A Segunda Guerra Mundial (iniciada em 1939) seria um duro golpe para um projeto de mobilidade que estava a todo vapor na Alemanha. Fruto do esforço nazista por produzir um carro popular, a Volkswagen era um projeto de Adolf Hitler, que havia contratado, em 1934, o engenheiro Ferdinand Porsche para desenvolver um carro barato, robusto, econômico e apto para transportar uma família sob as piores condições de terreno e temperatura.
A fábrica ficou pronta em 1938 em Wolfsburg e deveria se concentrar em produzir milhares de unidades do Fusca, chamado na época de KdF-Wagen, sigla de "Kraft durch Freude" ou "Força pela Alegria", uma alusão ao carro que era o garoto propaganda de uma Alemanha nazista que se desenvolvia. Em 1939 ele foi apresentado no Salão de Berlim em sua versão final.
Porém ao ter a produção iniciada em Wolfsburg, a Alemanha invadiu a Polônia dando origem ao conflito. Imediatamente os planos mudaram e os 630 KdF-Wagen produzidos seriam destinados a autoridades militares. A linha de produção passou a se dedicar ao Kübelwagen, projeto de um jipe militar baseado no Fusca que conhecemos. Esse veículo foi largamente empregado pelo exército com inúmeras variações e teve 55 mil unidades fabricadas.
Posteriormente o projeto serviu a um modelo anfibio, o Schwimmwagen, que teve três versões diferentes até 1942 com 14 mil unidades produzidas. O motor tinha 980 cc e 25 cv, sendo que o câmbio de quatro marchas recebeu inúmeras melhorias para receber cinco relações e sistema de tração integral. A versatilidade do Fusca deu origem a projetos de tanques de guerra como o Porsche Type 205 e veículos com uso off-road como o Type 87, que era basicamente um Fusca com tração 4X4 de suspensão elevada e pneus lameiros.
Porém o agravamento da II Guerra Mundial levou a uma redução do orçamento de Wolfsburg. A fábrica então reduzia seu ritmo gradativamente e mesmo empregando mão de obra de 3 mil trabalhadores forçados de origem judia, a maioria poloneses, havia muita ociosidade. Estima-se que Wolfsburg tinha 12.000 trabalhadores sendo apenas um terço de alemães.
Após diversos bombardeios, a fábrica ficou completamente destruída enquanto os alemães deixavam a linha de produção pouco a pouco. Algumas máquinas foram retiradas dali evitando que uma possível derrota levasse à retomada da produção pelos inimigos, o que de fato aconteceu. No início de 1945, a fábrica estava sem comando e abandonada quando muitos trabalhadores destruíram boa parte dos equipamentos. Somente em maio uma comissão formada por Ferdinand Porsche, um grupo de engenheiros e dois sacerdotes foram ao encontro dos norteamericanos para tentar reestabelecer aquela imensa fábrica.
Isso ocorreu porque após o fim da II Guerra Mundial, um mês antes, as regiões da Alemanha foram divididas entre os países aliados. Porém os EUA não queriam retomar a produção do carro que era símbolo do nazismo. Assim, a produção foi transferida para a Inglaterra, que convocou o major Ivan Hirst, responsável pela reativação do local. Hirst retomou a produção do Kübelwagen que foi usado no trabalho de recuperação da cidade de Wolfsburg e da Alemanha. Porém parte das peças como a carroceria era fornecida pela Rússia, que não queria ajudar os países aliados e a produção cessou.
O trabalho de Hirst começou pela base da produção ao reativar a usina de eletricidade, de tratamento de água e até os dormitórios e refeitórios, recuperar as prensas e peças fundamentais que seriam usadas no futuro. Hirst uniu os trabalhadores e coordenou o trabalho inicial visando a volta da produção do Fusca.
Só no ano seguinte a fábrica começava a produzir o Fusca, ainda no rigoroso inverno alemão. Em março já eram 1.000 unidades e em pouco tempo 10 mil unidades. Foi quando Hirst decidiu que era hora de chamar alguém experiente do setor automotivo e foi apresentado a Heinz Nordhoff, um engenheiro alemão que tinha experiência no setor de caminhões da Opel e de aviões na BMW. Norhoff reorganizou a produção do Fusca, deu pleno funcionamento para a fábrica e o carrinho se tornava já em 1950, sucesso em diversos países. Nordhoff foi quem decidiu pela construção da fábrica brasileira da VW.
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