Houve um tempo em que era muito fácil saber o que ia acontecer no mercado brasileiro de automóveis. A Volkswagen liderava, a Fiat e a Chevrolet brigavam pelo segundo lugar e a Ford fechava o "G4", com as demais marcas bem distantes das chamadas "Quatro Grandes". De uns anos para cá, porém, tudo mudou. Hoje, a Chevrolet é líder como marca, a FCA lidera como Grupo (Fiat, Chrysler e Jeep) e a Ford caiu para um antes impensável sexto lugar, atrás da Hyundai e da Toyota.
Diante desta nova realidade, o que pode acontecer nas vendas de 2017? Para saber, fizemos uma análise a partir dos modelos mais vendidos, e também com uma visão sobre os segmentos mais importantes. Vamos lá:
Chevrolet Onix - O campeão de vendas da GM começou este ano abrindo ainda mais vantagem sobre o segundo colocado, o Hyundai HB20. Um sinal de que a reestilização feita no ano passado foi acertada e a nova versão de entrada Joy (que manteve o estilo antigo, mas ganhou a mecânica nova) está funcionando muito bem. Pode perder um pouco com a chegada do Fiat X6H, substituto do Palio, mas dificilmente perderá o primeiro lugar.
Hyundai HB20 - Recém-reestruturada, a linha HB20 não deverá manter a mesma força de 2016. Agora em janeiro, ele já está com quase metade dos números do Onix. Acontece que agora a Hyundai tem um novo modelo na fábrica de Piracicaba (SP), o SUV Creta, e os esforços da marca deverão se voltar para ele. Afinal, além de ser uma novidade, ele pertence ao segmento mais "quente" atualmente e ainda tem uma margem de lucro maior que a do hatch. Ou seja, entre produzir HB20 e seus derivados ou o Creta, a Hyundai certamente vai de Creta.
VW Gol - E não é que o ex-líder voltou ao pódio agora em janeiro? O Gol deu uma bela recuperada nas vendas com a última reestilização e a adoção do motor 1.0 de 3 cilindros. A questão é que a atual geração está dando seus últimos suspiros, e precisará de descontos e promoções para seguir emplacando bem. Assim, ele deverá perder vendas até a estreia do novíssimo Gol, feito sobre a plataforma MQB A0, no fim do ano ou começo de 2018.
Ford Ka - Com a apresentação do novo Fiesta na Europa, o atual Fiesta perderá importância por aqui. E o Ka, mais barato e mais espaçoso, vai ganhar novas versões. Em breve, o hatch surgirá no modelo aventureiro Trail e, mais para a frente, com o esperado câmbio automático. Resta saber se a Ford adotará uma transmissão automática com conversor de torque, como a que estará no EcoSport 2018, ou se manterá a Powershift de dupla embreagem da linha Fiesta. Desse modo, o Ka deverá ganhar mercado, mas pode ser que a Ford "tire o pé" um pouco da sua produção para incrementar a linha do novo Eco na fábrica de Camaçari (BA), caso haja maior demanda pelo SUV reestilizado.
Toyota Corolla - Se há algum carro com vida mansa no mercado brasileiro, este é o Corolla. Mesmo sem controle de estabilidade em nenhuma versão e preços que não param de subir, o líder dos sedãs médios nem sentiu a estreia da nova geração do seu arquirrival Civic. Um Honda que, aliás, não está fazendo o sucesso esperado. Até meados de janeiro, ele nem sequer aparecia no top 20. Já o Corolla deverá ser reestilizado e ganhar mais equipamentos no segundo semestre (linha 2018), o que deverá aumentar ainda mais sua supremacia.
Renault Sandero - Pena a Renault não ter aproveitado o lançamento dos novos motores SCe para também apresentar a reestilização sofrida pelo modelo na Europa. Mas o hatch da marca francesa tem sem mantido firme no Top 10, e deverá ser ajudado pelos propulsores mais econômicos.
Toyota Etios - O Etios demorou a embalar no Brasil, mas, depois de algumas mudanças visuais e internas, ele parece ter conquistado seu espaço. Prova disso é que, desde no ano passado, ele vem galgando posições no ranking de vendas. Até meados de janeiro, ele chegou à oitava posição. E, se aproveitando do nome Toyota e da racionalidade de seu projeto, pode continuar crescendo.
Jeep Compass - O SUV médio da Jeep chegou arrebentando e, com menos de três meses de loja, já assumiu a liderança do segmento, desbancando até modelos menores como o Honda HR-V e o irmão Jeep Renegade. Até meados de janeiro, ele mantinha uma vantagem pequena, mas considerável, para o segundo colocado. Se mantiver a força, obviamente que a Jeep vai priorizar sua produção sobre o Renegade.
Honda HR-V - Vai ganhar a versão topo de linha Touring, com faróis de LED e mais equipamentos, para se sofisticar e abrir espaço para o lançamento do WR-V, aventureiro derivado do Fit. Mas, enquanto a Honda não abrir a fábrica de Itirapina (SP), pode perder espaço para os próprios modelos da casa - especialmente o WR-V, que será mais barato.
Hyundai Creta - A marca coreana vem com tudo para o segmento, prometendo vendas na casa das 3 mil unidades mensais e poderio para brigar pela liderança. Como produto, tem tudo para conquistar seu espaço entre os melhores, mas a Hyundai talvez deva ter de rever a política de equipamentos e versões do modelo. Agora no lançamento, os itens mais interessantes foram reservados todos para a versão topo de linha, o que pode espantar o cliente que for em busca dos modelos mais baratos.
Chevrolet Tracker - Chegou com preços agressivos e a inédita combinação (para a categoria) de motor turboflex com câmbio automático. Mas, além de ficar devendo o controle de estabilidade, terá suas vendas restritas pela limitação de 1.500 unidades/mês de importação do México. Não vai ameaçar os líderes, mas a intenção é marcar a presença da Chevrolet na categoria.
Nissan Kicks - Atual terceiro colocado do segmento, pode crescer com a produção na fábrica de Resende (RJ). Com isso, o modelo deverá ganhar versões mais acessíveis (incluindo câmbio manual) e deixará de sofrer com as cotas de importação do México. Mas pode ter sua posição ameaçada caso o Creta caia no gosto do público.
Ford EcoSport - Fundador e ex-líder do segmento de SUVs compactos no Brasil, o Eco virá reformulado para a linha 2018 - esperada ainda para o primeiro trimestre. Vai ganhar câmbio automático no lugar do automatizado Powershift e motores 2.0 com injeção direta (mesmo do Focus) e um inédito 1.5 de 3 cilindros da família Dragon. Também evoluirá na cabine, ganhando novos equipamentos e melhor acabamento. Deverá recuperar algum terreno nas vendas, mas ainda terá o problema do estepe na parte externa (que caiu em desuso) e do porta-malas pequeno.
Fiat X6H - Previsto para maio, o novo hatch será o Fiat mais importante dos últimos anos. Isso porque, com a missão de substituir o Palio e Punto de uma só vez, ele virá com fome de mercado. Terá versões 1.0, 1.3 e 1.8, cobrindo uma lacuna que vai dos "populares" até os "compactos premium", podendo competir tanto com o Onix quanto com o Peugeot 208. Promete amplo espaço interno e acabamento caprichado, com diversos componentes herdados da Fiat Toro. Será o carro de maior volume da marca. Talvez ainda não brigue pela liderança no primeiro ano, mas certamente vem para incomodar os mais vendidos.
Fiat X6S - Do mesmo modo que o hatch, a versão sedã do novo Fiat virá para encarar os líderes do segmento, como Chevrolet Prisma e Hyundai HB20S. Nesta missão, terá pontos importantes, como o motor 1.8 16V ligado ao câmbio automático de seis marchas, além de controle de estabilidade, sistema stop-start e direção elétrica com função City, que deixa o volante 50% mais leve - itens que também serão oferecidos no hatch.
Fotos: divulgação/arquivo Motor1.com
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