A pergunta do momento é: o Salão do Automóvel de São Paulo 2020 vai realmente acontecer? Isso é o que está sendo discutido nos bastidores da indústria, com reuniões entre as fabricantes, a Reed Exhibition Alcântara Machado (organizadora do evento) e a Anfavea (associação das fabricantes de veículos). A Reed tenta reverter a situação com novas propostas para que as marcas revejam seu posicionamento e participem da edição deste ano – o que parece não estar dando certo. É o que discutimos nesta edição do podcast:
Participam desta edição:
Motor1.com conversou com diversas fabricantes e elas revelaram que participaram de uma reunião com a Reed e a Anfavea, na qual a organizadora apresentou 10 propostas diferentes para viabilizar a participação das empresas no Salão do Automóvel. Embora algumas tenham levado o projeto para ser analisado, a recepção teria sido bem fria por não resolver o problema principal: custos altos sem retorno em vendas.
Oficialmente, apenas Fiat-Chrysler (com Fiat, Jeep, Dodge e Ram), Ford (com a Troller), Nissan, Renault e Volkswagen confirmam sua participação no evento. Audi, Grupo Caoa (Chery, Hyundai-Caoa e Subaru), Honda, HPE Automóveis (Mitsubishi e Suzuki), Lifan, Kia, Mercedes-Benz e Porsche ainda estudam se estarão no Salão deste ano. Procuradas por Motor1.com, algumas fabricantes como Fiat-Chrysler, Ford e Nissan dizem que nada mudou e que irão no evento. A Mercedes-Benz relata que ainda discute a proposta da Reed e que precisa falar com a matriz para alinhar a estratégia sobre Salões globais.
Nos bastidores, o papo é outro e algumas marcas estão realmente revendo sua participação. A saída de grandes nomes como BMW, Chevrolet, Hyundai e Toyota aliviou a pressão para que outras estivessem no evento, principalmente em uma época que todas discutem reduções de gastos. Outras fabricantes estavam com um pé do lado de fora e só aguardavam por uma mudança no posicionamento da Reed.
Os motivos para a debandada do Salão do Automóvel são simples. O primeiro dele é o custo para participar do evento, ao somar o preço do m² no São Paulo Expo, a estrutura do estande (montagem e equipamentos), equipe para trabalhar na feira e mais. Os números levantados por Motor1.com são de valores entre R$ 4 milhões e R$ 20 milhões.
A segunda razão, ligada também à parte financeira, é o retorno por estar no evento. As empresas não podem vender carros sem envolver os concessionários, o que exigiria ainda mais pessoas dentro do estande e iria gerar um problema para escolher quais concessionárias que poderiam fazer as vendas. Também há o argumento de que as novidades mostradas perdem impacto por conta da quantidade de notícias geradas ao mesmo tempo – então não há espaço o suficiente na mídia.
Sendo assim, o único motivo seria o ganho de imagem com possíveis clientes. Só que as fabricantes argumentam que há outras maneiras de conseguir isso e gastando menos, com o investimento em eventos próprios. Um exemplo é o BMW M Power Tour, no qual a marca alemã convida clientes para guiar os esportivos em autódromos. A Mercedes-Benz faz o mesmo com o AMG Experience.
O outro lado
Em nota, a Reed Exhibitions afirma estar criando novas formas de conectar as marcas ao consumidor e oportunidades melhores de interação. Um dos pontos destacados pela organização é o incentivo às vendas de veículos aos clientes durante o evento, que era uma das grandes críticas das fabricantes.
Realizaremos investimentos sem precendentes para garantir que as marcas tenham cada vez mais retorno. Temos trabalhado em novos conceitos, projetos e ações que permitam aos expositores participarem dentro de formatos mais adequados às suas estratégias, prestigiando assim os seus fãs atuais e os próximos compradores.
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