Primeiras impressões: Nova Fiat Titano apela ao preço e nada mais
Picape não esconde origem e falta refinamento para briga em segmento modernizado
O concorrido e rentável segmento de picapes médias é cheio de nomes de prestígio. Toyota Hilux, Chevrolet S10, Ford Ranger, Mitsubishi L200, VW Amarok e Nissan Frontier são alguns deles que, muitas vezes, fidelizam clientes com suas particularidades. A Fiat quer emplacar a Titano no meio dessa turma, mas parece que esqueceu que elas existem.
Dois clientes fazem parte desse público: o que comprará para uma frota e coloca na planilha cada Real gasto em toda a vida da picape, além de uma rede pronta para atendimento; e quem gasta perto ou acima dos R$ 300 mil para se colocar em uma versão mais completa, luxuosa e moderna. E a Fiat Titano está mais preparada para o primeiro público que para o segundo.
O que é a Fiat Titano?
Apresentada em 2020, a Peugeot Landtrek é a base da Titano. Feita em parceria com a chinesa Changan, é um projeto que nasceu como Kaicheng F70 em 2019 e já passou por uma reestilização e modernização na China. Foi prometida para o nosso mercado como Peugeot, mas a chegada da Stellantis fez a mudança para aproveitar o nome mais forte da Fiat e uma estratégia de mercado.
É uma picape média de 5.330 mm de comprimento, 3.180 mm de entre-eixos, 1.963 mm de largura e 1.858 mm de altura. Seu porte está dentro do que vemos na concorrência e, na caçamba, pode levar 1.020 kg ou 1.109 litros. A arquitetura chassi em duplo-U e carroceria carrega também a suspensão com eixo rígido e feixe de molas na traseira e freios a disco na dianteira e tambores na traseira. Nesse ponto, também não exibe nada que a destaque da concorrência.
A engenharia da Stellantis teve que procurar um motor turbodiesel que fosse melhor e mais potente que o 1.9 turbodiesel de 150 cv oferecido na Landtrek em alguns mercados, além de algum que o pós-vendas já conheça. A solução vem da Itália e já estava em furgões como o Peugeot Boxer, Fiat Ducato e Citroën Jumper; o chamado BlueHDI 2.2 turbodiesel, de origem PSA, para a picape recalibrado aos 180 cv (3.750 rpm) e 40,8 kgfm (2.000 rpm) ligado ao câmbio automático de 6 marchas e sistema de tração 4x4 com reduzida. Há a opção de câmbio manual de 6 marchas com menor torque.
Em design, a Fiat se limitou a uma nova grade e nova bolsa do airbag no volante para a troca dos logos, assim como as rodas. Na versão Ranch, os faróis em LEDs tem luzes diurnas que remetem bastante ao que a Peugeot usa, assim como o volante e alguns comandos no interior, com as teclas que a marca francesa usa no 3008 e outros modelos. A adaptação, por assim dizer, de Peugeot para Fiat foi bem básica e simples.
Como anda a Fiat Titano?
A Stellantis é conhecida pelo bom trabalho em suspensões e acertos. Então uma expectativa foi levantada para a Titano depois de tantos meses de flagras da picape rodando pelo Brasil em testes. E, neste momento, fica ainda mais aparente que seu objetivo principal era ter preço, não refinamento.
A engenharia pode ter se preocupado com a resistência da picape em terrenos, mas a Titano não tem o refinamento e o conforto que encontramos em suas principais concorrentes. A marca escolheu estradas de terra e asfalto ruim para esse primeiro contato e, desde o primeiro momento, ela se mostrou bastante firme e passando ao volante o que estava lá fora, o que gera um certo desconforto.
A Titano não esconde ser uma picape ao pular consideravelmente no fora-de-estrada. Os componentes podem ter resistência, mas faltou um pouco de consideração com quem está na picape - diversos colegas relataram enjoos durante o percurso justamente pelo comportamento da picape.
E isso acabou atraindo tanta atenção que o desempenho dos 180 cv do 2.2 turbodiesel ficou em segundo plano. O câmbio trabalha rápido para entregar torque, mas as trocas são frequentes e, para velocidades mais altas, terá que acelerar mais. A Ford Ranger 2.0 turbodiesel, de 170 cv e 41,3 kgfm, parece entregar mais, mas isso veremos em um teste completo e com mais tempo a bordo da picape.
Vale a pena?
A falta de refinamento nessa calibração da suspensão, ausência de itens de segurança mais completos e como a Fiat transformou a picape Peugeot em sua esquecendo da identidade visual devem afastar um cliente que procura uma picape média como seu carro e não se importa em pagar o valor. Está realmente mais de olho em quem faz as contas, principalmente as versões Endurance e Volcano, que ainda são competitivas nas tabelas.
RECOMENDADO PARA VOCÊ
Comparativo JAC Hunter vs. Fiat Titano: pelo custo a todo custo
Ano de 2025 promete vendas em ascensão: até 3 milhões de unidades
Fiat Titano dobra desconto e fica até R$ 55.000 mais barata; veja condições
Família New City 2025: Modernidade, Tecnologia e Eficiência no Segmento de Compactos
Fábrica da Stellantis na Argentina recebe Titano, que será feita lá
O futuro da Honda ainda será híbrido, pelo menos até 2030
Fiat oferece Titano com até R$ 30 mil de desconto no preço