil unidades produzidas. Com capacidade para transportar 2,5 toneladas, o Jimmy saiu em três versões básicas e tinha mil utilidades. Podia levar até 20 soldados ou, por exemplo, ser usado como oficina móvel. Tinha tração 6x6 e motor GMC 270 OHV, de seis cilindros em linha, a gasolina.
Uma picape Dodge WC-52 no padrão soviético
Dia D - Dodge WC-56 Command car
Dia D - Dodge WC-54 ambulância
DODGE WC - Era o meio-termo entre os pequenos Jeep e os pesados GMC 6x6. Inicialmente era transporte de munição e tinha uma carroceria do tipo picape, para ¾ de tonelada.Sempre com motor de seis cilindros “cabeça chata”, de 92 cv, foi ganhando várias outras versões de carroceria, inclusive as de carro comando e ambulância. Foram fabricados 253 mil exemplares.
Dia D - O caminhão anfíbio GMC DUKW
Dia D - Caminhão anfíbio GMC DUKW
Dia D - Ford GPA
GMC DUKW - Apelidado de Duck (pato), era uma versão anfíbia dos caminhões GMC CCKW. Como estes, também tinha motor de seis cilindros a gasolina e tração 6x6. Uma hélice ligada à transmissão o ajudava a navegar, mas o mar não podia ter ondas de mais de 20 centímetros. Era mais útil para transpor pequenos rios. Foram produzidas 21 mil unidades, muito usadas no desembarque da Normandia e também no front do Pacífico. Outro anfíbio aliado era o GPA, derivado do Jeep (bem menor que o DUKW e sem tanto sucesso). Do lado alemão houve o Schwimmwagen, anfíbio com mecânica Volkswagen e tração 4x4.
Dia D - White M2A1 half-track
MEIA-LAGARTA (HALF TRACK) - Eram carros blindados com chapas de aço de 0,5 cm. Caminhões com esteiras no lugar das rodas de trás. Produzidos por fábricas como White e Diamond-T, puxavam canhões e levavam metralhadoras antiaéreas, entre outras funções. Foram várias versões, com códigos como M2 e M3. Soltar as lagartas em curvas rápidas era seu calcanhar-de-aquiles. Os motores eram White, de seis cilindros “cabeça chata” a gasolina.
Dia D - Pulga voadora, a pequenina Royal Enfield 125 era atirada de paraquedas
Dia D - A pesadona Harley WLA com sua alavanca de marchas ao lado do tanque
Dia D - A Matchless G3L foi uma das motos usadas em patrulhas nos dias após o desembarque
Dia D - BSA M20 WD, uma das motos mais produzidas na Segunda Guerra
MOTOS - Inicialmente não tiveram participação importante no desembarque da Normandia. Depois do Dia D, porém, as motos serviram para patrulhar estradas, enquanto as tropas aliadas avançavam pelo continente europeu. As mais comuns eram as inglesas BSA M20 WD (de 500 cm³) e as Matchless G3L (de 350 cm³), ambas simples, leves e confiáveis. Outra britânica marcante era a Royal Enfield WD/RE “Flying Flea” (“Pulga Voadora”). Com motor 2T de 125 cm³, a moto pesava apenas 59 quilos e foi feita para ser lançada de paraquedas. Quem levou a fama, contudo, foram as americanas Harley-Davidson WLA, pesadíssimas para seus 750 cm³ e com um problemático câmbio de três marchas.
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