Entre as premium alemãs, a Mercedes-Benz foi a primeira a ter um SUV em seu catálogo. Não foi o GLC, mas o SUV intermediário da linha é hoje um dos nomes mais vendidos da marca e faz um papel que o Classe C fez no passado: atrair clientes e os fidelizar o suficiente para eles evoluírem depois para um Classe E e afins.
O novo Mercedes-Benz GLC 300 chegou eletrificado ao Brasil, mas não plug-in, uma das opções disponíveis no exterior. A estratégia da marca por aqui é deixar essa tecnologia a alguns dos AMG e, para os demais, ficou o híbrido-leve que até que funciona de forma bem perceptível e consegue fazer alguma diferença no consumo e nas emissões, mas não como um híbrido completo. E custa R$ 599.900, preço cobrado por PHEV dessa categoria. Vale?
O Mercedes-Benz GLC chegou ao mundo nesta segunda geração em 2022, o cupê em 2023. Primeiro, o SUV evoluiu a plataforma, da MRA para a MRA2, justamente pronta para a eletrificação na base feita para modelos com tração traseira ou integral e motor em posição longitudinal, como o Classe C para cima. É um carro mais refinado que os GLA e GLB, obviamente.
Comparado ao cupê antecessor, cresceu 33 mm no comprimento (4.764 mm), 15 mm entre os eixos (2.888 mm) e pouca alteração em largura e altura. Como o visual segue uma linha mais evolutiva que uma mudança mais complexa, há quem confunda com uma simples reestilização, mas o SUV trocou de geração, acompanhando o Classe C.
Aliás, é dessa família que vem muito do interior. O GLC Coupé não tem as duas telas integradas, mas segue o que conhecemos no sedã, com o painel de instrumentos de 12,3" e a tela central com 11,9" separados, mas ainda integrados em termos de software e uso. Não há botões físicos para controles diversos do carro, como climatização, mas botões sensíveis ao toque atuam no seletor de modos de condução e volumes e, com um leitor de impressão digital, pode criar configurações pessoais.
No GLC 300, a Mercedes-Benz optou pelo 2.0 turbo M254, um motor mais moderno que o anterior e desenvolvido para trabalhar com o sistema híbrido-leve de 48 volts, um motor/gerador ligado ao virabrequim com uma pequena bateria para alimentar o sistema em algumas situações. São 258 cv e 40,8 kgfm de torque que podem ser ajudados pelo motor elétrico de 23 cv e 20,4 kgfm em boost. O câmbio é automático com 9 marchas e sistema de tração integral de distribuição automática.
Visualmente, o Mercedes-Benz GLC 300 Coupé vem sempre com o kit assinado pela AMG, com para-choques, saias laterais e spoiler traseiro; e as rodas de 20" raiadas, uma escolha pela estética mais esportiva que combina com o estilo cupê da carroceria, ainda um dos mais charmosos do seu segmento, que conta ainda com BMW X4 e Audi Q5 Sportback.
O GLC Coupé é charmoso. A carroceria arredondada já virou uma característica dessa família, que com o caimento suave do teto, veio acompanhado de lanternas menores que as peças do antecessor. Por dentro, o acabamento usa bons materiais e faz uma boa mistura com o uso de alumínio, couro - nesta unidade em marrom - e, para os mais jovens, muitos LEDs com cores selecionáveis. Como já dito, trouxe muito do Classe C, de quem deriva.
O primeiro ponto que o GLC se destaca é a suavidade de funcionamento e de rodagem. O 2.0 turbo foi projetado para trabalhar em baixas rotações e, com a ajuda da eletrificação, não deixa tão presente aquela demora para embalar, positivo tanto pelo consumo quanto pelo conforto. Trabalha quieto e o câmbio de 9 marchas colabora com as trocas suaves, na hora certa.
A suspensão é outro ponto que, apesar de ser um carro com rodas de 20", não reclama mesmo no nosso asfalto. A direção é direta e com um bom acerto entre conforto e sensibilidade para o motorista andar mais rápido, que trabalha com o conjunto de molas e amortecedores que atendem os dois usos muito bem, considerando que não estamos em um AMG com suspensão adaptativa. É um carro bem equilibrado pelo conjunto todo, sem exageros ou faltas.
Em números, marcou 8,4 km/litro na cidade em nosso teste, mas se aproximou de 10 km/litro em diversas situações onde se aproveita dessa eletrificação que pode, além de auxiliar o motor em momentos onde é menos eficiente como as arrancadas ou retomadas, desliga o motor nas paradas de tráfego sem prejudicar o ar-condicionado, por exemplo. Na estrada, os 14,3 km/litro são colocados no câmbio de 9 marchas, que o faz trabalhar em rotação baixa.
Mesmo pesando 1.945 kg, o GLC 300 chega aos 100 km/h em 6,6 segundos e não faz feio nas retomadas. Crave o pé e ele joga toda a potência sem assustar ou fazer falta, com muita segurança, mais uma vez pelo conjunto bem equilibrado. Não é o SUV que vai te dar mais emoção, mas não vai te decepcionar principalmente no uso diário e em viagens com a família, que conta com um bom espaço traseiro e porta-malas com 545 litros.
Tem um pacote de equipamentos bem completo, com conjunto de assistentes de última geração com bom funcionamento. Cobra os R$ 599.900 por isso, que podemos questionar pelos R$ 529.990 de um Audi Q5 Sportback PHEV mais completo, mas que já trocou de geração no exterior; ou pelo BMW X4 xDrive30i com 252 cv sem nenhuma eletrificação de R$ 509.950 - por R$ 649.950, há o X4 M40i de 387 cv.
Pra quem procura conforto e equilíbrio, o Mercedes-Benz GLC 300 Coupé vai bem. Tem seu preço, como a marca aplica em seus modelos, mas não deve nada em acabamentos e equipamentos, mas só questionamos a decisão da marca de não trazer um PHEV para o cliente que quer a experiência do elétrico, mas procura a segurança da combustão em longos deslocamentos. Seria ainda mais competitivo em uma faixa que ganha cada vez mais força no mercado premium.
Mercedes-Benz GLC 300 Coupé
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