Compacto e funcional, de grande habitabilidade, econômico e de manutenção reduzida. Estas características definem bem a proposta do Fiat Panda, clássico italiano que completa 40 anos. Vamos contar a história desse carro de linhas retilíneas, que inspirou nosso Uno, em detalhes.
No final dos anos 1970, o Fiat 127 dava sinais de cansaço. Ele deu origem a um modelo maior em alguns países, o nosso 147. Na Itália, a demanda por um carro forte e econômico daria origem a um novo projeto coordenado pelo presidente Carlo De Benedetti, que chamou para o projeto Giorgetto Giugiaro, da Italdesign, e Alfredo Stola - criador de carros como Lancia Lambda, Alfa Romeo Spider e Ferrari 365 GT 2+2. A Fiat queria renovar sua gama de modelos pequenos. Mesmo com o sucesso do médio Ritmo, seu estilo parecia datado e não funcionaria em um carro de baixo custo.
Os projetos Gamma e Megagamma definiram o que seriam os carros do grupo Fiat nos anos 1980, e traziam uma herança distante do Ritmo. Linhas retas, lateral com linha de cintura alta e grande espaço interno eram conceitos que seriam seguidos à risca. Assim, partindo de formas convencionais, o Panda foi desenhado - e aquelas pranchetas que também dariam origem a um modelo maior, que seria o Uno anos depois.
O Panda lançado em 1980 era simples e eficiente: portas amplas, boa resistência, vidros de corte reto, superfície interna lavável e bancos removíveis, entre outros atributos. Trazia a herança viva dos carros pequenos da história da marca, como o Topolino, o 500 e o 127. Os bancos eram mais finos que o usual, com tecido sobre estrutura de ferro semelhante aos usados nos Renault 4 e Citroën 2CV anos antes. Tinha porta-objetos amplos inclusive no painel, que era recuado para aumentar o espaço interno. Mesmo com 3,41 m de comprimento, 1,49 m de largura e 2,16 m de entre-eixos, o Panda era espaçoso por dentro. A partir de várias evoluções neste projeto, chegou-se depois ao Uno, um modelo familiar para a Itália e que ganharia não só a Europa como todo o mundo.
Os motores do Panda não eram novos e tinham baixa potência em um primeiro momento. A versão básica usava motor de 650 cc e 30 cv com apenas dois cilindros refrigerado a ar, uma evolução do Fiat 500. Também tinha opção do 900 cc de 47 cv com quatro cilindros, além do 850 cc de 34 cv. O carro era um sucesso e, em apenas um ano, meio milhão de unidades foram vendidas.
Em 1983, enquanto a Fiat lançava o espaçoso Fiat Uno, chegava ao mercado a esperada versão 4x4 do Panda. Com 740 kg, o carrinho recebia reforços estruturais e um sistema de tração desenvolvido pela empresa Steyr-Puch associado ao motor 1.0 de 48 cv com câmbio cinco marchas. Logo se tornou um sucesso.
Três anos depois, o Panda recebia a nova geração de motores FIRE, que nós brasileiros só teríamos na virada do século XXI. Os motores tinham comando no cabeçote e a versão 1.0 rendia 49 cv. O processo de manufatura do motor, produzido de forma robotizada, deu origem a sigla FIRE (Fully Integrated Robotized Engine). Nos anos 1990, o Panda já era vendido com sucesso em toda a Europa. Tinha inclusive uma versão elétrica. Ganhou também os motores de 900 cc e 39 cv ou 1.100 cc de 51 cv com tração dianteira ou 4x4. Mas uma nova década exigia mais...
A Fiat descontinuou o próprio Uno em favor da nova geração do 600 e do Punto. Com novas regras de emissões e de exigências em segurança, o Panda começou a perder espaço em países como França, Inglaterra e na própria Itália, saindo de linha em prol de uma nova geração. O modelo seguinte, aliás, tem grande semelhança com o nosso atual Uno, mas isso fica meramente no estilo. O Panda europeu (abaixo) tem outra plataforma, embora use variações do motor Firefly que conhecemos aqui.
O AutoShow Collection é parceiro do Motor1.com Brasil. O evento acontece sempre na primeira terça-feira de cada mês. Reúne carros clássicos e modificados no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo (SP). Para mais informações, acesse www.autoshowcollection.com.br
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