Vamos voltar a 2013 para acompanhar a trajetória do Peugeot 2008 em termos globais - ele chegou ao Brasil em 2015. A primeira geração (ainda vendida por aqui) se destacava estilisticamente, ficando em um meio termo entre um SUV e uma perua, como a 207 SW europeia, sem achar um lugar exato. Na Europa, começou a sofrer com a concorrência do Renault Captur, que é bem diferente do brasileiro.
Em seis anos (o novo 2008 foi apresentado em 2019), tivemos uma completa mudança no panorama do mercado. O segmento de SUVs explodiu, assim como a concorrência, e a Peugeot adotou novas regras. Para mostrar que aprendeu com seus erros, a marca criou um novo 2008 totalmente diferente. Fomos até a França para testar a versão topo de linha GT Line, equipada com o motor 1.2 PureTech de 130 cv. É o carro que devemos ter aqui a partir de 2021.
Esteticamente, ele é menos "zinho" que a geração anterior. São 14 cm a mais de comprimento e 3 cm a mais de largura, o que faz o 2008 se impor. Além disso, ele se aproxima das dimensões do 3008 e esta mudança de geração o fez subir de um SUV urbano para um SUV compacto. Visualmente, ele traz elementos do 508 e 208, como os caninos em LEDs que, querendo ou não, transmitem uma personalidade para o veículo. E para dar aparência de força de um SUV, o 2008 tem os apliques nos para-lamas em plástico, elevada distância do solo e um capô relativamente alto.
No interior, encontramos o novo i-Cockpit, com os comandos virados para o motorista. Obviamente há o pequeno volante, que desagrada a algumas pessoas, mas que é agradável para dirigir e passa bastante controle do veículo. É quase idêntico ao novo 208, com as teclas centrais que permitem acesso rápido a algumas funções e uma tela de 10" sensível ao toque. Em alguns momentos, no entanto, não são tão fáceis de usar, exigindo tirar a atenção da estrada.
Ainda falando sobre a tela central, que fica em posição elevada, ela até parece grande, mas aí percebemos que a parte operacional não é tão grande assim. Parece mais de 7" que de 10". A explicação vem pelas grandes bordas laterais dedicadas exclusivamente às funções da climatização. Na navegação, há diferentes menus, mas não existe uma tela inicial para redirecionar a algumas funções, e o toque nem sempre funciona como o esperado.
A boa notícia é que a tela para os instrumentos é a mesma com a função 3D que está no 208. É muito boa, com a priorização de informações em diferentes níveis, mas ainda é preciso buscar uma posição para dirigir na qual o volante não esconda alguma informação, já que a visualização do painel é feita cima da direção, e não por dentro do aro dela.
O espaço interno cresce em comparação com o anterior, principalmente graças a um entre-eixos 3 cm maior. O banco traseiro acomoda muito melhor, tanto cabeça quanto joelhos. No porta-malas também tivemos um belo avanço, passando de 350 para 405 litros. Ou 434 litros se aproveitarmos o espaço que há abaixo do assoalho.
Se a Peugeot tem orgulho da eletrificação com o e-2008, de autonomia anunciada de 310 km, há também os motores a combustão. Com potências de 100 a 150 cv, seja gasolina ou diesel, vamos falar sobre o principal da gama, o 1.2 Pure Tech de 130 cv.
Um motor de 3 cilindros que é discreto na partida, mas não tanto em movimento, o que percebemos durante os testes de ruídos. No entanto, cabe como uma luva no 2008, entregando 23,5 kgfm de torque já a partir das 1.750 rpm, o que permite uma retomada sem precisar reduzir as marchas no câmbio manual de 6 posições.
O conforto em geral é muito bom, com suspensões que filtram bem o que passa pela estrada, mas que deixam o carro um pouco solto quando se aumenta a velocidade e o ritmo. Mesmo que a Peugeot mantenha um pouco do seu DNA no 2008, poderia haver mais dinamismo.
Algo um pouco estranho, a Peugeot diz que o 2008 terá 4 ou 5 estrelas no EuroNCAP. De qualquer forma, é assim que a marca resolveu falar em marketing. Ninguém entra na concessionária pedindo um carro com 4 estrelas em crash-test. Na realidade, é uma questão de equipamentos: a frenagem automática com câmera mais eficiente leva a cinco estrelas, enquanto que um radar leva a quarto. Mas, seja com 4 ou 5 estrelas, o Peugeot 2008 está bem mais equipado em segurança que a primeira geração.
Entre os assistentes deste novo 2008, o mais importante é o Drive Assist Plus, que permite a condução semi-autônoma, gerenciando tanto a faixa de rodagem quanto a distância do carro da frente. Há alerta de colisão com frenagem automática, assistente de estacionamento e detector de ponto-cego.
Como todos os Peugeot deste nova geração, o 2008 é bem nascido. Esteticamente, ele tem personalidade. O interior oferece bem mais espaço que o anterior, tanto para passageiros quanto para bagagens. Ao volante, tem um bom compromisso com o motor de 130 cv. E o preço? Começa em 21.800 euros, chegando a 27.100 no topo da gama, bem equipado. É um pouco mais caro que seus concorrentes. Fará sucesso? Mais do que o antecessor, não tenha dúvidas.
Peugeot 2008 1.2 PureTech 130cv
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