Enquanto a Yamaha Lander segue cumprindo seu papel e a Honda XRE 300 está temporariamente indisponível nas lojas, a Royal Enfield estava usando a Himalayan para crescer em um segmento que está se tornando cada vez mais popular. Mas, enquanto as rivais mantiveram seu curso, a marca indiana registrou recorde de vendas em 2022 e não parece ter perdido o fôlego ainda.
Prova disso é o lançamento da nova Royal Enfield Scram 411 2023, mais uma opção de aventureira média no mercado brasileiro. Seu preço foi anunciado em R$ 22.490 sem frete e para todas as opções de cores. E detalhe, depois da Interceptor 650, é a segunda moto que a marca indiana está montando no Brasil. Mas o que ela entrega e como ela anda?
Apesar da base na Himalayan, a nova Scram tem algumas diferenças fundamentais. A primeira delas é a roda dianteira de 19 polegadas, contra 21 polegadas da "irmã" de plataforma. A suspensão dianteira tem 190 mm de curso, 10 mm a menos. A novidade tem ainda banco inteiriço. As duas pequenas peças nas laterais do tanque trazem as inscrições Royal Enfield e Scram 411.
No entanto, a Royal tirou alguns dos elementos visuais na comparação com a Himalayan. Há também uma nova carenagem de metal ao redor do farol redondo. O farol é montado diretamente no garfo, se movimentado junto ao guidão e não fixo, como na Himalayan. Sem grande parte das ferragens e sem o parabrisa, a Scram parece ser mais leve aos olhos e ágil. No entanto, ela perde itens como o sistema de navegação Tripper e o conta-giros.
A Royal Enfield Scram 411 2023 utiliza o mesmo motor monocilíndrico de 411 cm³. Ele é refrigerado a ar com auxílio de radiador de óleo, tem comando simples no cabeçote e é alimentado por injeção eletrônica. Assim como na moto em que se baseia, a Scram entrega 24,5 cv de potência a 6.500 rpm 3,2 kgfm de torque a 6.500 rpm. Da mesma forma, novidade segue equipada com um câmbio mecânico de 5 velocidades.
A suspensão traseira, com amortecedor único, tem 180 mm. São exatamente a mesma configuração de suspensão e os mesmos números de curso de suspensão encontrados na Himalayan atual, sem esconder sua origem. A Royal Enfield Scram 411 também recebeu o mesmo conjunto de freios da Himalayan. Na dianteira, conta com um disco de 300 mm. Na traseira, são 240 mm e o sistema de freios ABS nas duas rodas é de série. A roda traseira, também radiada, é de 17 polegadas. Os pneus têm medidas 100/90-19 na frente e 120/90-17 atrás.
O vão livre do solo da Scram é de 200 mm, contra 220 da Himalayan. A altura do assento da novidade, de 795mm, é apenas 5 mm menor que na moto em que se baseia. Entre as demais medidas, tem 2.160 mm de comprimento, 840 mm de largura, 1.165 mm de altura e 1.455 mm de entre-eixos. O tanque de combustível acomoda cerca de 15 litros de combustível e o peso em ordem de marcha declarado é de 194 kg.
Olhando, pode parecer só que a nova Royal Enfield Scram 411 2023 é uma versão mais despojada da Himalayan, feita para apelar para um público mais jovem e que vai se sentir atendido pelas 7 opções de pintura que a moto oferece por aqui. De fato, o visual da novidade quebra a sisudez da Himalayan, mas a grande dúvida é se ela consegue ser mais que uma versão da irmã com a roda pequena.
Em posição de condução, sem novidades. Guidão e pedaleiras estão nos mesmos lugares, assim como os comandos, incluindo o de lampejador de farol alto e o de acesso aos odômetros parciais A e B. O grande velocímetro redondo é o único equipamento de painel. Dentro dele estão ainda o marcador de combustível, indicador de marcha e o odômetro total.
Mas logo ao se tirar a Scram do descanso lateral já se vê que tem algo diferente. Sem as carenagens e as ferragens da Himalayan, a Scram parece muito menor nas mãos. Mas algumas coisas permaneceram. Uma delas é o freio dianteiro, pensado também para off-road, demora para responder. Para a moto, mas você usará mais curso do que imagina.
E o mesmo pode ser dito do motor. O grande monocilíndrico foi concebido na Himalayan para prover uma experiência fácil para novos condutores e também bastante controlada fora do asfalto. Com um virabrequim de grande inércia, a Scram leva seu tempo para ganhar rotação, assim como a Himalayan. No entanto, também demora a perder. Cansei de passar lombadas de terceira marcha, ou de retomar velocidade a 40 km/h de quinta sem sequer perceber qualquer reclamação do motor. A grande inércia suaviza a resposta, para o bem ou para o mal.
No entanto, a grande surpresa mesmo veio na dirigibilidade da Scram. Se você está esperando uma moto pesada nas mudanças de direção como a Himalayan, está redondamente enganado, assim como eu estava. Reduzir a roda dianteira em 2 polegadas tirou massa na frente da moto e deixou o ângulo de ação efetiva da suspensão dianteira menor.
Com menos massa e um ângulo mais para agilidade, a Scram circulou pelo caótico trânsito do Rio de Janeiro (RJ) com muita facilidade. Pensando comparativamente, o esforço para convencer a Scram a entrar e sair de corredores, ou quebrar de um lado para o outro, não foi muito maior que numa Honda Bros por exemplo.
E ainda ajudou a suavizar umas das características da Himalayan em velocidades mais altas. por conta roda grande de 21 polegadas na dianteira, fazê-la deitar de um lado para o outro em curvas demandava bastante "convencimento". Na Scram, não. A novidade ficou bem mais ágil.
Apesar de o contato ter sido de cerca de 100 km apenas, deu para ver que a Royal está certa em alguns pontos com a Scram. Às vezes pequenas mudanças fazem grandes diferenças e, como a empresa planejou desde o início, é uma moto menos sisuda e mais ágil, o que deve atrair um público mais jovem mesmo. No entanto, a marca mirou em pessoas que querem uma moto para tudo: usar a trabalho durante a semana e "viver aventuras nos finais de semana". A primeira parte eu consigo ver. A segunda eu não tenho certeza que exista, mas, se existir, estará bem atendida também.
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