Em um 2023 agitado, tivemos praticamente todos os lançamentos em nossa garagem. Neste ano, foram 138 carros/motos/veículos comerciais em 11 comparativos e 83 testes e avaliações entre Motor1.com e InsideEVs Brasil - isso sem contar os que dirigimos no exterior ou em primeiras impressões em solo nacional. E com pessoas de perfis e usos bem diferentes, nada mais justo que cada um escolher o seu favorito.
De perfis tão diferentes, temos também carros bem diferentes. Desde um SUV médio híbrido chinês que mexeu com o segmento, passando por um off-roader amansado para a cidade, um esportivo icônico japonês e um alemão elétrico que mantém muito da sua aura tão cultuada entre quem gosta de carros. Veja o escolhido de cada um neste 2023 que está acabando e espere muito mais para 2024!
Há muito tempo que o Civic Type R é esperado no Brasil. A Honda sabe sua força de fãs que veneram os lendários Civic VTI e Si e demorou muito para aproveitar essa sua capacidade para ganhar dinheiro. E aqui está meu carro favorito de 2023, mesmo não sendo o mais potente que coloquei minhas mãos neste ano - tive na garagem as lendas Aston Martin DBX 707, Porsche 911 Turbo S Cabriolet e Mercedes-AMG G 63, citando apenas os principais.
Seu 2.0 turbo foi amansado para nossa gasolina, com 297 cv e 42,8 kgfm de torque. Mesmo assim, a força com que ele entrega isso é algo que nos livra da linearidade e certa chatice dos motores turbos novos. É porrada, empurrando até o limitador de rotação gritar no painel para, com engates curtos e diretos, trocar de marcha. E todo o conjunto de suspensão/direção/freios? Da loja para as pistas cravar tempos de voltas de fazer inveja a muito carro mais caro, com direito a bancos concha e telemetria!
É uma peça limitada, mas gastei muita gasolina e muito tempo do meu anjo-da-guarda com o Type R. Os R$ 429.900 são polêmicos, mas te desafio a achar um carro novo que te ofereça essa pureza e tesão ao dirigir/pilotar nesta faixa de preços - desculpa, Toyota, mas o GR Corolla não me convenceu como o Civic. Cadê o Golf R, dona VW?
Escolher o meu carro do ano 2023 foi mais difícil do que eu esperava. Acabei escolhendo o GWM Haval H6, não só por ter me impressionado ao dirigir, como pelo o que ele representa para o mercado brasileiro. Foi o primeiro automóvel chinês que me fez pensar "agora sim os chineses estão sérios". É bem construído, recheado com tecnologia que não encontramos nem nos rivais, tropicalizado o suficiente para atender os gostos dos brasileiros e, o principal, com um preço muito competitivo para o segmento. A tropicalização é um ponto importante, pois nenhuma outra fabricante chinesa fez o mesmo até agora, trazendo o carro exatamente como é na China.
Mesmo que a disrupção do mercado causada pelo Haval H6 seja importante, isso não apaga o próprio carro. A ideia de ser só híbrido também ajuda a diferenciá-lo. Gostei mais da versão intermediária, por ser híbrida plug-in (a de entrada usa um sistema convencional) e ter um design mais agradável do que o H6 GT. Com um total de 393 cv ao combinar o 1.5 turbo com o motor elétrico, tem força mais do que suficiente para mover o SUV de 2.050 kg. O gerenciamento de energia é bem inteligente e é normal fazer números de rendimento bem altos.
Oferecendo só o teto solar como opcional, o H6 vem muito bem equipado, com algumas coisas que nem encontramos no segmento. Um exemplo é o painel digital, que mostra a posição dos outros carros ao redor e ainda funciona como um auxílio ao detector de ponto cego, alertando se há um carro próximo demais. Até os comandos por voz funcionam corretamente, com um sistema que entende até sotaques diferentes.
O GWM Haval H6 ainda tem alguns problemas, como a sensibilidade dos alertas dos assistentes, um pouco desesperados demais; ou os modos de condução escondidos dentro da multimídia. Ainda assim, foi o carro que mais me impressionou em 2023, mostrando o quanto os chineses evoluíram na indústria automotiva.
Este foi um ano que consegui chegar aos extremos automotivos, de motos de entrada a literais caminhões e ônibus. Inclusive recomendo ver as avaliações de BMW R 18, Ram 3500 e Mercedes-Benz Sprinter, respectivamente. Mas tem vezes que o simples faz melhor. O trio acima foi muito legal, mas a moto era caríssima e a picape e a van simplesmente não tinham lógica para o meu dia a dia.
E é nesse contexto que o Suzuki Jimmy ganha de lavada. É caro demais pelo que entrega no papel, mas, no que é intangível, não tem preço. O visual é simpático e ele até prefere situações 4x4 mais que o asfalto. Porém, pequeno e relativamente econômico, vai bem na cidade. Claro, a lista de equipamentos é praticamente anacrônica nos dias de hoje, mas o Jimmy traz de volta uma sensação de “apenas o necessário” e um pouco de irracional que boa parte da indústria automotiva perdeu. É um carro único hoje no mercado brasileiro.
Nunca uso “com meu dinheiro compraria tal carro” em meus textos de propósito porque eu não tenho esses mais de R$ 200 mil para a versão 4Style. Mas o Jimmy certamente me faria fazer uma loucura financeira.
Razão e emoção impulsionam nossas escolhas, ainda que a primeira pese bastante no mundo dos carros elétricos. A BMW optou por uma plataforma "multienergia" para seus veículos elétricos. Pode até parecer antiquado, mas a realidade mostra exatamente o contrário. E o belo exemplo é o BMW i4 M50, o primeiro carro elétrico desenvolvido pela divisão M, um elegante sedã-cupê baseado no Série 4 Grand Coupé que se destaca pela esportividade e versatilidade.
Com um motor duplo de 544 cv e 81,1 kgfm, o i4 M50 esbanja desempenho, mas não fica só nisso: é um belo sedã elétrico para uma tocada "normal" no dia a dia ou um carro mais arrisco para pegar a estrada no fim de semana. E tem mais. O sistema operacional com boa interface, boa experiência de recarga, farta de lista de recursos de conforto e segurança e uma condução bastante apurada e envolvente, considerando se tratar de um elétrico. Pelo conjunto da obra, é a minha escolha como carro do ano.
Barato ele não é: custa quase R$ 600 mil, mas existem opções de elétricos que chegam a custar quase o dobro sem entregar essa experiência, principalmente para quem gosta de dirigir e não apenas usar o carro como um meio de locomoção high-tech.
Carros automáticos, elétricos, híbridos, semi-autônomos. Cada vez mais os carros estão entregando muita performance com comandos praticamente automáticos. Um dos carros que conseguiu entregar a essência de esportividade ao volante este ano foi o BMW M2. Durante o lançamento no Arizona do XM (SUV grandão que será lançado no Brasil), tive a oportunidade de testar o novo M2 com câmbio manual. E foi incrível.
Equipado com o motor 3.0 biturbo de 6 cilindros em linha que entrega 460 cv de potência e 56,1 kgfm de torque, o BMW M2 chega importado do México. A diferença é que aqui no Brasil vem somente com o câmbio automático Steptronic de 8 velocidades com Drivelogic, que segundo marca, pode acelerar de 0 a 100 km/h em 4,1 segundos e atingir velocidade máxima de 290 km/h.
Nos últimos dias de 2023, a BMW ainda promoveu um verdadeiro Track Day no Brasil onde pude novamente pilotar o M2 em solo brasileiro e tirar uma dúvida: é mais divertido que o M3? Bem, o M2 é muito mais visceral. Muito controle e estabilidade que literalmente te joga contra os bancos nas curvas. É engraçado como faz a fera que é o M3 parecer um pouco mais mansa, mais elástica. No fim, consigo te dizer que é a mesma sensação de dirigir a dupla Porsche 911 GT3 x 718 GT4: um engole as retas enquanto o outro domina completamente as curvas.
É, sem dúvida, um dos carros mais divertidos que já guiei. Seu preço é de R$ 617.950 na versão Coupé e R$ 667.950 na variante Coupé Track. Para quem tem, é um belíssimo brinquedo.
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