Quando uma grande empresa encomenda uma frota de centenas de veículos comerciais, costuma já ter um uso bem específico para eles. Mas para pequenas empresas e profissionais autônomos, as necessidades mudam bastante e um furgão ou van que quer se dar bem nesse segmento tem oferecer bastante flexibilidade.
Veículos comerciais derivados do furgão, mas com janelas, pode parecer sem sentido. Mas é exatamente a escolha de quem vai pegar o carro e ainda realizar uma transformação para o adaptar às necessidades de seu negócio, principalmente para o transporte de passageiros. É exatamente o caso da Fiat Scudo Multi que o Motor1.com Brasil avalia agora. É a opção "vidrada" do furgão que, neste caso, foi convertida para levar 11 pessoas. Antes de qualquer conversão, a configuração já custa R$ 213.990. É um bom negócio.
A Volkswagen Kombi foi o símbolo de carro de trabalho versátil para pequenos negócios por mais de cinco décadas, mas já faz mais de uma década que parou de ser fabricada. E não, ainda não há um carro que ofereça o mesmo que a Kombi numa faixa de preço similar. A Fiat Scudo, a Peugeot Expert e a Citroën Jumpy são o trio escalado pela Stellantis para meio que se encaixar nas funções da Kombi com muito mais tecnologia embarcada e, claro, preço elevado.
Ao menos, é bem menos sofrida que a Velha Senhora no campo dos itens de série. A Scudo Multi já traz de fábrica direção com assistência eletro-hidráulica, ar-condicionado, volante com ajuste de altura e profundidade, banco do motorista com ajuste de altura, encosto de braço para o motorista, porta-trecos no painel, sob os assentos e nas portas, computador de bordo, trio elétrico, controle de cruzeiro com limitador de velocidade, rádio com Bluetooth, monitor de pressão dos pneus e trio elétrico.
Para segurança tem pouco além do obrigatório. São itens como indicador de fadiga do motorista, duplo airbag frontal, controle de estabilidade, assistente de partida em rampa, farol de neblina e luzes de condução diurna.
A Fiat entrega a Scudo Multi apenas com as janelas e nada mais na área de carga, vem na lata mesmo. O que vem de série do ponto de vista de praticidade é a porta corrediça lateral e as duas portas traseiras com abertura de até 180 graus. O carro testado estava convertido para 11 lugares, exigindo habilitação D. A conversão era das mais simples, com forração plástica nas laterais e teto, além de assentos de tecido.
Sem os assentos, o "salão" leva 6.100 litros de seja lá o que for que você precise, enquanto sua carga útil (de novo, sem os assentos) é de 1.500 kg. Como bom veículo de trabalho, a Scudo vem com para-choques pretos e rodas de aço de 16". Os pneus têm medida 215/65 e são do tipo 8 lonas, reforçados para carga.
Apesar da vocação para trabalho, a Fiat (assim como Citroën e Peugeot) equipou a Scudo com freios a disco nas quatro rodas e suspensão independente nos quatro cantos. A mecânica é composta pelo motor 1.5 turbodiesel entregando 120 cv de potência e 30,5 kgfm de torque. A única opção de câmbio é manual de 6 marchas e a tração é sempre dianteira.
Outro aspecto importante para o trabalho são as medidas. Afinal, alguns negócios exigem que o veículo faça entregas em prédios e estacionamentos. A Scudo tem 5.309 mm de comprimento, 3.275 mm de entre-eixos, 1.920 mm de largura e 1.935 mm de altura. A Fiat oferece a Scudo com garantia de 3 anos ou 100 mil km (o que ocorrer primeiro) para as unidades equipadas com motor a combustão. As revisões são feitas a cada 20.000 km ou 12 meses, o que ocorrer primeiro. Os custos das três primeiras, cobrindo o tempo de garantia são, respectivamente, R$ 1.608, R$ 1.820 e R$ 2.536.
Sabe onde mais vejo a Fiat Scudo Multi com transformação para passageiros como a das fotos? Aqui na capital paulista pelo menos é figurinha carimbada nas equipes de manutenção de praças e áreas ajardinadas, levando os trabalhadores e seguindo um caminhão de entulho. Também é um carro comum de ser visto em uso por serviços ditos de assistência social da prefeitura, acompanhando viaturas da Guarda Civil Municipal na remoção de pessoas em situação de rua. Logo estranhei que elas desviavam o olhar ao ver a Scudo passando. Não é uma sensação muito boa.
Mas significa que a Scudo Multi tem sido a escolha de quem precisa levar uma quantidade de trabalhadores pequena demais para um ônibus e grande demais para um carro convencional. Não sai barata, ainda mais considerando que se tem um custo adicional de transformação sobre o custo do veículo. E digo isso sabendo que esse tipo de veículo comercial costuma ser vendido com pesados descontos, seja por volume ou por descontos de impostos nas vendas diretas. Ainda assim, não é um custo baixo. Como a transformação para 11 lugares é feita à parte, focarei mais no carro e não nos assentos extras.
Ao se sentar no posto de trabalho, vulgo banco do motorista, tudo ao redor é voltado à durabilidade, muitos plásticos rígidos, porém resistentes, compõem o grosso do acabamento para os três lugares dianteiros. Há muitos lugares para deixar papeis e ferramentas de trabalho, incluindo porta-trecos sob os assentos, um segundo porta-luvas no alto do painel e pequenos porta garrafas (rasos e pequenos) no alto do painel.
O mínimo que se espera de um carro que ficará na mão de um motorista profissional é que a ergonomia seja correta. Isso a Scudo entrega. É fácil achar uma posição confortável para dirigir, o banco do motorista tem bastante suporte lombar e, pode não parecer, mas o encosto de braço faz diferença ao longo de um turno de trabalho.
Porém, como sempre falo em avaliações de veículos comerciais com câmbio manual, faltou a opção de transmissão automática. A Scudo de passageiros, ou mesmo a Multi usada para entregas, tendendo percorrer pequenos trechos no trânsito. A embreagem não é das mais leves e volante exige mais força que em um carro de passeio com assistência elétrica. Para quem vai trabalhar o dia inteiro manobrando a Scudo em ruas apertadas, é um ponto de atenção.
Outra crítica vai para o rádio. Tem? Tem, mas é uma unidade Pioneer que não foi feita cara carros equipados com start-stop do motor como a Scudo. O que acontece é que, ao parar no farol, o motor desliga. Ao ligar novamente para sair, o rádio desliga e leva um tempo para voltar a tocar. É um sistema de proteção do rádio pensado para aliviar a carga na bateria na hora de dar a partida. Com o start-stop, acaba virando incômodo.
Dito isso, a Scudo oferece um desempenho com sobras. Mesmo levando 9 ocupantes e um pouco de bagagens, a van da Fiat nem sentiu a carga. Mas ainda é um motor turbo diesel pequeno. Abaixo de 1.500 rpm demora a responder e acima de 3.000 rpm começa a perder fôlego. Ou seja, tem que trabalhar bem todas as marchas do câmbio para manter o motor "aceso".
A suspensão independente em conjunto com o lastro das fileiras extras de bancos da Scudo Multi avaliada fizeram a van se comportar bem nos buracos. Nas curvas, também tem um comportamento previsível, sem sustos. O isolamento acústico também é bom, filtrando a barulheira do trânsito e não deixando entrar muitos ruídos de vento na estrada. É quase como dirigir um carro convencional, só que em posição bem mais elevada e com carroceria comprida. Outra vantagem da Multi sobre o furgão é que as janelas laterais ajudam na visibilidade em situações críticas, como manobras em marcha ré e junções de pista.
Aqui temos um caso de parabéns pelo mínimo, ainda mais considerando os valores cobrados. A Scudo Multi tem o potencial de customização e um conjunto bem acertado, porém básico. As alternativas diretas são basicamente a Scudo da Peugeot (Expert) e a da Citroën (Jumpy), com os mesmos itens de série e motorização, além de valores similares. A Fiat leva vantagem por ter uma rede de concessionários bem maior que a das francesas. E antes que você pense talvez valha a pena partir direto para uma Fiat Ducato Multi, ela sai por R$ 265.990. A Scudo Multi é que tem pra hoje, sem muitas rivais diretas. Ao menos entrega o mínimo de maneira competente.
Fiat Scudo
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