Pagar mais de R$ 400 mil em um SUV baseado em uma picape ou nos SUVs compactos e médios de marcas premium? Para um público com uso específico mais fora-de-estrada ou que exige maior robustez, a arquitetura de carroceria sobre chassi ainda é a preferida e isso explica o volume deste segmento.
Mas nem por isso são SUVs sem luxo. Pelo contrário, já agregam sistemas de condução e de auxilio ao motorista e não deixam de ser símbolos de que sua vida deu certo, muito certo. O Mitsubishi Pajero Sport é o que mais oferece tecnologia entre os concorrentes e custa, nesta versão HPE-S, R$ 411.990. Ao mesmo tempo, é de uma marca reconhecida justamente por este segmento. Uma boa compra?
Quando falamos em SUVs, o nome Pajero é um dos mais fortes. Antes mesmo de virar moda, a Mitsubishi já celebrava seu sucesso com esse segmento e o Pajero criou vertentes, desde o grande Full, passando pelo Dakar e até mesmo os menores, iO e TR4. O Pajero Sport leva toda essa história bem a sério.
É um derivado da L200 Triton Sport. A carroceria está montada sobre chassi, uma arquitetura que ainda é superior em robustez e capacidade fora-de-estrada. Se diferencia da picape, além das dimensões, por ter freio traseiro a disco e suspensão com molas helicoidais, já que não precisa se preocupar tanto com capacidade de carga na caçamba e focar mais no conforto dos ocupantes e na dirigibilidade.
O visual é sua grande polêmica. Se não bastasse ser um veículo de 4.785 mm de comprimento (sendo 2.800 mm entre os eixos), 1.815 mm de largura e 1.805 mm de altura, todo esse tamanho vem acompanhado de um design bem chamativo. Sua traseira sempre dividiu as opiniões pelas lanternas em LEDs verticais, que foram suavizadas na reestilização, porém não passam despercebidas. A dianteira é até que menos polêmica, mas chama a atenção pelos faróis em duas partes e a grande grade. As largas caixas de rodas guardam rodas de 18".
Por dentro, chama a atenção com o painel de instrumentos digital configurável, mas o acabamento não se destaca. Bastante plástico rígido, que estão bem montados em um estilo sóbrio, com detalhes em prata. O volante de 4 raios tem ajustes de altura e profundidade e diversos comandos, como as câmeras 360 graus e piloto automático adaptativo. O botão de partida no lado esquerdo do volante é um charme.
Esse segmento ainda não traz tudo o que existe de assistentes de condução que conhecemos de outros. O Pajero Sport HPE-S é a versão mais completa deste SUV grande de 7 lugares e tem piloto automático adaptativo, alerta de colisão com frenagem automática, prevenção de aceleração involuntária (ou seja, se ele percebe algo na frente ou na traseira quando parado, não permite aceleração) e, com o sistema de tração 4x4, um seletor de modos (Gravel, Mud/Snow, Sand e Rock), que atuam em transmissão, respostas do motor e controles de tração e estabilidade.
Seus 2.710 kg são levados por um motor 2.4 turbodiesel, com cabeçote e bloco em alumínio e baixa taxa de compressão para trabalhar mais suave. São 190 cv e 43,9 kgfm, números que não chamam mais a atenção na era dos mais de 200 cv, mas dá o troco com o câmbio automático de 8 marchas com tração 4x4 com reduzida e a exclusiva função que permite rodar no asfalto. Completam esse pacote a tampa do porta-malas elétrica, freio de estacionamento eletrônico e o autohold e o sistema multimídia com tela de 8" com espelhamento por fios. O ar-condicionado é de duas zonas e, na traseira, tem controle de intensidade individual para a fileira.
É um carro que impressiona pelo tamanho, visual e até mesmo pelo interior com acabamento apenas ok dentro do segmento, que se aproveita do painel totalmente digital para criar um ambiente mais atual. O conforto de bancos e posição de dirigir, por exemplo, também são dignos dessa faixa de preço, permitindo viagens longas sem reclamações dos ocupantes ou aquele desejo de parada vinda do motorista depois de horas.
Fiz uma viagem curta com o Pajero Sport. São quatro ocupantes adultos, com espaço de sobra e, caso precisasse, tinha 502 litros de capacidade (isso até a altura dos bancos) e mais dois lugares, que estavam guardados no assoalho e não atrapalham o porta-malas - com eles, são 120 litros de capacidade máxima. Na estrada, uma chuva forte mostrou uma vantagem do Pajero Sport dentro do segmento.
É o único SUV com a opção de 4x4H, que permite uso no asfalto como um carro de tração integral automática. Deu mais segurança para andar mais rápido mesmo com a chuva colocando poças grandes na rodovia - quando desligado, o Pajero Sport tem tração traseira, situação que pode passar alguma insegurança em pisos mais escorregadios.
Deu para abusar um pouco mais da velocidade com o Pajero Sport e seu 4x4H. O câmbio de 8 marchas tem trocas suaves e a boa calibração conversa com o 2.4 turbodiesel, que com seus 190 cv, as vezes pede algumas reduções para ganhar fôlego. É uma das poucas reclamações que consigo fazer do Mitsubishi numa era de mais de 200 cv nesses carros pesados, principalmente se você viajar carregado ou rebocando algo - a marca declara uma capacidade de até 3.100 kg se o reboque tiver freio, ou 750 kg sem.
Essa chuva toda estava no destino, que incluía um trecho de terra batida. Essa terra batida não estava tão sociável quanto normalmente, então um SUV desse ajudou bem. Mudo a tração para o 4x4HLc, o modo mais tradicional que divide 50/50 pela caixa de transferência. Em seu habitat favorito, é como se todo aquele barro fosse asfalto, com a suspensão escondendo para si os solavancos e buracos que as rodas de 18" entravam. O torque do 2.4 ajudou, com o câmbio em um modo mais agressivo pelos ajustes dos modos de condução off-road. Tem bloqueio do diferencial traseiro e o 4x4 com reduzida, mas nem foram necessários.
Na cidade, apesar do porte grande, o Pajero Sport tem a vantagem de passar por buracos e valetas sem nem perceber, com um grande curso de suspensão. A direção hidráulica é um pouco pesada nas manobras, mas dá uma boa comunicação e esterça o suficiente para não ser um carro chato para colocar em vagas. As câmeras 360 ajudam nesse momento, mas não fazem milagre: você tem que tomar cuidado com a largura principalmente em vias mais estreitas.
A Mitsubishi fez esse 4N15 para trabalhar suave. O turbodiesel tem duplo comando com variador de fase e funciona liso e quieto. Até por isso não tem uma alta potência, com 190 cv a 3.500 rpm e 43,9 kgfm a 2.500 rpm. É um motor de baixa litragem para um diesel - vale lembrar que Hilux e S10 usam 2.8 para chegar aos 200 cv.
Chega aos 100 km/h em 12 segundos, um número que não anima se comparado aos 10 segundos de Trailblazer e SW4 quando testamos a dupla em 2021. As retomadas na faixa dos 9 segundos também não animam e exemplificam em números minha reclamação sobre levar o Pajero Sport carregado numa estrada - e no teste estava vazia. Em compensação, mais uma vez, o Pajero Sport roda bem mais confortável e suave que seus oponentes.
O 2.4 também acaba trabalhando mais para levar as mais de 2 toneladas do SUV, o que prejudicou o consumo: 8,2 km/litro na cidade, principalmente pela força necessária para tirar da imobilidade no trânsito, e 11,7 km/litro na estrada pelas reduções para manter a velocidade de cruzeiro.
Apesar disso, itens como o piloto automático deixam a condução bem confortável. Faltaram itens como alerta de saída de faixa e o alerta de ponto-cego em um carro deste tamanho, além de um sistema de som com maior qualidade, como um Bose, JBL e afins, algo que agradaria um comprador dessa faixa de preço.
No fim das contas, o Mitsubishi Pajero Sport leva a sério a história de seu nome. Bom para longas viagens, toques de luxo, boa capacidade fora-de-estrada e moderna em equipamentos para sua categoria. Falta potência diante da concorrência, mas é a mais confortável e suave desses SUVs com um público bastante específico.
Mitsubishi Pajero Sport
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