Esqueça o Classe A, Classe C ou GLA como modelos de entrada da Mercedes-Benz em nosso mercado. Essa posição agora é do GLB 200, um SUV de 7 lugares, motor 1.3 turbo e bom pacote tecnológico com uma proposta familiar que nos ajuda a entender qual a nova estratégia da fabricante alemã - porém pode cobrar até R$ 300 mil pra isso, como nesta versão Launch Edition, que se tornou Progressive na linha 2021/2021.
Esta é a primeira geração do Mercedes-Benz GLB (X247). Não existia dentro do portfólio um modelo desse porte com 7 lugares - e na verdade, é algo único no segmento por enquanto. Tecnicamente, usa a mesma plataforma do Classe A/GLA, a MFA2, para modelos compactos com tração dianteira ou integral, e o motor 1.3 turbo desenvolvido em parceria com a Renault - e que será utilizado em versão flex no Captur a partir de julho.
O lado bom que o GLB não desaponta como modelo de entrada da Mercedes-Benz. Seu desenho remete aos SUVs maiores, como o GLE e GLS, e até mais este último pelo estilo do caimento da traseira, pensando justamente na acomodação da terceira fileira. É bem diferente do GLA, por exemplo, mesmo dividindo a plataforma, o que ajuda na hora de conquistar o consumidor que quer algo com, pelo menos, o visual de um SUV.
Por dentro, é um conjunto conhecido. Compartilha muito com os irmãos de plataforma, como o MBUX, sistema com das telas de 10" e comandos por voz que dão um toque de modernidade ao GLB. O acabamento não é o mesmo que encontramos, por exemplo, em um Classe E, mas é bom, misturando materiais suaves ao toque e plástico rígido de boa qualidade - na unidade testada, o acabamento claro destaca todo o conjunto e forma uma bela dupla com a cor azul da carroceria. Apesar da tela sensível ao toque, há comandos no console central e o seletor do câmbio, como em quase todo Mercedes-Benz, vai para a coluna de direção.
Em dimensões, o GLB 200 é maior que, por exemplo, um Jeep Compass em comprimento (4,64 m vs. 4,42 m) e entre-eixos (2,83 m vs. 2,64 m) e isso ajuda no espaço interno. A segunda fileira tem bom espaço para as pernas e vai acomodar 2 adultos numa boa, porém um ocupante central ficará mais desconfortável. Tem saídas de ar e o encosto tem regulagem de inclinação.
Para a terceira fileira, a coisa é um pouco mais desconfortável. Dê preferência aqui por crianças ou adultos em uma carona rápida. Mesmo com trilhos para deslizar a segunda fileira, não há muito espaço e, quando abertos, os bancos ficam praticamente colados na tampa traseira. Passa até uma tentativa de sensação de conforto com portas USB para recarga de smartphones. Porta-malas? Sobram apenas 130 litros, mas que vão aos bons 500 litros quando a dupla de bancos é recolhida para o assoalho do GLB.
Quando partimos para a parte técnica, o GLB 200 é o maior modelo da Mercedes-Benz a usar o motor 1.3 turbo. É o mesmo que está no GLA e, apesar da baixa cilindrada, tem 163 cv e 25,5 kgfm em uma faixa de 1.620 a 4.000 rpm e está ligado a um câmbio automatizado de dupla embreagem e 7 marchas. Pode parecer um conjunto fraco para o GLB, mas é um dos pontos mais interessantes do SUV.
Essa força em baixas rotações, como acontece em boa parte dos motores mais modernos, é o que faz a diferença no GLB 200. Mesmo trabalhando no modo mais econômico do seletor de modos de condução, ele arranca e anda em bom ritmo, sem passar a sensação de pouca força. O câmbio faz as trocas rápidas e sem trancos e trabalha mais parecido com um automático tradicional que como um dupla embreagem. Em troca, ainda oferece um bom consumo: em nossos testes, 10,2 km/l na cidade e 13,5 km/l na estrada, sempre com gasolina.
Falando em testes, o GLB 200 andou na mesma faixa de, por exemplo, o Chevrolet Tracker 1.2 turbo. Cravou o mesmo 0 a 100 km/h do SUV compacto, menor e mais leve e de 133 cv, com 9,5 segundos. Longe de ser rápido, mas faz o seu papel no uso diário.
A proposta familiar do GLB 200 é bem atendida também no conforto ao rodar. A suspensão, apesar de ser um modelo importado (do México) e as rodas de 19" desta versão, trabalha bem na hora de absorver os impactos. Apesar de um ajuste bem voltado ao conforto, a carroceria dobra dentro do esperado para um SUV, mas longe da tocada mais firme de um Audi ou BMW, por exemplo.
Em tecnologias, o GLB 200 vem com o mesmo nível que encontramos nos modelos mais caros ao menos nesta versão topo. Controle de cruzeiro adaptativo, assistente de faixa com alerta de saída, alerta de ponto-cego, tudo isso funciona muito bem e praticamente da mesma forma do sistema dos irmãos maiores - inclusive o certo exagero no assistente de faixa, por exemplo. Posição de dirigir, ergonomia, bancos, suspensão, direção...tudo como esperado de um Mercedes-Benz, mesmo sendo importado do México e o mais acessível da turma.
E é assim que a Mercedes-Benz quer trabalhar no Brasil. Com um produto completo e com o estilo da marca. O GLB se aproveita da produção no México para atenuar sua carga de impostos de importação e entrar no Brasil com o preço praticado e até mais barato que o irmão menor, o GLA, e os Classe A e A Sedan. Sobre o GLB 200, atende bem quem procura um SUV, precisa de espaço interno e tem a disposição os 7 lugares para emergências. Barato? Não, mas um bom SUV.
Fotos: Leo Fortunatti (Motor1.com Brasil)
MOTOR | dianteiro, transversal, quatro cilindros, 16 válvulas, 1.332 cm³, duplo comando variável, injeção direta, turbo, gasolina |
POTÊNCIA/TORQUE | 163 cv a 5.500 rpm/ 25,5 kgfm de 1.620 a 4.000 rpm |
TRANSMISSÃO | automatizada de dupla embreagem com 7 marchas; tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e multilink na traseira |
RODAS E PNEUS | liga-leve de 19" com pneus 235/50 R19 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e sólidos com ABS e EBD |
PESO | 1.630 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.634 mm, largura 2.020 mm, altura 1.659 mm, entre-eixos 2.829 mm; |
CAPACIDADES | tanque 52 litros; porta-malas de 130 a 500 litros |
PREÇO | R$ 264.900 (R$ 299.900 como testado) |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR (gasolina) | ||
---|---|---|
Mercedes-Benz GLB 200 | ||
Aceleração | ||
0 a 60 km/h |
4,3 s |
|
0 a 80 km/h | 6,7 s | |
0 a 100 km/h | 9,7 s | |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em D | 7,6 s | |
80 a 120 km/h em D | 7,1 s | |
Frenagem | ||
100 km/h a 0 | 37,6 m | |
80 km/h a 0 | 23,9 m | |
60 km/h a 0 | 13,3 m | |
Consumo | ||
Ciclo cidade | 10,2 km/l | |
Ciclo estrada | 13,5 km/l |
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