Teste: Mercedes-Benz A200 sobrevive como hatch em faixa de SUV premium
De um segmento praticamente apagado, tem suas vantagens para um público diferenciado
Você está procurando um carro novo para comprar. Entre diversas opções, entra em uma e gosta do que vê, como anda e como é equipado. Seu coração indica que é aquele, até o momento em que você olha a placa de preço no lado de fora e, na mesma concessionária, existem outras opções talvez mais interessantes com preços semelhantes. O que você faria?
Bom, foi isso que senti com o Mercedes-Benz A200. Com o segmento de hatches médios se resumindo aos premium com o fim em breve do Chevrolet Cruze, o A200 trouxe uma leve renovação visual e, a maior novidade, o motor 1.3 turbo com um sistema MHEV, ou híbrido-leve de 48 volts. Aos que querem se diferenciar entre tantos SUVs, vale os R$ 344.900?
Mudou, é? Nem percebi!
Visualmente, é preciso olhar bem para perceber que o Classe A mudou. Os faróis tem o mesmo formato, mas uma nova organização interna para o conjunto fullLEDs. O parachoque muda a parte inferior e a grade recebe pequenas estrelas para acompanhar a maior, ao centro, com uma faixa cromada. Ficou mais charmoso e discreto, assim como a traseira recebeu um novo difusor no parachoque e as lanternas em LEDs, também revistas.
Por dentro é um pouco mais claro que mudou, como o novo volante com comandos táteis, e o fim do touchpad no console central, que abriu espaço para um pequeno porta-objetos. O conjunto de telas MBUX, com 10,25" cada, teve o software revisado para um uso mais fluido e fácil, principalmente dos comandos mais utilizados. Os bancos usam microfibra com material reciclado, algo que a marca quer ampliar com o passar dos anos.
Para o Brasil, principal mudança está na mecânica. O hatch era vendido na versão A250, com motor 2.0 turbo de 224 cv e 35,7 kgfm de torque, que foi substituído pelo 1.3 turbo de 163 cv e 27,5 kgfm com um sistema híbrido-leve de 48 volts, que adiciona 13 cv em algumas situações de aceleração e retomadas, por exemplo. É composto por um motor/gerador ligado por correia ao motor 1.3 turbo e uma pequena bateria instalada no porta-malas.
Como tudo deveria ser
É bom relembrar como é um carro que é baixo, com posição de dirigir mais dinâmica e um comportamento que não é de SUV nem picape. Embalado no pacote de um hatchback, o A200 é um carro que, quem gosta de dirigir, se sentirá muito bem. Antes de entrar na questão do preço, vale aproveitar o que esse carro nos oferece.
Inegável que sua construção é de um carro premium. Mesmo fazendo parte de uma família de modelos "de entrada" da Mercedes-Benz, o A200 tem a qualidade de montagem e acabamento da marca. Todos os tecidos e texturas são bons ao toque e pouco se pode questionar sobre como o A200 é um bom carro. As duas telas em conjunto ditaram a moda que hoje está presente em tantos carros e começou nesta família. Há os LEDs personalizáveis, vindos do Classe C, com diversas configurações.
Com seus 4.428 mm de comprimento, sendo 2.729 mm entre os eixos, não é o carro mais espaçoso do mercado, principalmente no banco traseiro. O teto é baixo, assim como o carro em si com 1.440 mm, mas oferece um bom porta-malas para este porte, com 350 litros. É um carro para um casal e, no máximo, filhos pequenos que já não usem as imensas cadeiras infantis ou um carrinho no porta-malas. Essa turma já vai aos SUVs e sedãs de forma quase natural.
Por outro lado, ao volante que o A200 nos dá uma certa saudade dos hatches médios. Mesmo em uma versão normal, a suspensão é levemente firme e, com a direção elétrica, se comunica muito bem com o motorista. A escolha pelas rodas de 18" foi acertada com os pneus 225/45, um perfil ainda utilizável nos grandes centros urbanos com asfalto não tão bom. O carro reclama em algumas situações, mas ainda é aceitável. Por outro lado, é baixo e raspa o parachoque dianteiro em valetas e lombadas com bastante facilidade, exigindo costume e cuidado, assim como o vão central que, dependendo da rampa, vai pegar.
A troca do motor 2.0 turbo pelo 1.3 turbo, no dia a dia, é pouco sentida. Com o câmbio automatizado de dupla embreagem (banhada a óleo) com 7 marchas, as trocas são suaves e rápidas e o desempenho é bom, principalmente com a ajuda do pequeno motor elétrico em acelerações e retomadas, situações onde um motor a combustão mais precisa de energia e acaba gastando mais.
Este é o BSG (Belt Starter Generator), que é ligado ao motor 1.3 turbo por correia...
...e alimentado por esta bateria, instalada no porta-malas
Na cidade, o A200 registrou 9,6 km/litro. Esse número vem com a ajuda do BSG (Belt Starter Generator), que desliga o 1.3 turbo em situações como quando tiramos o pé do acelerador e o carro segue em velocidade, o chamado coasting, e em paradas em semáforos. A própria ajudinha nas acelerações é parte importante. Na estrada, os 14,5 km/litro são bons, mas como o BSG atua menos em velocidade constante, seu papel é ajudar nas ultrapassagens, por exemplo.
Nos Mercedes-Benz, é onde percebemos a maior atuação do MHEV, ou híbrido-leve. Ele usa a câmera do piloto automático adaptativo para, de forma automática, gerar energia ao reduzir a velocidade e alimentar a pequena bateria, instalada no porta-malas. Em modelos de outras marcas, é pouco perceptível a presença do sistema como nos Mercedes-Benz. Ponto para eles.
Legal, mas tem seu preço
O A200 não é um AMG, mas tem seu valor. A suspensão, mesmo não adaptativa, é boa e segura a onde se você quiser aproveitar mais os 163 cv do hatch, que acelerou de 0 a 100 km/h em 8,5 segundos. É uma potência boa para o uso diário e pode ser utilizado em viagens sem medo em ultrapassagens e retomadas - de 80 a 120 km/h, precisou de 5,3 segundos.
Mas isso custa R$ 344.900. A Mercedes-Benz está com essa nova política de preços e posicionamento - como referência, o Audi A3 Sportback parte de R$ 284.990 e o BMW 118i GP Sport, R$ 313.950. É bem equipado, com piloto automático adaptativo, alerta de colisão com frenagem automática, teto-solar, faróis em LEDs com farol-alto inteligente e outros itens, mas dentro de casa pode ter concorrência.
A não ser que queira ter um carro diferente e gostar da proposta do hatch médio, um GLA 200, com o mesmo motor, custa R$ 357.900, enquanto um GLB 200, com 7 lugares, custa R$ 386.900, mas vale lembrar que os SUVs ainda não foram reestilizados e não receberam o sistema MHEV, algo que pode acontecer este ano. Você levaria um bom hatch médio para manter o segmento vivo ou iria ao SUV por um pouco a mais?
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Mercedes-Benz A200 1.3T MHEV
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