Comparativo Jeep Renegade vs. Renault Duster: Mudanças esperadas

Depois que diversos SUVs compactos, como o Volkswagen T-Cross e Chevrolet Tracker, foram apresentados com motorizações turbo, os que não ofereciam ao menos uma opção com o downsizing em seu catálogo era frequentemente cobrado. Veteranos, Jeep Renegade e Renault Duster foram os que mais "sofreram" com isso e resolvem a falha quase que ao mesmo tempo. 

Reunimos as duas versões topo de linha de cada um deles para este comparativo. Existe uma diferença de preços considerável entre elas, mas vamos focar em como eles evoluíram com os novos motores 1.3 turbo e como, mesmo após tantos anos, eles se apresentam ao mercado e onde se destacam entre si. 

Corações valentes

Se olharmos sob seus capôs, Renegade e Duster evoluem muito. No Jeep, se despede o 1.8 aspirado e entra o 1.3 turbo, chamado comercialmente de T270, com 180/185 cv e 27,5 kgfm de torque. No caso desta versão, a Trailhawk, está ligado ao câmbio automático de 9 marchas e um sistema de tração integral, que antes era do 2.0 turbodiesel. É um dos mais modernos do país, produzido em Betim (MG) e já está no Compass e Toro há quase um ano. 

No caso do Duster, a mudança é um pouco menos drástica. A Renault manteve o 1.6 aspirado na linha, ficando o 1.3 turbo desenvolvido em parceria com a Mercedes-Benz apenas na versão topo - e temos uma boa teoria pra explicar isso. Por enquanto importado da Espanha, produz 162/170 cv e os mesmos 27,5 kgfm de seu oponente aqui, ligado ao câmbio CVT que simula 8 marchas e tração apenas dianteira.

Neste ponto, não tem como afirmar que um motor é mais moderno que o outro. O da Jeep leva uma leve vantagem pelo sistema de controle de válvulas MultiAir na admissão, mais moderno que o comando variável tradicional, e até por isso desenvolve mais potência que o motor Renault/Mercedes-Benz, além da maior pressão de trabalho do turbo, 1,8 bar ante os 1,4 bar do TCe. O motor do Duster será nacionalizado e deve ganhar volume para estar em mais modelos nos próximos anos, provavelmente não apenas da empresa francesa. 

Além de números - e os números

Não há como negar que Duster e Renegade mudam muito ao trocar seus motores aspirados, que eram pouco para a proposta familiar e porte dos SUVs. No Jeep, o 1.8 era alvo antigo de críticas por sua força apenas em altas rotações, o que prejudicava o consumo principalmente em trânsito pesado. A transmissão fazia questão de trabalhar em baixas, com pouca força, para tentar economizar um pouco. 

Como na versão Trailhawk ele substituiu o 2.0 turbodiesel, o que sentimos de melhoria é as respostas em baixas e menor vibração, algo natural nessa troca de combustível. A conversa com o câmbio de 9 marchas é boa, apesar do sistema de tração integral "atrapalhar" um pouco a média de consumo. Em nosso teste, o ciclo urbano foi de 7,5 km/litro - se for como no Compass, o automático de 6 marchas e tração dianteira deverá ficar na faixa dos 8,0 km/litro, como no Duster 1.3 turbo. Veremos isso em um teste em breve. Na estrada, o Duster levou uma boa vantagem, com 9,8 km/litro, ante os 8,3 km/litro do Jeep, todos os números com etanol. 

O Duster também melhora. O 1.6, que segue em linha nas demais versões, é um motor relativamente moderno, mas que com seus 120 cv depende bastante do câmbio CVT pra movimentar o SUV, principalmente se estiver carregado. O 1.3 TCe melhora a relação de torque e o próprio CVT trabalha quieto e em baixas rotações, aproveitando os 27,5 kgfm de torque. No lugar da "gritaria" do 1.6, o silencio e boas respostas do motor turbo e uma boa conversa com o conjunto do SUV. Nas acelerações, o Renegade AWD leva a melhor pela relação de marchas e maior potência, abrindo 0,8 segundo no 0 a 100 km/h, mas andando na mesma tocada do Renault nas retomadas.

Diferenças claras

Em comum, Jeep Renegade e Renault Duster são SUVs compactos com motores 1.3 turbo, e praticamente apenas isso. Nas versões Trailhawk e Iconic, vemos ainda mais as diferenças de público que as buscam, que se cruzam em alguns aspectos, mas nem se tocam em outros. Já veteranos de loja, colecionam fãs e pessoas que estavam esperando estes novos motores. 

Nesta nova geração, o Renault Duster melhorou muito do que era. Em 2020, ele amadureceu o suficiente para ser uma ameaça ao irmão mais caro, o Captur, com muitas melhorias que surpreenderam, levemente apagadas pelo 1.6 aspirado. A suspensão é conhecida por ser robusta e trabalhar bem, o que melhorou na troca de geração. A direção elétrica tem boa calibração, apesar de um pouco artificial em velocidades mais altas, e a posição de dirigir é boa e fácil de achar, com regulagem de altura e profundidade da coluna de direção. Aos que gostam, a posição de dirigir é alta, bem característica dos SUVs. 

O Duster se destaca bastante em espaço interno. Ao lado do Jeep Renegade, são quase 11 cm a mais no comprimento e mais de 10 cm no entre-eixos, o que ajuda a acomodar 4 adultos com folga, sobrando até espaço para um quinto passageiro com um pouco de aperto, além de um porta-malas de 475 litros, que enche os olhos das famílias que irão viajar com certa frequencia. 

O Renegade já parece o carro de uma família mais jovem. Isso reflete no acabamento, mais refinado, além das tecnologias como o painel de instrumentos em tela de 7", um sistema multimídia com espelhamento sem fios, e assistentes de condução como alerta de colisão com frenagem automática. Por outro lado, não tem o mesmo espaço interno do Duster, apesar de também se destacar pela suspensão, aqui independente, mas uma melhor dirigibilidade, além da tração integral nesta versão. 

Preço ou equipamentos?

Apesar de melhor que o Captur (veja o teste individual aqui), a Renault não poderia assumir isso e deixou o Duster mais "simples" mesmo utilizando a mesma motorização. Custa R$ 135.590 e fica devendo itens como mais que 2 airbags e assistentes de condução além do alerta de ponto-cego quando olhamos a concorrência direta - sem falar em luxos como os faróis fullLED. 

Ainda assim, tem um pacote interessante como chave presencial, ar-condicionado automático, 4 câmeras, bancos em couro, sistema multimídia de 8" com espelhamento. Como referência, o Captur com alguns desses itens, o Iconic, custa R$ 155.290. Na briga com o Renegade, estaria lado a lado com a Longitude 4x2, de R$ 138.990, com pacote que perde e ganha em alguns pontos. 

Para levar o Renegade Trailhawk, o preço é de R$ 163.290, ou R$ 171.780 com o teto-solar. Obviamente que essa diferença de preço é pelo sistema de tração e equipamentos extras, principalmente de segurança como os 7 airbags, alerta de colisão e alerta de saída de faixas. Mas como falamos no começo, é um comparativo para mostrar como ambos evoluíram e qual comprador poderá ser fisgado por eles.

Em resumo, ambos ganharam pontos com os novos motores. Se quiser economizar um bom valor e ainda ter um pacote bom de equipamentos (a não ser a dívida em segurança inexplicável), o Duster será sua opção principalmente pelo espaço interno e pela boa evolução do SUV em si nesta geração. O Jeep Renegade é para quem quer a tração AWD, mais itens e um refinamento maior em construção e acabamento, mas sem tanto espaço interno. Qual seu escolhido?

Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com)

Veja também

Comparativo Honda HR-V x Toyota Corolla Cross: Pelos tradicionais

Comparativo: Sedã, SUV ou picape, qual o melhor por R$ 160 mil?

Fichas técnicas