O ranking das vendas globais de automóveis em 2022 trouxe algumas surpresas. Segundo os dados preliminares de 78 países, o volume de vendas caiu 2% para 78,49 milhões de unidades (carros de passeio e comerciais leves). Como resultado, a estimativa, contando alguns mercados que ainda não revelaram os números finais, seria de aproximadamente 81,5 milhões de veículos.
Uma destas mudanças foi a posição do Brasil no top 10. Em 2021, estávamos na 8ª posição do ranking e, em 2022, subimos duas posições para chegar à 6ª colocação, ultrapassando Reino Unido e França. Isto foi causado pela queda de somente 1% nas vendas, enquanto o Reino Unido recuou 5% e a França caiu 10% em comparação ao ano anterior.
A explicação para esta queda está mais relacionada à situação da Europa. Além de ter sido um ano com menos lançamentos importantes, a crise energética causada pela guerra entre Rússia e Ucrânia, junto com a inflação que reduziu o poder de compra, derrubou as vendas nas maiores dos mercados do Velho Continente. Tanto a Alemanha teve o melhor resultado, com uma variação de 0% em comparação com 2021.
Mas, antes de falar mais sobre a Europa, vamos olhar para o topo da tabela. Sem nenhuma surpresa, a China segue na liderança e com muita folga, contabilizando 26,86 milhões de unidades vendidas, com um aumento de 2% ante 2021. Os Estados Unidos estão na 2ª posição com 13,82 milhões, após um recuo de 8%. A surpresa é a Índia, que agora subiu para a 3ª colocação pela primeira vez, impulsionada pelo crescimento de 24%. O aumento na demanda, junto com carros melhores e mais atrativos, ajudaram nesta mudança. E pensar que, em 2010, o Brasil era o 4º maior mercado e estava na frente da Índia...
Quem se deu mal nessa foi o Japão, agora na 4ª posição após recuar 5%. O problema é que o mercado japonês parou de crescer há anos e costuma mostrar variações deste tipo de tempos em tempos, normalmente causadas por lançamentos ou tempos de escassez de novidades, pois é um país sustentado pela indústria local.
Voltando para a Europa, toda a região viu uma queda considerável nas vendas. A Alemanha, como dissemos, praticamente empatou com 2021 com 2,87 milhões de unidades. A Itália caiu 10% e foi um dos poucos mercados que não aproveitou a venda de elétricos, por conta de uma trava nos incentivos por um tempo. Estes incentivos foram importantes em outros mercados, como Alemanha e Reino Unido.
A maior parte do Sudoeste Asiático viu um bom crescimento nas vendas. Um exemplo é a Indonésia, que superou a Espanha no ranking geral e assumiu a 14ª posição. É um país para ficar de olho, principalmente por ter iniciado a produção local de carros elétricos, como o Wuling Air EV. A demanda tem ajudado a fazer o mercado crescer, o que deve continuar em 2023.
Como esperado, a Rússia despencou e teve a maior queda de todos os mercados. Foram emplacados 677 mil unidade, o que é uma queda de 59% em comparação com 2021, pouco antes do início da invasão na Ucrânia. Com todos os embargos dos países ocidentais e a debandada da maioria das fabricantes do país, a produção parou e muitos russos não estão arriscando gastar agora por conta das incertezas sobre a economia local. Esta queda fez com que a Rússia fosse ultrapassada por mercados menos expressivos como Turquia, Tailândia, Austrália ou México.
Felipe Munoz, autor deste artigo, é especialista em indústria automotiva da JATO Dynamics
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